Capítulo 29

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Amber


Abri os olhos para mais um dia, era como se tudo agora estivesse cinza e nem mesmo o céu estivesse feliz pela chuva que caía. Era como se ele acompanhasse as minhas emoções e tivesse decidido demonstrar aquilo que sinto através das nuvens.

Mesmo com a companhia do Noah, considerada em um nível alto de muita importância para mim, por ele estar lá comigo em um dos momentos mais difíceis da minha vida, eu não conseguia sorrir para tal atitude.

Tendo um pouco mais de presença no caso do meu irmão, e entendendo melhor sem desmaiar ou perder o controle das minhas emoções, pude ter o consentimento de que a doença tomaria conta por completo do seu corpo e por isso as chances de receber pessoas para vê-lo era zero. Qualquer resfriado, gripe, ou outra anomalia que fosse transmitido para seu corpo poderia encurtar seu tempo de vida. Eu, meu pai e minha tia já tínhamos nos conformado de que o perderíamos por não ter o que fazer. O câncer é uma doença que vai destruindo o corpo lentamente e pode tanto ser um processo lento, quanto um longo no qual dê para manter o controle da situação dentro de casa. Por ser no estômago, por termos descoberto tarde e pelo tratamento ser difícil de se manter pelas nossas condições não favoráveis, além de estar se espalhando rápido, não havia solução a não ser aceitar que a sua partida chegaria.

Desci pronta para ir ao colégio, depois de me recusar ir as audições, teria que dar mil desculpas para a minha professora do coral. A minha vantagem era o ano estar acabando, e com ele, todos os meus sonhos de me tornar uma cantora ou tentar seguir carreira. Pela mensagem do Freddy, havia um técnico que tinha contrato com cantores famosos como jurado, e que se tivesse algum talento que despertasse a sua atenção poderia ser seu futuro aluno para se tornar do mundo, até mesmo conhecido o bastante para se tornar uma celebridade.

No momento, nada mais importava, nem mesmo meus sonhos.

Colocava os pratos sobre a mesa pensando em como a casa ficaria vazia sem o meu irmão.

— Como você está meu amor? — Meu pai carinhoso como sempre.

Me ajudava a pegar o café e nossa refeição da manhã antes de sairmos.

— Você sabe pai. — O abracei de lado segurando talheres para o açúcar.

— A cirurgia do Nicolas será hoje.

— Não se preocupe, eu estarei lá.

Começamos a tomar nosso café e o ar estava tenso. Sabíamos que novamente sentiríamos a tão temida dor de ter um espaço vazio na casa. Não que eu estivesse precipitando a morte do meu irmão, mas eu tinha que aceitar, nem que tivesse que me convencer por mal, pensando no pior.

— O café está frio. — Disse, porém riu, achando graça da situação.

— Desculpa, pai. — Comecei a rir. — Estou com a cabeça cheia.

— Você não precisa ir pra escola hoje se não quiser.

— Eu tenho que terminar a escola.

— Um dia não irá estragar o seu histórico.

— Sei que não, mas não posso faltar pelas últimas provas estarem a caminho.

Peguei sua xícara enquanto conversávamos e preparei outro café, não demorava muito e estava bem cedo, então não chegaríamos atrasados. Enquanto ele comia uma torrada, terminava de colocar os ingredientes.

— Chegou isso para você mais cedo. —  Tirou um envelope do paletó e me entregou. — Você deixou claro as suas intensões caso acontecesse algo com o Nicolas, e que essa seria a sua forma de superar.

Entre Desafios [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora