Capítulo 25

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''Quando eu olhar pra você, dê aquele sorriso sincero e fale comigo. Eu preciso da verdade tanto quanto preciso de você.''


Beatriz saiu do banho, fez outra maquiagem e colocou o vestido que viera do triplex para o jantar que Pattie ia oferecer no apartamento dela. Hoje usaria algo completamente diferente daquele modelo leve e sensual do último aniversário da sogra. 

Provavelmente nunca usaria aquela roupa de novo, pois trazia muitas memórias daquela noite. Algo que misturava amor e decepção. Ela não estava pronta para enfrentar tão descaradamente o fracasso emocional que evocava.

O vestido dessa noite tinha um rico tom de roxo, justo, mas confortável, sem mangas, elegante, mas com um sutil toque de sensualidade na parte superior, pois era levemente transparente. 

Beatriz continuava com suas neuras com o próprio corpo, mas sentia–se confiante quando encontrava uma roupa que a valorizava. Tinha vontade de comprar uns dez vestidos iguais quando achava algo assim, mas seria um massacre fashion nos blogs de moda que não a deixavam em paz.

A roupa que ela usava havia sido trazida do triplex, porque ela não levara aqueles itens na mala, não faziam parte de sua política de "roupas essenciais'' que Justin já tinha estragado quando apareceu lá com quatro malas enormes de coisas que ela fingia que não, mas precisaria. 

O que mais a irritava era que ele estava certo e ela ficava irada com o fato de ele a conhecer melhor do que ela imaginava. Afinal, o vestido que usava agora, ele mesmo tirara do closet dela que continuava exatamente como ela deixara.

E quando ele chegou no apartamento da mãe, ele deixou tudo em seu antigo quarto. Beatriz empurrou a porta e entrou, estacando ao surpreender Justin trocando de roupa.

Ele estava à frente da cama, ainda com a toalha do banho em volta da cintura, aparentemente não havia roupões ali que coubessem em sua versão adulta. Ela ficou paralisada onde estava, olhando as costas dele, não só admirando seus ombros largos ou os músculos que construíam o corpo dele, mas as tatuagens.

Ela nunca soube o que significavam, não as via há um tempo, mesmo quando dormiram juntos, ele estava tão dominador e ocupando tanto que ela não viu suas costas.

Do lado direito de suas costas, mais próximo ao ombro, ficava o número dezesseis em formato limpo, sem nenhum adorno, apenas aquele número. Não era pequeno, qualquer um a uns passos de distância entenderia. E mais embaixo, no meio das costas dele ficavam alguns riscos, como se alguém houvesse marcado os dias na pele dele.

Não eram o tipo de tatuagem que chamavam atenção ou embelezavam o corpo, eram daquelas com um significado muito pessoal, feita para o dono da pele marcada e sem passar nenhuma mensagem.

Justin olhou por cima do outro quando escutou o barulho da porta, não pareceu se importar, se livrou da toalha e vestiu o boxer.

– Feche a porta, por favor – ele disse, enquanto se inclinava sobre a cama e pegava a calça que usaria.

Ela fechou a porta e seguiu pelo quarto, ainda estava descalça, pois seus saltos foram deixados ali. O quarto mostrava a ela um passado que ele nunca fez questão de lhe apresentar. 

Era ali que Justin havia morado quando era adolescente, antes de sair de casa para a faculdade e nunca mais voltar a morar com a mãe e a irmã. E foi para aquele quarto que ele voltou após o sequestro.

Beatriz não tinha ideia do que ele havia passado. Se havia se escondido ali,chorado naquela cama e se houve crises de pânico e depressão. As paredes não falavam, muito menos os móveis. Ainda havia pôsteres colados, curiosamente, todos em locais bem altos. O tempo parecia ter parado ali.

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