Capítulo 2

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"Quando eu olhar pra você, peça-me qualquer coisa.
Gosto de satisfazê-la."
       

Dessa vez ela conseguiu surpreendê-lo. Nada que fazia ou dizia parecia causar reações extremas nele, só que dessa vez, ela conseguiu com apenas três palavras.     

– O quê? – ele perguntou, incrédulo.     

– Você escutou – Beatriz respondeu num tom cortante.     

– Você não está falando sério.     

– Acredite, eu estou.      

Justin ficou olhando pra ela por uns segundos, como se lhe desse tempo para avisar que resolveu fazer uma brincadeira de mau gosto.    

Mas Beatriz se manteve em silêncio, apenas o
olhando. Seus olhos eram claros, num rico tom turquesa e havia uma linha escura em volta de sua íris, eram olhos lindos que  Justin sempre achou irresistíveis. Mas agora tudo que via neles era hostilidade.       

– Eu não vou te dar droga de divórcio nenhum, Beatriz – ele respondeu, recostando no banco de maneira irritada.

Beatriz cruzou os braços e manteve o olhar nele, apesar de agora ser ele quem ignorava isso.     

– Então por que você me traiu? – ela perguntou. 

Ele virou o rosto para ela e rebateu imediatamente – E por que você tem horror que eu a toque? O problema sou eu? 

Dessa vez ela quem ficou surpresa, levou uns segundos para digerir aquela pergunta.   

– Isso é um absurdo, você só está fugindo do que eu perguntei!     

– Não – ele negou com a cabeça. – Você não suporta que eu a toque.     

– E você me trai com uma morena ridícula! Isso não é justificativa!     

– Você não quer que eu te toque, não quer que eu te foda e tão pouco pretende me dizer isso porque também acha desagradável falar comigo. Você mal aguenta me olhar por muito tempo, por que agora resolveu se importar com o que eu faço?     

– E por que eu dormiria com um homem que nunca está comigo? Você mente pra mim! Você disse que só chegaria hoje, mas ontem estava com ela, eu vi!      

Ele franziu a testa, como ela poderia ter visto? Ela não devia estar lá. Ele não estava em um lugar que ficava na rota dela. Mas a coincidência acontecera exatamente por causa da falta de comunicação.

– Você é minha esposa e não me suporta por perto, o que espera que eu faça? Corte meu pau e viva feliz numa relação de irmãos na qual você continua me ignorando? É uma droga eu não conseguir me afastar de você completamente. Mas por que você se incomodaria com isso, não é? E eu estou cansado de fingir.     

Ela ficou balançando a cabeça, ele estava tentando virar o jogo. Porque até onde ela lembrava, gostava muito de ser tocada por ele. Mas ele não a procurava mais. E como ela se entregaria de boa vontade para um homem que já era quase um desconhecido. Só ela sabia como era difícil resistir a ele. A rápida lua de mel e os poucos dias que se seguiram não foram suficientes.  Durante aquela semana que passaram juntos em Estocolmo, ele a fez despertar para o sexo de verdade, daquele que causa gritos de prazer e vicia a pessoa no ato e no parceiro. Então foram tirados de lá, e nunca mais passaram uma semana inteira juntos.  Ela ainda se odiava por ter sido tão boba.

Eles se desejavam como dois tarados enrustidos que achavam que o outro não sentia a mesma coisa. E quando finalmente colocavam as mãos um no outro, perdiam o controle tão loucamente que quando terminavam a sensação era de ressaca.     

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