Panquecas e Bolo

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Prendia meu cabelo em um coque e ia lavar minhas mãos, Henry estava pondo o avental na cintura e já indo por a mão na massa, cozinhar juntos como um casal não é algo perfeito como os filmes e séries tentam mostrar a gente.
Mas era divertido.

No início Henry ficava me provocando, passando por trás de mim e roçando na minha bunda, as vezes jogando um pouco de farinha na minha cara e eu devolvia a farinha na cara dele.
Mas em outros momentos a gente discutiu. Sim. Nem tudo é perfeito.

- Não! Não faça isso vai estragar. - Reclamo vendo ele querer por mais farinha na massa e ele obviamente reclama de volta.

- Eu sei como cozinhar, Clara. Não precisa me ensinar. - Diz de forma bruta, eu mostro a língua a ele porque não tenho capacidade mental para tentar um diálogo como dois adultos, volto pras minhas panquecas.

Alguns minutos depois ele me vem dizendo pra por mais sal no recheio e eu me volto a ele.

- Não tanta me ensinar a cozinhar. - Devolvia a ele, ficamos por um tempo com essa animosidade e então ele suspira e me abraça por trás. - O que foi? - Digo bruta.

- Desculpa, não quero brigar. - Henry me beija no pescoço e como a cadela que eu sou, derreto nos braços dele, me viro sorrindo e lhe dando uma bitoca em sua boca.

Henry põem uma música mais animada para tocar e me puxa pela cintura, ele toma minha mão na dele e começa a valsar comigo pela cozinha, tento acompanhar ele sem tropeçar e rindo.

- Não sabia que dançava.

- Tenho muitos segredos, Clara.

Tenho certeza que tem.
Continuamos dançando juntos, com ele me rodopiando e depois ficando agarradinhos, me sinto tão em paz nos braços dele, eu queria tanto que isso de certo, de verdade. Não quero perder ele, não quero que as coisas piorem como meus pais, quando percebo estou chorando nos braços dele, Henry se afasta pondo uma mão em meu rosto e pergunta o que foi, respondo que não é nada e peço para ele me abraçar mais forte.

Ficamos abraçados bem forte até que ele me lembra do nosso jantar, me recompondo vou com ele ajeitar tudo, tiro as panquecas recheadas do forno, o cheiro maravilhoso, ponho um molho por cima delas, vejo o Henry indo decorar o bolo e me lembro de ter visto ele postando foto de bolo no Instagram um mês atrás.

- Você sempre faz bolo? Vi no seu Instagram uma foto. - Comento.

- Não, só em momentos especiais, aquele dia era meu aniversário. - Rita! Era aniversário dele? Ele fez aniversário e eu não sabia, fecho os olhos em tamanha vergonha.

- Quantos anos?

- 31. - Ele respondeu tranquilamente, eu peguei uma das panquecas, pondo em um prato e usei um garfo e faca para cortar um pedaço e me virei a ele.

- Abre a boca. - Ordenei e ele o fez, lhe dou aquele pedaço na boca. - Feliz aniversário atrasado. - Beijo o canto do seu maxilar o vendo ficar rosado. - Você é tipo uns 10 anos mais velho que eu.

- 7 na verdade, você faz aniversário em setembro né. - Agora tô me sentindo pior, ele sabia o mês do meu aniversário, concordo com a cabeça e entrego o prato pra ele e me sirvo com outro, indo para a mesa de jantar enquanto ele leva o bolo a geladeira.

- Me desculpe por ter esquecido seu aniversário.

-A gente tava separado, não tem problema. - Tento manter isso em mente.

Ele se senta na mesa, de frente para mim e não na ponta. Eu provo da panqueca e nossa estava boa mesmo.

- Hmmm isso realmente tá bom, nossa tô faminta.

- Guarda essa fome para mais tarde. - Olho para ele o vendo sorrindo para mim e desvio o olhar com um sorriso besta no rosto, sim tô pensando putaria mas quase certeza que do jeito que tô vou adormecer depois do bolo.

