Capítulo 19

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Meu corpo inteiro correspondeu com intenso arrepio, aliás, bem mais forte do que a primeira vez.

A enorme janela do quarto favorecia a entrada de luz externa, batendo diretamente em nossos olhos e os coçando devagar por não terem se adaptado facilmente, levantei e fechei a cortina de um único lado observando Noah, que ainda estava desmaiado.

Indo ao banheiro, fiz minhas higienes com o que tinha disponível, e para a minha sorte nunca saio a noite sem minha escova de dente.

Já não aguentava mais ficar alí olhando o dorminhoco não reagir pelo efeito do álcool tê-lo afetado com força. Andando pelo corredor e chegando a área da piscina, percebia que mais ninguém estava na pousada além de nós dois. Como passatempo, liguei músicas do pop na caixa de som, algumas calmas e outras agitadas e as principais pertenciam as cantoras Camila Cabello, Halsey e Billie Elish. Ainda vestida com a camiseta preta da noite anterior, me animei para arrumar toda a bagunça que deixaram para trás. Comecei com uma vassoura e me divertia com o som, brincando com minha voz e descobrindo capacidades que nem sabia que tinha. Seria o suficiente até a hora de irmos embora.

A voz de Billie Elish muito me definia por sua suavidade, calmaria e domínio no sussurro. As letras eram empenhadas em situações que provavelmente já teria passado, e algumas, confesso que se encaixavam a mim.

E então, eu cantei.

Maybe, won't you take it back?
Say you were tryna make me laugh
And nothing has to change today
You didn't mean to say: I love you
I love you
And I don't want to, ooh..

(Você não vai retirar o que disse?
Diga que estava tentando me fazer rir
E nada precisa mudar hoje
Você não queria dizer: Eu te amo
Eu te amo
E eu não quero, uuh)

— Não sei se fico contente ou triste com a indireta.

Sua voz rouca soada por ressaca ecoava pelo cômodo. Agora sóbrio, próximo a entrada da área, a única surpresa era por ainda estar com a mesma roupa que basicamente não vestia, talvez por sua camiseta estar em meu corpo, rendendo um sorriso no seu rosto.

— É só uma música. — Tentei ocultar a meia verdade. — Melhor você ir tomar um banho, falta pouco para terminar de arrumar aqui e então podemos voltar para a cidade.

Distraindo minha mente para que ele fizesse o mesmo e não comentasse sobre a noite anterior, andou em minha direção e segurando minha nuca sem que contestasse sua ação, levantou meu olhar para o seu e beijou minha testa com cautela.

— Obrigado por ter cuidado de mim.

Sem prolongadar ou puxar conversa, começou a me ajudar arrumando a bagunça sem ligar que estava quase despido por completo.

— Porque não agradece indo colocar alguma coisa... — Apontei para as suas pernas expostas.

— Isso te incomoda? — Começou a rir. — Nem parece que me viu a noite inteira desse jeito.

— Eu te cobri, e dormi na outra ponta da cama.

— Espera, dormimos na mesma cama?

— Foi precaução, não se anima. — Quis o convencer do contrário, mas então percebi que se ele não se lembrava da minha presença do seu lado, também não se lembraria do que disse duas vezes em uma só noite. — Não queria ver você engasgando no próprio vômito.

Entre Desafios [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora