O Primordial Kélios

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Enquanto diversos colapsos aconteciam pelo Dlales, o desconhecido Kélios rasgava regiões e universos com a sua incomparável velocidade, velocidade essa que abalava até mesmo toda a sua angelical manifestação. Tudo isso para concluir a sua missão de encontrar a máquina em que ele deveria inserir o seu colar.

Enquanto Kélios cruzava os universos da região de Ncrotus, com as angelicais asas, que por onde passava, deixava um liso rastro luminoso, e quase já se aproximando do universo regional desse senhor. O colar teve uma nova revelação a ele, interrompendo toda aquela velocidade violentamente, enquanto englobava Kélios novamente em uma nova esfera carregada de informações e símbolos, revelando-se, desta vez, não apenas como um simples cristal pendurado como um colar, mas como algo que herdava a essência unificada de uma extinta classe composta por dez seres, onde Kélios era o último representante, e que, quando inserisse o cristal na máquina, a sua existência já não seria mais sustentada, dando fim ao ciclo de seres dessa classe. E antes de ter todos os seus pensamentos retomados para a Existência, a voz dos nove primordiais já inexistentes, diziam o seguinte por meio de algo muito semelhante a uma gravação:

"Irmão, esta missão não foi confiada a ti sem nenhum propósito final. Então, atue como aquilo que tu és em essência e em verdade, um de nós, um Primordial."

Após isso, toda a esfera de informações desapareceu, mas foi o suficiente para trazer de volta a Kélios lembranças extremamente remotas sobre aquilo que ele era. Além disso, despertaram-se nele sentimentos nunca antes sentidos, mas com todos aqueles negativos sendo bloqueados por algo que carregava em toda a sua existência, uma essência que o blindava de ser perturbado por tantas e estranhas sensações.

Pelo Supremo! O que é isso? – Dizia Kélios sendo consumido por uma brilhante e ardente luz que aos poucos ia se transformando em chamas. – Isso está começando a...

Aquela brilhante e ardente luz foi se revelando no peitoral angelical de Kélios, transformando-se em pouco tempo em aconchegantes chamas azuladas, pois, manifestavam-se como algo de natureza puramente divina. Em pouco tempo, cada parte de Kélios estava completamente tomada pelas chamas que desta vez eram vermelhas e amarelas, contudo, elas começaram a consumi-lo, fazendo-o sentir ardências e dores tão intensas que faziam o primordial contorcer cada músculo do seu corpo. Em sua mente a dor era ainda mais intensa, pois, a cada pensamento baseado naqueles estranhos sentimentos sentidos por ele, a cabeça era consumida por chamas esverdeadas que eram capazes de adentrar na sua essência, torrando assim cada um desses sentimentos e sensações que, por sinal, atormentavam todas as criaturas naturais desta existência. Tudo isso enquanto os seus olhos queimavam em conjunto ao seu corpo, quase despertando em si a manifestação da própria insanidade. Ao término de tamanho tormento, a pele de Kélios ia se descamando dando lugar a uma nova epiderme, algo causado pelas altíssimas temperaturas que nem mesmo um Unir seria capaz de suportar por tanto tempo.

Após tudo isso, as chamas se extinguiram, mas Kélios estava ali, suspenso no vácuo do espaço, inconsciente e com as suas asas inanimadas. Retomando aos poucos a sua funcionalidade. Graças a todo esse evento, Kélios retomou aquilo que ele sempre foi, um Primordial, um ser que não questiona nada, pois, agora para a sua existência, a sua única razão de estar vivo é a conclusão de sua missão por mais que isso resulte no fim de sua vida.

Por mais que essas santas chamas purificassem a essência do Primordial Kélios, elas não foram capazes de tirar dele os remanescentes sentimentos, como aqueles de natureza puramente envolvida de solidão e saudade. Neste momento, tudo que ele queria não era apenas concluir a sua missão, mas também encontrar alguém, algum ser vivo que fosse capaz de compreender toda a sua recente angústia.

Dlales: Multiverso (Parte I)Onde histórias criam vida. Descubra agora