- Me fala sobre a sua família, seus pais e irmãos. - Depois do que ele disse sobre o irmão na marinha, eu fiquei curiosa para saber mais sobre a sua vida.

Henry Cavill começa então a me contar, ele fala sobre como era gordinho na infância e sofria bullyng, mas na puberdade ele emagreceu do nada e que seu pai diz que ele não emagreceu e só dobrou de tamanho mantendo o mesmo peso. Eu ria nessa parte. Ele fica corado mas continua me contando sobre como jogava rugbi no colégio e me fala da convivência com os irmãos que agora todos já eram pais.

- Você é o próximo. - Comento e me levanto indo sentar no colo dele, envolvendo seu pescoço com meus braços. - Porque veio para o Brasil?

Suas mãos me firmam em seu colo e ele me olha com aqueles olhos e como sempre eu tô tentando me controlar para manter uma conversa civilizada e não acabar dizendo alguma estupidez.

- Uma ex namorada, ela me falava o quanto amava o Brasil e que tinha o sonho de vim, em um momento após eu terminar a faculdade eu vi uma proposta de emprego para a filial do jornal que fiz estágio. - Não havia nenhum pingo de constrangimento dele, pelo visto falar da ex não o incomodava, mas eu tô surtando por dentro.

- Você veio para cá só porque sua ex queria? - Respira, Clara, respira.

- Queria esfregar na cara dela, ela me traiu e não foi muito legal o término, mas ela estava certa, eu acabei gostando. - Ele dava de ombros. - É muito quente mas eu adoro aqui, gosto de futebol obviamente, de praia, as festas. Vocês são quentes bem diferente da Inglaterra.

Quando ele diz "quentes" eu dou um sorriso lerdo.

- Você, Sir Cavill, é que é muito quente. - Dedilho meus dedos por seu peitoral e depois seguro seu queixo e lhe beijava os lábios, escuto ele soltando um gemido mas quando ele me segura com mais fervor eu me afasto. - Bolo, tô com fome ainda.

Saio de cima dele o vendo fazer beicinho, volto a me sentar na cadeira e ele retira os pratos sujos e volta com o bolo e pratos limpos, o bolo estava lindo com aquela cobertura de chocolate branco, ele tira uma fatia e me entrega, eu não espero ele se sentar e já tô levando um pedaço a minha boca.
Nossa! O bolo estava muito gostoso, macio e molhadinho por dentro e o chocolate branco formava uma casca por fora, era como um orgasmo na boca.

- Isso tá divino!

- Que bom que gostou, receita da minha mãe. - Ele diz e por um instante eu sinto um pesar, mãe. Tava ai uma pessoa que eu falava tinha um tempo, Cavill começa a falar de sua mãe e eu tento prestar atenção, levando uma mão ao meu ventre inchado e tentando afastar as dores que a minha própria mãe deixou. - Clara, está bem?

- Humrum. - Minto pondo mais um pedaço a boca, mas quando o encaro eu vejo aqueles olhos penetrantes. - Só estava pensando na minha mãe.

- Ainda chateada com ela pela situação com seus pais?

- Não é isso. - Suspiro afastando o bolo. - Quando nós conhecemos, naquele Natal. Minha mãe tinha me abandonado, eu era adolescente mas ela simplesmente foi embora e me deixou, nem ligava direito e...bom, foi difícil passar pela adolescência sem uma mãe e depois ela voltar como se nada tivesse acontecido.

Esfrego minhas mãos suadas em minha calça, quando levanto a cabeça para olhar ele, Cavill já não estava na minha frente, mas sim em pé ao meu lado e beijando o topo da minha cabeça. Ele não diz nada, apenas põem uma mão em meu ombro, apertando e eu ponho a mão encima da dele e apenas isso me faz sorrir, eu precisei da minha mãe e ela me abandonou, mas eu não faria isso com meu bebê e tinha ele para me dar forças.

O Chefe do meu pai (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora