Capítulo 5

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"Quando eu olhar pra você, olhe para mim também.
Gosto de fingir que sente o mesmo que eu.

Don entrou no apartamento carregando mais uma caixa das bugigangas de segurança dele, enquanto no outro cômodo, ela falava com seu trainee, Harry.

Ele tentava acompanhar o ritmo dela que estava mais acelerado do que nunca.

– Eu preciso do papel em alto relevo, Harry! Não apareça aqui com aquelas coisas enrugadas.

– Jamais, não encaro nada enrugado.

– Você fala isso porque só tem vinte anos – disse Beatriz, como se não fosse apenas sete anos mais velha do que ele.

– Vou trabalhar duro para pagar o cirurgião para esticar minha cara – respondeu Harry, pressionando os lados dos olhos e puxando.

– Você precisa de vergonha na cara, não de cirurgia.

– Não consigo comprar vergonha com dinheiro! Já tentei! – disse Harry, saindo com seu usual jeito sem vergonha.

Ela sentiu seu celular tremer em seu bolso e quando olhou a notificação, era do Whatsapp. Achou que era sua irmã ou qualquer dos contatos que tinha.

"Gostando do apto? Pela planta parece confortável. Tibby te mandou um beijo."

Ela ficou olhando para a tela por pelo menos uns dez segundos, cada vez mais indignada. Desde quando Justin tinha o seu Whatsapp? Aliás, desde quando ele usava isso? Ela nunca o viu online!

Tudo bem que também nunca olhava a própria lista de contatos, só ia até a tela das conversas recentes. Mas que se danasse!

– Don! – ela balançava o celular no ar. – Quem mandou a planta do meu apartamento para ele?

– Não incluí planta no meu relatório.

– Relatório? – ela gritou.

– De segurança – ele completou, mantendo a postura impassível.

– Ele é um ex–marido abusivo! Devia haver alguma lei contra bisbilhotar a planta do meu apartamento.

Don achou melhor não apontar o fato de que Justin ainda era marido dela. E também preferiu não estragar sua ingenuidade, afinal, ele sabia que seu chefe bisbilhotava muito mais do que plantas.

Ele sabia tudo, absolutamente tudo. Ele podia localizar a esposa em qualquer lugar do mundo e de diferentes formas. E conhecendo–o como Don já conhecia, tinha certeza que ele ficava lá no lugar onde estivesse olhando pelo aplicativo de seu smartphone, para onde Beatriz ia.

Ela ia criar a quarta guerra mundial se soubesse que ele "bisbilhotava" a vida dela, especialmente porque estavam nesse cabo de guerra sobre quem não se importava com o outro.

– Jazzy está na cidade? – Beatriz perguntou a Don, dando o braço a torcer e ficando curiosa sobre Justin ter falado da sobrinha.

– Não, o patrão foi visitá–la ontem.

– Ela está doente? Internada? Em reabilitação? Grávida de novo?

– Não que eu saiba.

***

Jazmyn Bieber, ou Jazzy como era chamada pela família, morava em uma mansão de frente para a praia na vila de East Hampton, a duas horas de viagem de Manhattan.

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