Capítulo 26

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Ao entardecer, fiquei na varanda, esperando que eles chegassem, queria muito cumprimentá-lo, ver em seus olhos sua reação depois de tudo o que havíamos vivido na noite anterior.

Eloísa se aproximou bem desaforada, conversando demais. Inesperadamente, começou a rir, cheia de ironias.

— Que tal um vinho? Duas mulheres apaixonadas... Bebendo...! Isso não é romântico?

— Isso é vergonhoso, Eloísa. Você, sendo uma mulher, não pode beber. Sabe muito bem disso. Eduardo vai se irritar ao ver você nessa situação.

— Ele não me deixa aproveitar a vida e ser feliz... Mal-humorado, isso é o que ele é, um mal-amado. Hoje estou tão feliz... Estou comemorando!

— O que está comemorando? — tomei o copo da mão dela e dei um gole.

— É segredo, logo vou contar a todos. Vou ser muito rica! Quando ele souber, vai fazer o que eu quiser, tudo o que eu quiser, inclusive, mandar você embora. — Devolvi o corpo irritada.

— Por que está me ofendendo, Eloísa? Você não pode falar comigo assim! Ainda te respeito...

— Respeito? Você não pode falar de respeito, sua estúpida... Acha que não sei que está dando em cima dele porque sabe que ele é filho do Sr. Rodolfo? Vejo como olha para ele e ele como um bobo está acreditando em você, sua manipuladora.

Me aproximei no mesmo instante e fui tirar satisfações com aquela mulher. Ela não podia me tratar daquela maneira.

— E você não está com ele por saber que é filho de Rodolfo? Diga que não sonha em ver Eduardo contar tudo e se tornar o filho do fazendeiro mais rico de Belo Horizonte? Por um acaso você não se deitou com o Roney? Pelo que vejo, a manipuladora não sou eu!

Aquelas palavras a feriram profundamente. Eloísa, alterada pelo álcool, encorajou-se ainda mais. Possessa de raiva, ela com vagar derramou a bebida no copo, sorriu pensativa e com força, lançou todo liquido do meu rosto. Cheguei a perder a respiração com o susto, minha blusa ficou completamente molhada. Quando olhei para ela e vi em seu rosto um largo sorriso, fiquei fora de controle. Isso foi muita petulância da parte dela, dei-lhe um tapa tão certeiro e com tanta força, que ela desequilibrou. O estalar do tapa e o ardor na minha mão me foram suficientes para assegurar que aquilo havia doído. Eloísa deu um grito e me chamou de vaca.

Eduardo chegou no exato momento em que estávamos paralisadas, olhando uma para a outra. Ela, indignada, se pronunciou primeiro enquanto se colocava de pé:

— Veja só quem chegou, Kaila, meu noivo! Você sabe o que é isso? Sua bandida! — Eduardo não entendeu o que acontecia e logo pediu explicações. Eloísa continuou com suas ofensas. — Essa mulherzinha, que está se jogando para cima de você! Acha mesmo que não vi o que ela está fazendo com você, meu amor? Ela está tentando roubar você de mim. Mas não vou permitir, ainda mais uma... prostituta.

— Eloísa, você está bêbada? Você bebeu?! — perguntou ele.

— Estou comemorando, é diferente! E essa vadia veio me atrapalhar...

Inesperadamente, fui cuspida na cara. Aquela atitude de Eloísa me deixou totalmente sem domínio próprio, não havia o certo ou errado. Voei no pescoço dela, queria mostrar a ela que não deveria mexer com uma pessoa quieta; Eduardo me segurou pela cintura, me deixando suspensa.

Apesar dos meus vários gritos pedindo que me soltasse, ele com muita tranquilidade, sussurrou em meu ouvido um pedido de calma. Seus braços se acomodaram em meu corpo, e suas mãos lhe serviram como trava.

Letargia O DespertarWhere stories live. Discover now