Capítulo 20

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Após nosso encontro na pousada e os dois beijos que demos em duas noites, a rotina praticamente voltou ao normal. Com a maior culpa sendo da minha parte por ter receio de me aproximar pelas suas amizades não serem nada amigáveis, ainda sim nos encontrávamos de vez em quando no colégio afim de trocar alguma palavra. O clima entre nós havia ficado tenso, como se eu não soubesse o que teria adiante, e acredito que não somente da minha parte, embora suas diversas tentativas de estar ao meu lado. Via no seu olhar o quanto implorava para que não me afastasse, porém não enxergava os acontecimentos passados como gatilho para criarmos um forte laço.

Mas como me aproximaria? Só olhando em volta aquela imensa publicidade de olhares maldosos quando dizíamos apenas um "oi", já encarava uma possível relação como reprovada.

Tínhamos ao nosso favor, apenas a troca de olhares que não cessaram por felizmente não existir fiscal de observação.

— O que está rolando entre você e o Noah? — Perguntou uma voz nitidamente masculina e conhecida. Pelo canto de olho, um braço branquelo estava apoiado em cima da mesa junto com uma bandeja cheia de comidas diversificadas. Pude perceber quem era só pelo iogurte aberto com cheiro de pêssego em cima da mesa, Freddy. Sua pergunta me acordou, fazendo com que eu voltasse pra realidade e encarasse aqueles cabelos dourados soltos e meio despenteados. Me senti familiarizada e um breve sorriso se curvou no meu rosto.

— Nada de mais. — Agora Noah se concentrava em sua bandeja, e o sorriso foi desfeito assim que viu quem estava ao meu lado.

— Qualquer um sabe que tem algo, é só prestar atenção em como se olham.

— Não estamos nos olhando agora.

— É claro que não! Estou do seu lado e seu amiguinho não vai com a minha cara.

— E por quê ele te odeia, Freddy? — Arqueando uma sobrancelha, esperei por uma resposta franca.

— Vai saber. — Pensou, repensou e achando que não notaria, se enrolou em outra pergunta. — Enfim, vai ao ensaio hoje?

— É claro que vou. — Afirmei como se fosse algo muito óbvio. — Mas não muda de assunto.

— Tá bom, eu falo. — Suspirou, deixando o hambúrguer de lado e tomando um gole do seu danone. Ainda não sabia como ele conseguia tomar aquilo todos os dias, só o cheiro já me dava ânsia. Colocou o pequeno pote para o meu lado e enquanto começava a falar, fui o afastando para o cheiro não vir ao meu olfato. — Lembra daquele desafio que ele fez na festa e então começou a te perseguir na escola por causa disso? — Assenti, já preocupada com o que falaria. — Teve um dia que ele foi até o coral te procurar, e disse a ele que se fizesse algo contra você eu não deixaria barato. Mas como têm a fama ao seu favor, saiu por cima. Desde então só o olhar dele me ameaça, igual está fazendo agora.

Revirei meus olhos ao comprovar o que acabara de contar por parecer duas crianças brigando por um sanduíche no recreio.

— Não preciso de proteção.

— Realmente, não precisa. — Levantou e não entendendo, virei o meu rosto para a mesma direção e Noah estava na nossa frente.

O coitado do Freddy teve de sair.

— O que está fazendo, Noah? — Disse já irritada.

— Apenas te livrando daquele imbecil.

Parecia piada o que tinha acabado de ouvir, incrédula soltei um ruído incapaz de manter o controle para não discutir.

— Freddy é meu amigo, e se pensa que vai nos afastar, está muito enganado! — O Convenci somente com meu tom de voz. — Você deveria pensar e agir com mais maturidade, pois desse jeito nunca vai conseguir se aproximar de alguém sem que tenha que usar truques e joguinhos.

Entre Desafios [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora