Capítulo 3

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"Quando eu olhar pra você, saiba que não consigo parar. Eu adoro te ver."      


Era tão cedo que Cristina levou um susto ao entrar na cozinha e dar de cara com o patrão. Ele costumava acordar cedo, mas não aparecia na cozinha assim.

Mas ele não estava tomando um café como fazia todo dia. Estava bebendo um energético e um remédio que ela não sabia para que era.      

– Bom dia, Cristina – ele disse baixo e colocou a xícara na máquina de café da cozinha. Nenhum dos dois era fã de café puro, mas ele bebia expressos quando estava estressado.      

– Bom dia, Sr. Bieber – ela respondeu e pensou que misturando café com energético e aspirina ele não ia mesmo dormir.      

Ele voltou pelo corredor, ainda usava aqueles chinelos macios da Nike, mas já estava com a calça e a camisa que usaria para trabalhar. Ele parou no meio do corredor, de cada lado havia uma porta.

Tomou o caminho contrário e viu que a porta do quarto da esposa estava apenas encostada, empurrou um pouco e a viu profundamente adormecida.

Ele passou a mão pelo rosto e soltou o ar. Nunca admitia a derrota quando ainda podia lutar.

Daquele apartamento para fora ele tinha controle de tudo à sua volta de uma forma que chegava a ser assustadora. Era decepcionante não saber usar esse talento para consertar a própria vida.

***

Beatriz acordou assustada. Passou a mão pelo cabelo e apoiou os cotovelos na cama. Já tava claro e como ela não ligou o despertador perdeu a hora.      

Mas estava pouco se importando com os compromissos que tinha hoje. Foi ao banheiro e enquanto estava embaixo da ducha, arquitetava o resto do seu dia. Fazia um tempo que não seguia seus impulsos, mas hoje ia ser diferente.

O problema era apenas que a última vez que ela seguiu seu instinto foi quando resolveu se arriscar e disse sim ao pedido de casamento de Justin.      

Ela saiu do banho e entrou direto no seu closet enorme, andou por ele, olhando as fileiras de roupas, olhou através da porta de vidro para onde estavam seus vestidos mais caros. Do outro lado ficavam as intermináveis fileiras de sapatos.

Onde ela colocaria tudo isso? Em lugar nenhum! Não ia levar nem metade.

Lá no final, ficavam as bolsas e próximo a elas, as malas. Foi o que ela pegou. Abriu várias Vittons ali mesmo e foi direto para as gavetas pegar peças íntimas mais simples.

Era extremamente irônico que ela não dormia com ninguém e sua roupa de baixo desse a entender que estava sempre pronta pra uma sessão de strip-tease.      

Beatriz pegou os poucos jeans que ainda lhe sobravam blusas que não gritassem que eram de alguma grife famosa e assim conseguiu completar uma mala muito tímida.      

De repente ela notou como seu armário era um verdadeiro fracasso para alguém procurando coisas simples, de preços mais acessíveis e que coubessem rapidamente em malas não muito grandes.

Tudo ali precisaria de horas para separar, encaixotar e dobrar para não ficar muito amarrotado.

Terminou suas mala pegando seus sapatos e seus objetos pessoais.  E como uma decoradora, ela tinha muitos contatos imobiliários para conseguir encontrar uma casa, esse seria seu próximo passo, assim que saísse dali. 

Cristina estranhou todo aquele barulho no apartamento e quando chegou lá para olhar, Beatriz já conseguira arrastar as malas para o elevador.

Ela correu e pegou mais uns itens, enfiou umas quatro bolsas vazias nos braços, carregava uma caixa de sapato e um abajur que havia pechinchado numa feira de antiguidades. Parou e olhou para trás.      

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