Capítulo 22

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"Quando eu olhar pra você, diga que nunca mais vai voltar.
Faça-me odiá–la. Mas se der errado... você é minha."

– Para onde ela foi usando só a sua camisa? – perguntou Gwen, depois de ver Beatriz partir.

– Não se preocupe, ela está segura – ele abaixou e pegou os sapatos da esposa. – Desculpe pelos meus trajes, vou tomar banho. Nos vemos depois – disse Justin, sem se preocupar em olhá–la e desapareceu na escada.

Gwen foi até a mesa ao lado da janela e se sentou, servindo–se de café. Ela esperava não ter piorado a situação, já bastava a dor de cabeça do seu casamento arruinado.

A dor de cabeça era tanta que ela estava até fugida, se mudara às pressas e estava esperando a ordem de restrição sair. Quando contou a Justin, ele lhe deu abrigo por esses dias, afinal, era o local mais protegido que ela encontraria.

***

Beatriz correu descalça pela garagem do Clarence e entrou no carro, não queria saber o que Don estava achando da situação. Ela tampou o rosto e só voltou a olhar pra cima quando chegaram ao seu prédio. Estava sem as chaves, sem nada, tinha deixado tudo lá, mas isso não foi problema para Don.

Como sempre, ele agia como se nada fora do normal estivesse acontecendo. Ela foi direto para o quarto e se trancou lá.

– Madame está entregue – disse Don no rádio.

– Patrão tá zerado – respondeu Kevin, dizendo que Justin estava no quarto.

– E a visita?

– Zerada também. E agora? Vamos continuar assim, não é? – perguntou Kevin, soando desesperançado.

– Ferrou tudo, cara – Don terminou de checar o apartamento e os dispositivos de segurança.

– O que eles arrumaram agora? Pensei que dessa vez você voltaria pra cá.

– Tive esperanças. Cristina tem informações?

– Ela só escutou os gritos. Acho que o plano está em perigo.

– Droga... – resmungou Don e desligou.



***


O celular de Justin não parava de tocar. Ontem, ele havia dito a Rico para ir trabalhar direto no GB e não especificou a hora que chegaria, mas como nem ele era tão otimista assim, imaginou que de manhã estaria por lá. E o pior é que ele escutava dois toques, porque Beatriz deixara a pequena bolsa no quarto dele e o celular dela era um bocado escandaloso.

– Merda – ele disse, completando a frase depois com mais palavrões enquanto abria a bolsa dela e apertava o botão de por no silencioso.

Ele largou a bolsa lá e foi andando pelo quarto, a raiva se avolumava em sua garganta, não conseguia deixar de pensar que podiam estar jogando mais uma chance fora. E dessa vez, muito mais arruinada do que a anterior.

Com uma vida como a dele que se deixasse teria as vinte quatro horas de todos os seus dias completamente ocupadas, ele parou em frente ao espelho do banheiro, com as mãos espalmadas sobre o mármore frio e se perguntou o que faria agora.

A imagem que o encarava de volta não era aquele cara das capas de revistas de negócios, o novo nome do capitalismo canibal como os críticos diziam ou a face mais jovem dos grandes negócios como os fãs preferiam.

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