De volta ao lar

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Isabela Campana narrando

O voo para o Brasil estava sendo uma tortura. Primeiro que o meu voo atrasou muito. Segundo que passei o voo inteiro controlando o choro porque tinha uma mulher com um bebê ao meu lado, então eu não podia fazer barulho. Claro que por muitas vezes deixei as lágrimas irem rolando, quietinha olhando para minhas mãos.

 Levantei do meu lugar, fui ao banheiro, lavei meu rosto e resolvi me recompor. Não era o fim, era apenas um tempo, então isso significava que ainda iríamos conversar, que ainda não tínhamos colocado um ponto final na nossa relação.

Sentei na minha poltrona e tentei assistir um filme, péssima idéia, era um romance. Pra ser mais cômico, o casal também se separava na metade do filme, mas felizmente no final voltavam e eu sinceramente esperava que acontecesse o mesmo comigo, ou que ao menos restasse algo de bom nisso tudo, como uma amizade.

- Tão triste né... Esses filmes em que o casal não fica junto o filme inteiro

A mulher ao lado disse. Mal havia percebido que ela estava de olho no filme que eu assistia.

- Pelo menos ficaram juntos no final

Falei com um sorriso, tendo certeza que estava com uma cara horrível, afinal eu tinha cessado o choro mas isso não impediu minha cara de inchar e virar uma lua.

- É… isso é

Ela respondeu rindo. O bebê se mexeu, e eu como uma boa amante de crianças logo estava lá paparicando. O que foi bom, já que passei parte do voo brincando com ele. Crianças tem o dom de fazer nosso humor melhorar né? 

Desembarcamos juntas, a mulher e o seu bebê. Comecei até rir, brasileiro sempre fácil de fazer amizades, até pra mim que sou péssima nisso. Avistei meu pai parado, lendo um jornal que certeza nem era dele, ele tinha mania de ficar pegando jornal emprestado em todos os lugares que ia. Mal podia ver alguém lendo um que já pedia emprestado. Me despedi da mulher e do bebê, indo até meu pai.

- Pai

Murmurei parando diante dele, que fechou o jornal me olhando.

- Oh minha filha… nem tinha visto que seu voo já tinha pousado. Olha, tá bonita

Ele disse me olhando e eu ri revirando os olhos.

- Uhum tá. Eu me vi ali no espelho pai

Falei e ele riu, me abraçando.

- Deixa eu levar essa mala pra você

Ele disse tomando da minha mão. Comecei a caminhar lado a lado com ele, olhando para o chão. Nesses momentos ter um namorado, ou ex namorado melhor dizendo, com nome estranho não me ajudou em nada, já que eu olhava pro chão e pensava no "Shawn". Olha que engraçado. Ah louca.

- E aí como foi lá? Ta calada, nem parece que ficou quase três semanas longe da gente

Meu pai perguntou brincando e eu ri envergonhada.

- Uai. Foi normal… você não perguntou nada

Falei rindo

- Tava esperando você começar a falar

Ele disse como se fosse óbvio e eu ri.

- Foi bem legal. Toronto tava com um clima legal, não muito frio. O aniversário da Amanda foi bem animado, tinha bastante gente. George e Ângela mandaram abraços. Amanda já tá na faculdade... _ falei enquanto ele guardava minha mala no porta malas do carro _ ah, comprei várias lembrancinhas em NY

Falei empolgada, meus pais não mereciam receber em casa esse bolo de mal humor, tristeza e desânimo não é. Fora que isso deixaria eles com um pé atrás com o Shawn, e não sei exatamente se isso seria bom. Contaria sim a verdade, mas não naquele momento. Deixa eu forrar a cama, como diz a minha mãe, primeiro.

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