O Primeiro Natal

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Natal de 2013

Nunca me senti mais apreensiva do que naquele natal, enfim tinha conseguido terminar o ensino médio e podia comemorar feliz planejando meu futuro, bom isso se eu soubesse qual faculdade deveria fazer mas ainda havia um longo caminho para percorrer. Como tirar uma boa nota no Enem

- Clarinha! Você cresceu!

Me virei para encarar tia Marta, ela era colega do meu pai no jornal, ah por sinal meu nome é Maria Clara e odeio ser chamada de Clarinha

- Oi tia Marta, adorei seu vestido amarelo. - Na verdade odeio amarelo mas era a festa de natal do jornal que meu pai trabalhava a anos, foi uma sorte ele deixar eu vim para uma festa de adultos e não queria ser grossa com ninguém.

- Cadê seu pai, Clarinha? - Marta é uma daquelas mulheres incrivelmente altas que me faz erguer a cabeça para olhar a mesma, principalmente naqueles saltos altos e seus longos cabelos ruivos de farmácia, ela usava tanto botox que minha mãe achava que ela um dia iria acabar ficando paralisada igual no zorra total.

- Ele foi atender uma ligação da mamãe.

- Ah! Pobrezinho, fiquei tão triste pelo divórcio. - Forcei meu melhor sorriso e pedi licença a ela, andando pelo jornal até encontrar uma porta e entrar para me afundar em uma poltrona.

Mas que vaca! Tia Marta podia me conhecer desde bebê mas ainda não tinha o direito de agir daquela forma falando sobre o divórcio dos meus pais. Jorge e Patrícia eram um daqueles casais que infelizmente engravidaram na adolescência e acabaram ss casando, por uma sorte os dois conseguiram criar suas carreiras mesmo tendo um filho para criar, meu irmão mais velho Miguel, dois anos após ele nascer veio eu.

Esse ano um pouco depois das férias de julho minha mãe pediu divórcio para seguir seu sonho de trabalhar nos Estados Unidos, meu irmão Miguel estava no intercâmbio na Argentina e eu estava aqui com meu pai.

- Por que a vida é tão injusta? - Acabo por falar sozinha com as mãos no rosto.

- Eu digo o mesmo. - Uma voz grave me faz pular da poltrona igual um gato e me viro não enxergando ninguém.

Apoio as mãos na mesa de metal da sala e inclino sobre ela encontrando um homem deitado no chão com um braço embaixo da cabeça. Não era algo que se via todo dia, ele era bem grande que podia ver os botões da sua camisa social branca lutando para manter ela fechada, o maxilar dele era quadrado e seus olhos! Meu Deus que olhos eram aqueles? Um azul límpido que naquela iluminação fraca vinda do abajur na mesa fazia ele parecer um Deus grego deitado no chão como um presente do papai noel para mim.

- É...é que...então.. - Fiquei paralisada sem conseguir falar nada, o homem se levantou e me senti Davi conhecendo Golias pela primeira vez.

- Você está bem? Parece que vai desmaiar. - O estranho franziu o cenho e um "v" Se formou entre suas sobrancelhas. Não dava para dizer nada, eu estava paralisada vendo o homem mais lindo do mundo. - Tudo bem, você definitivamente esta passando mal. - Ele deduziu.

Quando vi o mesmo estava pondo suas mãos em meus ombros me obrigando a sentar na poltrona novamente, notei como ele tinha mãos enormes e colocou uma delas em meu rosto e eu soltei um suspiro baixinho, eu posso ser virgem mas já sabia que uma mão daquelas significava um estrago daqueles.

Recuperei o juízo balançando a cabeça. - Eu to bem, desculpa incomodar não sabia que já tinha gente por aqui. Eu só queria ficar sozinha.

- Eu também, mas pelo visto o universo tem outros planos. - Por que ele sorriu? POR QUE MEU DEUS? O sorriso dele fez meu coração bater forte, parar e então voltar a toda velocidade e o sangue subiu em minhas bochechas naturalmente bronzeadas.

- Pois é, que engraçado. É melhor eu deixar você sozinho. - Mordi o lábio inferior nervosa.

- Nossa! Faz isso de novo. - Sua voz era grave com um leve sotaque que precisei apertar as coxas.

- Fazer o que? - A duvida estampada em meu olhar.

- Morder o lábio, nunca vi alguém fazer isso e conseguir ser tão sexy. - Deus me leva! Pode levar! Podia literalmente sentir minha alma do corpo com aquele comentário. O homem estava abaixado a minha frente com um joelho no chão e me olhando com aqueles olhos azuis límpidos.

Pisquei meus olhos confusa e nervosa e acabei fazendo o que ele pedia, o mesmo colocou as mãos em meu rosto novamente só que desta vez ele olhava diretamente pros meus lábios e se inclinou de uma forma que eu podia sentir o chão escapulindo dos meus pés e quando seus lábios macios encontraram os meus eu podia afirmar que Deus existe, fadas são reais e eu estava flutuando pela galáxia.

Como era aquela música mesmo, do Sandy e Junior?

Você no meu lugar faria exatamente igual, o que é imortal não morre no final

Eu me sentia exatamente assim. Imortal naquele momento.

O Chefe do meu pai (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora