Shawn
Por horas e horas eu apreciei a bunda de Camila... bem, isto é... apreciei o trabalho de Camila e troquei algumas palavras com ela sempre que tive oportunidade.
Também me tornei um orgulhoso membro da Equipe P.O.R.N.O. quando consegui lançar uma bolinha de pingue-pongue que bateu na cabeça de T.J., ricocheteou e entrou pelo decote, parando bem no meio dos peitos de Camila. Ouvi rumores sobre me elegerem capitão da equipe depois dessa jogada.
Camila confirmou que eu realmente sabia como usar minhas bolas e comecei e me perguntar se era alguma tara eu ficar excitado sempre que ela pronunciava a palavra "bolas".
O que seria necessário para que ela dissesse "pau"?
T.J. passou diante de mim nesse momento, desfazendo o laço do avental para guardá-lo debaixo do balcão. Eu provavelmente devia estar com ciúmes por ele ser um cara pintoso e estar o tempo todo tão perto de Camila, mas vê-los interagindo só me fazia rir. Eram como irmãos, pelo jeito como se zoavam, empurravam um ao outro, se xingavam o tempo todo e tagarelavam alegremente com qualquer um que se metesse na conversa. Como resultado disso, decidi que gostava de T.J. e não teria que matar o sujeito.
– Ei, T.J., eu queria te pedir um favor. Consiga que Camila pronuncie a palavra "pau" e eu lhe darei vinte pratas.
– Combinado! – aceitou ele, na mesma hora, se afastando de mim.
Todos os clientes já tinham partido. Camila colocou o cartaz de "fechado" na porta e vinha na direção do balcão.
– Ei, Mila, você se lembra daquele cara que veio aqui faz alguns meses, deu um tapa na sua bunda e perguntou: Camila que eu te chupe? Lembra do que você disse pra ele?
– Chupador de pau – replicou ela, distraída, indo para o bar e começando a organizar as garrafas.
Com um sorriso bobo e um ar sonhador, deslizei uma nota de vinte para T.J. quando ele passou. Aquela ia ser uma bela amizade. Se ele conseguisse que ela dissesse: "Me foda com mais força, Shawn", talvez eu lhe comprasse um pônei de presente.
T.J. se despediu e foi embora, enquanto Camila acabava de fazer a limpeza. Depois de alguns minutos, deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado, num dos braços altos.
– Tá com uma carinha de exausta... – falei quando ela pousou o queixo na mão e soltou um longo suspiro.
– Esse é o seu jeito simpático de dizer que minha aparência está uma merda? – zoou ela.
– Claro que não. Se você estivesse com uma aparência de merda eu te diria, numa boa. Também te avisaria se o jeans que você está usando fizesse sua bunda parecer maior, se alguma comida que você prepara tivesse gosto de algo que saiu do fundo do meu tênis, ou se alguma piada que você conta não tivesse a mínima graça.
– Puxa, quanta gentileza a sua – reagiu ela, com uma risada.
– Prazer, Shawn Mendes.
Ficamos sentados ali por vários minutos, só olhando um para o outro. Nada daquilo me parecia real, até o momento. Eu mal podia acreditar que ela estava sentada bem ali, na minha frente. Não dava para crer que continuava tão altiva, divertida e linda como nas minhas recordações, e eu não conseguia acreditar que Camila tinha um... meu filho.
– Você, tipo assim, me surpreende, sabia? – afirmei, por fim, quebrando o silêncio.
Percebi o rubor que iluminou suas bochechas quando ela desviou os olhos, e seu olhar grudou num guardanapo que ela começou a picotar.