Capitão Narcolepsia

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Shawn

– Quer dizer então que nossa pequena Camila faturou um serviço quase completo, com direito a roçada de cobra cega na bacurinha e balé de dedo nervoso no capô de fusca? – berrou Drew, mantendo a voz mais alta que o barulho das máquinas da linha de montagem.

– Quer saber? Estou profundamente arrependido de ter te contado o que aconteceu ontem à noite – berrei de volta.

Ergui a mão para pegar a furadeira hidráulica que pendia do teto e a puxei para prender a porta do carro ao corpo do veículo. Tinha três minutos para fazer isso, antes do carro seguinte vir pela esteira. Aturar Drew agindo como um babaca insensível ia fazer com que eu me atrapalhasse todo e forçasse a produção a atrasar alguns minutos.

Isso e o fato de eu não conseguir parar de pensar no que acontecera entre a gente no depósito do bar, na véspera. Minha nossa, ela estava mais linda ainda na hora em que gozou. E os gemidinhos... Porra, só de pensar naquilo já fazia Mendes Júnior bater continência e começar a implorar por mais. Tomara que ela não achasse que as coisas estavam indo depressa demais entre nós, porque eu realmente queria repetir nosso esfrega-esfrega. E nem me importava por ficar sem gozar. Vê-la alcançar o clímax e se dissolver nas minhas mãos já era satisfação suficiente para mim.

– Cara, você sabe que seus segredos estão completamente a salvo comigo. Eu jamais espalharia que você penetrou a pequena área e quase fez um golaço entrando com bola e tudo ontem à noite, nem que o Chewbacca não mora na calcinha dela. Fico feliz, porque agora eu não preciso mais me preocupar com você.

Desliguei a furadeira e olhei por cima da peça para Drew, que prendia a maçaneta.

– Por que você ficou preocupado comigo?

– Ah, qual é? Você estava a um passo de cobrir o pau com ganache de chocolate para tentar pagar um autoboquete.

– Você disse "ganache"?

– Pois é. – Drew deu de ombros. – Jenny me obriga a assistir ao canal de culinária na tevê a cabo o tempo todo. Desde que começou a desenvolver os folhetos para Camila, enfiou na cabeça que vai aprender a cozinhar. Passou mais de vinte minutos um dia desses procurando na internet uma porra de uma receita maluca para cobertura de bolo feita de açúcar de punheteiro.

Soltei uma gargalhada sem querer e voltei a trabalhar no carro.

– Você mandou que ela procurasse na farmácia, ao lado do K-Y e entre os remédios para controle da ereção? Deveria avisá-la sobre os perigos desse tipo de açúcar no sangue. – Eu ri.

Não, eu não iria insistir na zoação.

– E aí... você e Jenny vão à casa da Camila hoje à noite? – perguntei, para mudar de assunto.

Camila comprou a ideia de me deixar ver Gavin, mas achou melhor começar o projeto com um grupo, e convidou todo mundo para jantar lá.

– Não perderia isso por nada nesse mundo. Vou até estrear uma camiseta nova para a ocasião – avisou Drew, com um sorriso.

*

Às seis da tarde em ponto bati na porta de Camila. Ouvi passinhos miúdos vindo pelo chão e subitamente a porta se escancarou.

Baixei os olhos, vi meu rapazinho parado à minha frente, e não pude deixar de sorrir. Minha nossa, ele parecia demais com Camila, mas os olhos... uau, eles eram exatamente iguais aos meus.

– Qual é a boa, Gavin? – cumprimentei, pegando o presente embrulhado que estava escondido atrás das costas e entregando-o a ele. – Trouxe isso pra você.

MALICEOnde histórias criam vida. Descubra agora