Capítulo 14

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"Quando eu olhar pra você, ignore. Feche os olhos novamente, incline a cabeça e me ofereça sua boca. Se eu provocá–la, morda com vontade e exija aquele beijo cheio de fome que eu sei que você gosta."



Era quarta-feira, uma maldita quarta–feira em que o tempo ainda estava se firmando e Justin estava de péssimo humor.

Rico entrou correndo com um remédio para dor de cabeça, esse bem mais forte. E ele não parava de falar sobre marcar uma consulta em algum médico especialista.

Justin ia arrancar a língua dele se ouvisse falar em médico mais uma vez.

– Estella, ele está saindo. Socorro! – disse Rico ao telefone, enquanto Justin já passava em frente à mesa dela.

– Faço o quê? Jogo-me na frente?

– Tenta desmaiar!

– Isso não funciona mais com ele há uns cinco anos! – respondeu a secretária.

– Eu já disse que vocês dariam um ótimo casal – disse Justin, passando pela porta de vidro que separava a área posterior à sua sala e os acessos para as salas de reunião.

Havia um sorriso no rosto dele quando escutou ambos fazendo sons de desgosto.

Estella já era casada e Rico provavelmente nunca ia se casar, mesmo assim ele continuaria achando que se não fossem almas gêmeas, aqueles dois deviam elevar o nível da amizade para melhores amigos eternos.

Quando o carro entrou no Clarence, Justin largou seu paletó no banco e saiu andando em direção à saída ao invés dos elevadores.

Ele ia subir, realmente pretendia ir direto para o seu quarto, se enfiar na banheira de água quente, por os fones no ouvido e fingir que ao fechar os olhos não ia começar a se torturar pelos dias que estava sem contato com Beatriz...

***

A porta abriu e Beatriz escutou apenas o "ai, meu Deus" de Harry, ela parou de digitar e ficou imóvel, em poucos segundos Justin entrou em sua sala.

Sem nem parar ao entrar, Justin andou até a mesa dela e apoiou as duas mãos.

– Você quer me fazer desistir. Quer que eu continue sozinho e desista no meio do caminho – ele disse, encarando-a.

Ela nem conseguiu raciocinar o que ele estava dizendo a ponto de formar uma resposta.

– Não vai acontecer, não sei desistir. E você vai tratar de honrar nosso trato – ele avisou.

Beatriz se forçou a encarar a face séria e ameaçadora de Justin.

– Não estou fazendo nada disso – ela respondeu.

– Então como sou o único preocupado aqui? Isso não é tentar, Beatriz. Você realmente quer brincar de deixar seu trabalho tomar conta da sua vida e se esquecer da outra pessoa que faz parte dela? Logo comigo? Foi assim que arruinamos a droga do nosso casamento.

Ela se recostou na cadeira e soltou o ar. Estava mesmo deixando que o volume de trabalho guiasse seu tempo.

Não sabia o que fazer, não tinha ideias, não sabia como agir ou sequer o que dizer a Justin. Estava aterrorizada pela constatação de que já começara a sentir falta dele. 

Era apenas quarta-feira, ela o vira no sábado e já estava lutando contra sua mente que teimava em voltar para ele.

– Eu não sei o que fazer, ok? – Beatriz ficou de pé e andou para longe da cadeira – Não faço a menor ideia de como seguir nisso. Eu... – ela abriu as mãos no ar e depois deixou uma delas passar por dentro do seu cabelo.

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