Capítulo 19: Crônicas do Shiryu (Segunda Parte)

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Seiya estava curioso para saber porque mesmo Shiryu e Shunrei namorando eles não transavam, o motivo lhe estava sendo revelado. Os dois tinham se apaixonado e levavam uma vida sexual maravilhosa, até que ela engravidou.

Shiryu havia ficado desesperado, sua família era muito pobre, como sustentaria aquele bebê? Shunrei se preocupava em ser chamada de vergonha da família, seus pais não eram pobres, mas também não tinham dinheiro sobrando. Os dois não sabiam o que fazer, eram jovens inexperientes, estavam longe de estar preparados para ser pais. Então a ideia do aborto lhes veio à mente.

Shunrei vivia atormentada imaginando o que os deuses pensariam a seu respeito. Ela teria coragem de abortar? E se tivesse, como o faria?

Shiryu vivia atormentado quando estava acordado e também quando dormia. Sonhava com os dois adultos sendo camponeses e vivendo felizes com seu bebê, mas sua felicidade era destruída quando um tigre invadia sua casa e devorava seu filho. Ele lutava contra o tigre que lhe falava coisas absurdas.

—A armadura será minha! Você não é forte o suficiente para fazer a cachoeira correr ao contrário! Nem se quer pode proteger sua família. Vou devorar tudo que você ama.

Shiryu acordou todo suado e ofegante, ele ficou atordoado, era noite, então porque estava tão claro? Ele ouviu gritos desesperados, aquela luz vermelha oscilante não era o sol. Correu até a janela e levou um susto: Os campos de arroz estavam em chamas.

Seus pais e vários vizinhos tentavam apagar o incêndio correndo pra lá e pra cá com baldes d'água. Ele correu pra fora para ajudar, se engasgou com fumaça, mas continuou correndo. Pegou um enorme balde e foi até o córrego que passava ali perto, encheu o balde, mas parou, de onde estava podia ver a extensão do incêndio.

—É inútil —Suas pernas fraquejaram —Nós vamos ter um bebê e tudo que eu tenho esta se tornando cinzas —Quando tudo estava perdido, ele ouviu uma música, se virou e viu uma garota ajoelhada nas águas orando —Shunrei?

—Oh, deuses antigos eu oro por teu auxílio. Me ajudem a salvar as terras do Shiryu.

Shiryu teve que esfregar os olhos, pois via uma aura ao redor dela aumentando cada vez mais, a água começou a se mover.

—O que é isso?

Seiya teve que parar a narrativa.

—A Shunrei já dominava o cosmo antes de vir pra cá? Uau!

—O poder dela é diferente do nosso, sua força é sua fé. Ela sempre manipulou o cosmo, mas naquele tempo achava que eram apenas os deuses agindo por ela.

Os campos de arroz estavam em chamas, e Shiryu boquiaberto ao ver uma onda d'água se erguer e descer pela colina apagando as chamas. O cosmo de Shunrei queimava até que se extinguiu e ela desmaiou.

Shiryu correu até ela, a pegou em seus braços e a levou ao curandeiro da vila, aquele foi seu pior erro...

Os pais dela foram chamados, depois de examina-la o curandeiro disse que se tratava de exaustão, no entanto, havia outra coisa que precisa lhes contar...

—Grávida? Minha filha esta grávida?!

Dali em diante a vida de Shunrei virou um inferno. A notícia se espalhou, na escola suas amigas se afastaram a mando dos pais, para evitar a má influência. Os professores que antes a adoravam, agora a olhavam com desdém, por onde passava escutava os cochichos: "Promíscua... Tão nova e já é puta... Sabia que essa de santa só tinha a cara".

Shiryu foi obrigado a largar a escola e trabalhar ainda mais na lavoura. O aborto agora estava fora de cogitação, seus pais decidiram que ela teria a criança e depois a dariam para a adoção. Shunrei se sentia totalmente impotente, seu corpo não era mais seu, já tinham se passado dois meses, sua barriga estava começando a crescer.

Ela chorava todas as noites, só parava quando o Shiryu invadia seu quarto no meio da noite.

—Eu não aguento mais isso, Shiryu... As vezes queria nunca ter transado —Aquilo cortava o coração do garoto, pois todas as vezes que tinha ficado com ela eram as melhores lembranças de sua vida.

Eles foram interrompidos, Shiryu ouviu passos e correu para debaixo da cama, era a mãe de Shunrei.

—Querida, desça, temos visitas —Quem seria àquela hora da noite? Shunrei saiu do quarto e Shiryu da casa, para espiar pela janela da sala.

Um velho as aguardava junto de seu pai. Shunrei ficou nervosa, mas ele tinha um sorriso bondoso.

—Shunrei, esse senhor é o diretor de um Internato, ele... Diz que é para crianças dotadas e que os pais recebem uma ajuda financeira.

Shiryu ficou chocado, eles iam vender a Shunrei! Se livrar da filha mau falada! Ela olhou para janela, seu olhar era de desespero. Shiryu não conseguiu ficar parado, escancarou a porta e entrou.

—Vocês não vão vende-la!

—O que é isso? Como ousa invadir a minha casa? —Bravejou o pai. Shiryu só fez erguer a mão e Shunrei entendeu, ela foi até ele, segurou sua mão e correram juntos —Shunrei!

Eles correram floresta à dentro, correram pelo caminho para a cachoeira onde tinham passado seus melhores dias juntos. Não disseram nada, demoraram muito para se cansar. Shunrei sentiu-se livre depois de muito tempo, mas teve que perguntar.

—O que vamos fazer? Pra onde vamos?

—Eu não sei, mas não vou deixar que te tirem de mim! —O coração dela transbordou de amor.

—Então que seja pra qualquer lugar, eu te seguirei para onde for. Vamos ficar bem contanto que fiquemos juntos.

E assim o casal apaixonado fugiu deixando todo o sofrimento para trás, sem nem desconfiar que havia muito mais à frente.

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