Capítulo 25

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Ao sair do quarto com Rodolfo, Eloísa ficou sem saber como havia me recuperado tão rápido. Eduardo brincava com sua adaga, sentado no banco de fora da casa; ele a fincava no banco de madeira e depois a retirava lentamente. Um de seus homens acompanhou o Sr. Rodolfo. Meu coração ficou ferido por estar fazendo aquilo, mas era necessário. Precisava esgotar todas as possibilidades.

— Pode me contar o que aconteceu? Vi você chorando na janela.

— Não consegui mentir para Rodolfo. Ele sabe que estou disposta a qualquer coisa para ver você se afastar de Eloísa. — Descruzei os braços e, virando o rosto, entrei para a casa-grande.

Eduardo ficou me olhando sem compreender tudo o que eu acabara de dizer. Demorou pouco tempo, ele entrou atrás de mim na cozinha, ansioso por respostas e, cheio de dúvidas, segurou meu braço:

— O Sr. Rodolfo não queria deixá-la aqui comigo por quê? — Eloísa poderia entrar a qualquer hora, por isso, o afastei.

— Solte-me, não gosto que segure o meu braço! — ele abriu a mão me encarando, e com relativa calma se mostrou curioso. Só não sabia se ele estaria preparado para minha resposta.

— Kaila, por que o Sr. Rodolfo foi tão frio comigo quando se despediu? O que você disse a ele?

— Que eu te amo! E duvido que você não saiba disso, Eduardo Monteiro!

Eloísa entrou e perguntou se precisava de ajuda. Obviamente aceitei. Ele ficou atônito, apoiando suas mãos na cadeira, olhando fixamente para o seu anel de compromisso.

Entrei para buscar uma jarra e, quando voltei, já não o vi. Eloísa observou que algo havia acontecido, seus olhos de dúvidas mostravam isso.

— Por que Eduardo saiu assim? Não entendo, o que está acontecendo com ele ultimamente...

Fiquei em silêncio, ciente de que não poderia falar nada a respeito. Como dizer que estou tentando conquistar quem ela achava que seria seu futuro marido? Como ela não teve minha resposta, procurou outros afazeres e em seu rosto vi claramente que não queria perder Eduardo.

No jantar, sentamo-nos todos juntos e Eduardo evitava me olhar. A comida parecia não querer descer. Ele voava em pensamentos e às vezes se perdia, não sabendo responder as perguntas de sua noiva. Por mais que tentasse prestar atenção no que ela dizia, em minha mente, minha própria voz conversava comigo, implorando para que resolvesse logo toda aquela situação. Apesar de ser atormentada por uma cobrança, a resposta, era como um sonho distante.

Olhando por entre o arranjo de flores sobre a mesa, meus olhos se perdiam naquele rosto moreno. Não tinha fome, o melhor foi me levantar e deixar os dois a sós. No meu quarto, olhando pela janela e me refrescando, vi quando Eduardo saiu a cavalo. Aquela era mais uma das noites que ele não dormiria na fazenda. Inevitavelmente sorri, desejando-o comigo naquele momento.

[...]

Era cedo, o galo cantava e alguns gansos começaram a fazer muito barulho, mais do que o normal, por isso, saí para ver o que acontecia. O sol ainda se escondia no horizonte, mas nuvens ao longe refletiam seus raios cheios de vida. O chão, molhado da chuva que havia caído durante a madrugada tentava enganar o dia, dando parecença de que seria mais frio. Aquela fazenda era linda! Eduardo, com a ajuda de Carlos, guiava um cavalo arisco, ambos conversavam alheios a tudo.

— Eduardo, espere! Preciso falar com você! — Levantei a barra de meu vestido e corri para perto dele.

Ele parou e esperou que me aproximasse, enquanto acariciava o animal e provavelmente dava suas ordens a Carlos. Ao me aproximar, Carlos se retirou.

Letargia O DespertarWhere stories live. Discover now