Um Cachorro na minha vida

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Já levou um choque? É uma sensação bastante estranha, você sente a corrente elétrica percorrendo seu corpo como um formigamento que dói por dentro.
É pior que uma queimadura.
Mas o pior mesmo é sentir isso quando você está no prédio aonde seu pai trabalhar sabendo que pode esbarrar na única pessoa que fez sua vida ter um pouco de cor.

Após aquele beijo misterioso e arrebatador, passei os anos seguintes tentando encontrar ele, não podia falar com meu pai, mas não consegui achar aquele homem afinal nem o nome dele eu sabia.
Passava os dias sonhando em esbarrar com ele em um cafeteria tipo a Starbucks após fazer um coque frouxo e comer apenas uma maçã verde.
Mas infelizmente nada dele novamente.
Acabei cedendo a alguns relacionamentos mas não sentia aquele fervor do beijo, os lábios dos garotos nunca se comparam ao dele, o seu olhar ardente como chamas azuis penetrando minha alma.

Sabia que algo desse tipo não se encontra todo dia na vida. Estava obcecada em encontrar ele, mas a cada derrota eu fui me esquecendo aos poucos e deixando a situação seguir seu rumo.
E ali estava ele, nesse exato momento abrindo uma porta e saindo dela usando um terno que provavelmente custaria meu rim, qual a marca mesmo? Armani.

Ele andou na minha direção.

Ele me viu? Acho que não, eu estava usando um vestido azul com a sais em formato tulipa, o comprimento já até os joelhos, saltos baixo e o cabelo preso em um rabo de cavalo.
Henry passou por mim sem nem ao menos dirigir um olhar, ele nem piscou, simplesmente passou reto.

Acho que meu coração caiu.

Acorda, Clara! Ele não te viu, provavelmente.

- Clara! - Ótimo! Me viro sorrindo para meu pai, ele me leva em direção a sua sala aonde se arrumava antes das gravações, ele tinha um pouco de base no rosto. - Que bom que você veio, achei que não viria após o natal.

- Não ia abandonar o senhor, vou cuidar muito bem dele.

- Obrigado querida, sua mãe não pode saber até o dia da festa.

- Sim, senhor. - A festa que ele se referia era o aniversário de mamãe, seria naquele mês e para surpresa dela ele tinha conseguido um cachorro. Um lindo Goldenretrivier e queria que eu esconde-se em meu apartamento até o dia.

O bom que faltava o que? 3 semanas.

O cãozinho ainda era filhote e estava dentro de uma caixa de viagem, ergui ela vendo o mesmo adormecido, ele era um pouco pesadinho mas não era grande coisa.

- Vou cuidar bem de você, mocinho. - Voltei atenção ao meu pai. - Qual o nome?

- Espero que sua mãe escolha. - Meu pai deu de ombros.

- Então chamarei ele de Cão.

Despedi dele e fui para casa com o cachorrinho, ele era fofinho e ficou dormindo até a hora que entrei em meu pequeno apartamento, Moro em um prédio residencial de 6 andares, residindo no apartamento 502, o nome que contém elevador e não preciso sofrer subindo.
O ruim? O vizinho de cima que adora confusão. Era péssimo em dias que preciso dormir cedo.

Ponho o cãozinho no chão no Hall de entrada, tiro minhas chaves e a bolsa e então abria a portinhola que estava o prendendo, ele ergue a cabeça e sai farejando o lugar. Já tinha preparado tudo, como meu apartamento tinha uma lavanderia seria para ele fazer suas necessidades, a cama na sala e a comida na cozinha.
O cão era pequeno e gordinho, pego ele no colo e vou apresentando a residência ao mesmo.

- Esta é a cozinha, por favor não derrube a lata de lixo, sua comida e água estão aqui. - Apresento a ele o banheiro, a lavanderia e depois meu quarto e o meu pequeno escritório.

Era o segundo quarto mas fiz questão de por várias prateleiras com livros e uma mesa para estudar e trabalhar.

- Pronto. Já está familiarizado. É temporário, mas vai achar bem legal.
- Sua única resposta foi me lamber e tentar sair do meu colo, acabando me dando um ótimo presente, mijo no saltos. - AH! Obrigada! Na próxima mijo em você também.

O Chefe do meu pai (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora