Capítulo 24

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Amber

Estava ficando difícil ver as pessoas que mais queria por perto, tão próximas diariamente mas tão longes fisicamente e mentalmente ao mesmo tempo. Já não conversava mais com Sofia, apesar de perceber que algo a incomodava todas as vezes que nossos olhares se cruzavam. Logo quando estava me dando tão bem com Noah, por consequências das nossas escolhas e permitir que acasos estraguem o que construímos, fomos obrigados a nos afastar.

É difícil pensar em como me sentiria se todos soubessem do meu pequeno irmão. As aproximações seriam por pena, me tornaria quase a própria atração do lamento, sem contar no quanto o mal caráter se fazia presente em algumas panelinhas formadas pelo colégio.

Ao menos, ainda tinha alguém.

— Não imagina a fila que estava na máquina de suco!

A voz nítida do Freddy tentava abafar meus sentimentos em relação a mesa logo à frente. O casal popular havia retomado sua origem, como se nunca houvesse acontecido a separação.

— Já chega! Não vou conseguir ficar aqui.

Desfiz a bandeja, deixando na entrada do refeitório e apenas caminhei até onde sentisse vontade de ir. A arquibancada poderia não ser a melhor escolha, porém estava mais calmo.

— Não precisa conversar comigo sobre o que aconteceu, mas vou continuar por perto. — Se sentou ao meu lado com um suco, o velho iogurte de pêssego e uma batata ensacada.

— Obrigada. — Sorri, pegando algumas batatas.

— Esses caras são mesmo uns babacas.

Alguns integrantes do futebol estavam no campo, e dentre eles Jake compunha o time, este sendo um dos amigos mais próximos de Noah ao meu ver.

— Não entendo. — Apontei discretamente para o Jake.

— Acho que está afim de você. — Afirmou, mastigando.

— Ele pode ser o mais calado mas foi um dos ajudantes do Noah. Só está prestando atenção para programar a próxima zoação.

— Bom para mim. — Piscou. — Menos concorrência. — Sorriu, mordendo com força o canudo.

— Bobo. — Puxei a caixinha da sua mão e tomei um pouco do suco, o cuspi imediatamente ao perceber pelo gosto que também era de pêssego. — Como consegue tomar isso? — Limpei minha boca e devolvi.

— Se não roubasse as coisas da minha mão isso não teria acontecido. — Piscou novamente. Revirei os olhos e sorri. — Isso foi um sorriso?

— É, foi. — Sorri novamente e comemorou com os punhos fechados. Empurrei levemente o seu ombro.

Como esperado, sendo o lugar mais provável do casal aparecer, reunindo suas líderes de torcida mostrava o quão sorridente poderia ser para quem estivesse ao redor.

— Se quiser podemos ir para outro lugar. — Disse, observando o quanto não estava contente.

— Não. — Abaixei a cabeça mexendo nas unhas. — Tá tudo bem. — O olhei envergonhada e sorri sem mostrar os dentes.

— Certeza? — Assenti.

Noah acabara de entrar devidamente uniformizado, colocando seu capacete e aquecendo para iniciar o treino. A nitidez das nossas trocas de olhares me deixavam desconfortáveis por ter presente a maldita chantagista, e como eram aulas vagas, me restava decidir entre ficar e assistir ou procurar outro lugar para ficar.

Por hora, fiquei alí mesmo.

O mais duro de tudo isso, era perceber que a nossa distância foi bruscamente feita por simplesmente não termos oportunidade de conversar. Me doía o coração em lembrar de como tudo aconteceu muito rápido e sem aviso prévio. Ao me lembrar da maneira em como me tocava, brincava e até mesmo beijava um sorriso singelo surgia em meus lábios. Contudo, lembrar em como minha intromissão forçada em sua vida comprometeu o que criamos, partia meu coração, por mais que no fundo não acreditasse totalmente na sua mudança.

Entre Desafios [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora