Capítulo 33

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O dia discorreu normalmente. Humberto, Bela e sua mãe estavam de partida para Encosta da Serra. Agradeci a visita e aproveitei para enviar uma carta a minha tia. Bela, havia me dito que pelos comentários, tio Filemom não vinha se sentindo bem. No envelope mandei algum dinheiro para que ele pudesse se tratar, e talvez ganhar alguns dias a mais de vida. Também escrevi para Duda, explicando que não poderia comparecer em seu casamento, disse a ela que o motivo era a viagem de trem; grávida de pouco, poderia fazer mal ao bebê. Mas, na realidade, não queria mesmo era me afastar da fazenda naquela ocasião.

À tarde, Eduardo havia saído a cavalo com Rodolfo. Na sala, Eloísa e Tomaz conversavam distraídos, tentei evitar a troca de palavras com eles, mas não consegui. Ela com olhar curioso perguntou:

— Estou te achando diferente, Kaila! Vejo que está agitada, apreensiva talvez?

— É apenas impressão sua, não tenho motivos para estar assim Eloísa. — Já a certa distância me paralisei com o comentário feito por Tomaz.

— Talvez seja a gravidez? — tinha que ser ele com aquela boca enorme. Eu mantinha as esperanças de esconder esse segredo daquela mulher. A maldade impregnada nela me fazia temer, dominada pela inveja e a raiva, certamente ela não hesitaria em fazer o mal contra mim, principalmente se descobrisse que essa criança era de Eduardo.

— Como assim, grávida? Você acabou de se casar! De quem é essa criança, Kaila?

Tomaz, olhando para Eloísa, fez questão de responder.

— De quem seria? É de Rodolfo! — Eloísa estreitou os olhos duvidosos.

— Mas você acabou de se casar. Pelo que sei, não pode dizer que está grávida com tão pouco tempo?!

— Com licença — disse visivelmente agitada —, tenho muita coisa para fazer, e não tenho que dar satisfações da minha vida a você.

A cada passada meu estômago revirava, tinha medo de Eloísa e de todos que pudessem fazer mal a mim e a Eduardo.

Na parte externa da casa apoiei-me numa mesa, buscando controlar minha respiração, tomada por uma tontura repentina. A porta se abriu e Eloísa surgiu furiosa exigindo explicações. De longe, enxerguei o vulto de Eduardo e Rodolfo, eles retornavam de seus afazeres.

Senti a mão dela, segurar o meu braço com aspereza, aos gritos ela exigia uma explicação. Eloísa começou a me sacolejar, como se não fosse o bastante eu estar passando mal... Eduardo de longe vendo está cena, ficou aflito e veio correndo. Não vi quando saltou daquele animal e entrou na minha frente, tomando-me em seus braços, ameaçou Eloísa.

— Se você encostar um dedo nela, vai se arrepender.

— O que essa mulherzinha fez com você e com seu pai, em? Que encanto colocou os dois de joelhos diante dela? São dois brinquedinhos! Cansou-se da cama do filho e correu para a cama do pai, Kaila? Realmente não tem como saber quem é o pai dessa criança, não é mesmo? Não é isso que você está querendo esconder de mim? E você, Eduardo, que aceita ser um joguete nas mãos dessa coitada!

— Eloísa, essa criança terá o meu sobrenome. — Afirmou Eduardo. — Não importa quem é o pai! Você não tem nada a ver com isso.

Ela não sabia para quem olhar, ou o que falar, apenas relutava em aceitar que nasceria outra criança com sobrenome Monteiro.

Um suspiro profundo correu de seu peito, a face dela carregada de ódio me observava. Por um momento ela desviou o olhar encarando Eduardo, era como se lâminas prontas a esquartejar, saltassem a qualquer segundo em direção a ele. Lentamente Eloísa se aproximou dele, e o encarando com um sorriso de ameaça, afinou ainda mais os lábios para afirmar.

Letargia O DespertarWhere stories live. Discover now