Eu tenho um pintão

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Camila

Eu curtia o melhor sonho da minha vida. 

Sabe aqueles sonhos eróticos molhados em que a pessoa está transando gostoso, e quando vai gozar, acorda lentamente no meio do orgasmo e fica sem saber se teve realmente um orgasmo ou se foi só um sonho, mas quer que a coisa continue? 

Eu estava aconchegada quentinha sob as cobertas e enfiei os dedos lá embaixo, entre as pernas, para começar tudo de novo ou mesmo curtir o finalzinho do que estava acabando. 

No instante em que meus dedos penetraram a calcinha, abri os olhos e gritei.

– PUTA MERDA!

Meu filho estava ao lado da cama, completamente imóvel, me olhando fixamente. Tô falando sério: o moleque estava a cinco centímetros da minha cara, me observando com olhos sem expressão, como os das gêmeas sinistras do filme O iluminado. Esperei que ele começasse a dizer: "Venha brincar conosco", com aquelas vozes duplas, esquisitaças e uníssonas de gêmeos, enquanto eu tentava não ter um infarto.

– Gavin, fala sério! Você não pode ficar aí parado olhando para a mamãe. É estranho – resmunguei, colocando a mão esquerda na cabeça latejante e tentando acalmar a taquicardia.

Meu doce Jesus, quem será que me deu um chute na cabeça e botou detergente na minha boca ontem à noite?

– Você disse palavrão, mamãe – informou ele, subindo na cama e se aboletando sobre minha barriga, com uma perna de cada lado. 

Minha mão direita se juntou à primeira, tentando segurar a cabeça no lugar, e apertei o crânio com força, receando que meu cérebro fosse explodir a qualquer momento e emporcalhar o quarto inteiro.

– Sim, a mamãe fala palavrão. Às vezes, todas as mamães do mundo falam palavrão. Só que você nunca deve repetir, estamos combinados?

Ele começou a montar no meu estômago como se cavalgasse uma daquelas bolas pula-pula grandes e idiotas, com alças dos lados.

– Gavin, por favor! Mamãe não está se sentindo bem – reclamei, quase implorando.

Ele parou de pular, inclinou-se para a frente e esparramou o corpo em cima da minha barriga, colando o rostinho no meu.

– Você quer que eu bata nos seus amigos, mamãe? – sussurrou Gavin, num tom conspiratório.

Tirei as mãos da cabeça e abri os olhos para encará-lo.

– Do que você está falando, Gav?

Ele ergueu os braços e colocou os cotovelos no meu peito, apoiando o queixo nas mãos.

– Seus amigos, mamãe. Os que enjoaram você – explicou, com um tom de voz que significava "Dãã...".

Envolvi seu corpinho, balancei a cabeça e insisti:

– Não faço ideia do que você está falando, filhote.

Ele soltou um suspiro de irritação. Pobre criança. Condenada a aturar uma mãe burra.

– Papa me contou que seus amigos Johnny, Jack e Jose deixaram você mal e enjoada. Amigos não deveriam fazer essas coisas, mamãe. Se Luke me deixasse enjoado eu daria um chute no saco dele!

– Gavin! Qual é, você não pode falar uma coisa dessas! – ralhei.

– Tudo bem – bufou o pobre coitado. – Então eu só esmagaria o saco dele. 

Meu Jesus Cristo com baunilha! Existia um motivo para alguns animais selvagens devorarem os filhotes, afinal de contas.

– Não use mais a palavra "saco" – pedi, com um suspiro, rolando de lado e fazendo-o sair da minha barriga e cair sobre o colchão, em meio a gargalhadas.

MALICEOnde histórias criam vida. Descubra agora