Internato do Zodíaco

Capítulo 28: As Crônicas do Hyoga (Segunda Parte)

O pequeno Hyoga tinha encontrado uma forma divertida de passar seu tempo no navio do Japão para Sibéria, ele ia para o andar dos motores, lá havia uma sala de repouso dos funcionários que vivia fazia, ele entrava, trancava a porta e usava seu novo truque, congelava o chão e começava a patinar no gelo, arriscava dar piruetas, escorregava de uma extremidade à outra se divertindo a beça.

Depois que ganhou confiança com sua performance, foi para sua cabine, congelou o chão e apresentou seu número de dança para sua mãe.

—Você é tão talentoso, Hyoga —Natassia estava surpresa com os poderes do filho, mas foi graças à eles que estavam vivos e ricos. Ela ainda tinha pesadelos com aqueles homens, mas sempre acordava feliz em poder abraçar seu filho. O importante era fazer com que ele não se sentisse culpado pela morte daqueles malditos —Filho, você não sabia o que estava fazendo, não se culpe.

—Eu não me culpo, eu salvei você, mamãe. Eles eram caras maus, antes eles do que nós —Ela não imaginava que seria tão fácil, mas que bom, então deu de ombros e se divertiu com seu amado filho especial.

Depois de tanto sofrimento eles enfim poderiam desfrutar das alegrias de uma nova vida começando do zero na Sibéria. Entretanto a vida as vezes tende a estragar nossos planos. Quando o navio chegou no mar da Sibéria, ocorreu um problema nos motores iniciando um incêndio. Era noite e Natassia dormia calmamente, um sono sem pesadelos. Hyoga tinha saído de fininho para ir no salão de eventos roubar uma flor dos arranjos para presentear sua mãe.

Quando o alvoroço começou foi muito rápido, Hyoga viu as chamas, as pessoas correndo para os botes salva-vidas e então correu em direção a cabine de sua mãe. Houve uma violenta explosão que abriu um enorme buraco no casco do navio, outras explosões se sucederam chacoalhando a embarcação, as chamas chegaram aos botes e as cabines, era um inferno de fogo e água. Uma das explosões jogou Hyoga pra fora do navio.

—Mamãe!

O navio começou a afundar rapidamente, algumas pessoas se jogaram na água, mas o frio era tão intenso que elas perdiam as forças e afundavam. Hyoga assistiu horrorizado as pessoas afundarem pálidas de frio. Natassia morreu dormindo tão pacificamente que permaneceu deitada em sua cama no fundo do oceano.

—Mamãe!!!

O cosmo do Hyoga explodiu como uma fúria da natureza a água à sua volta congelou por quilômetros, logo o garoto chorava sobre uma gigantesca geleira. Ele desmaiou de exaustão, morreria ali, finalmente na Sibéria.

Hyoga acordou ouvindo o crepitar de uma lareira. Seu corpo tremia, mas estava enrolado em grossos cobertores. Ele se levantou assustado sem saber onde estava.

—Acalme-se! —Um homem de longos cabelos azuis tentou acalma-lo, mas só o amedrontou mais.

—Quem é você? Onde eu estou? Cadê a minha... —Ele se lembrou do navio afundando e caiu no choro —Minha mãe esta morta.

—Eu sinto muito. Tome, beba, é chocolate quente. Você esta na minha cabana de férias. As vezes gosto de vir passar umas semanas aqui, tirar uma folga do meu trabalho. Eu me chamo Kamus, sou um... Professor.

—Obrigado, você me salvou de morrer congelado.

—Na verdade não fui eu, foi o Isaac —Ele apontou para o outro lado da sala e Hyoga percebeu que não estavam sozinhos, havia mais um garoto, ele devia ter a sua idade, seus cabelos eram verdes e sua cara era de poucos amigos —Ele te encontrou e te carregou até aqui nas costas.

—Não exagere a história, mestre Kamus. Eu o trouxe no treno, foram os cachorros que fizeram o trabalho pesado. Se eu estivesse a pé teria deixado ele lá mesmo —Isaac virou a cara com desdém.

—Obrigado por me salvar —Agradeceu o loiro e o outro enrubesceu com a cara virada.

Hyoga fez uma pausa na narrativa, Seiya e Shun lhe deram pêsames e depois fizeram alguns comentários.

—Então você conheceu um dos professores antes de vir pra cá —Comentou Seiya se lembrando do Kamus de Aquário do incidente com a Shina e a Saori.

—Eu não lembro de ninguém aqui com o nome Isaac —Comentou Shun.

—Como tudo na minha vida, nada sai como o planejado.

Naquela noite na cabana de férias, os três conversaram muito. Isaac fez um comentário que despertou curiosidade em Kamus pelo Hyoga.

—Quando eu corria de trenó, achei estranho que a borda da geleira parecia mais distante, logo me espantei ao ver quilômetros e quilômetros de gelo novo. Como isso pode acontecer da noite pro dia?

Hyoga olhou para sua caneca de chocolate quente, não podia revelar seus poderes. Kamus o encarou pensativo: "Será que foi esse garoto? Será que ele possui o cosmo do gelo como eu?".

Hyoga contou sobre o incêndio no navio que em seguida afundou. Ele agora não tinha para onde ir.

—Eu vou ficar aqui por algumas semanas, pode ficar conosco por este tempo. Depois viajarei para o Japão de volta para o Internato onde moro e leciono. Você pode ir conosco para o Japão, ou ficar aqui nesta cabana, estou mesmo precisando de um caseiro para cuidar do lugar.

Hyoga ficou muito feliz, pois antes estava perdido e agora tinha até opções. Só haviam dois quartos, ele teve que dividir uma cama de casal com o mal humorado do Isaac. Na verdade o garoto era gentil, mas tímido e carrancudo, dois dias depois já eram amigos.

—Aquelas foram algumas das semanas mais felizes da minha vida —Contava Hyoga —Eu e o Isaac vivíamos brincando e brigando. No início nunca imaginária que seria com ele que perderia tanto meu BV quanto minha virgindade.

—O quê?! —Exclamaram os outros dois.

—Nunca lhes contei que sou bissexual?

—Não! —Exclamou Shun quase eufórico. Ele nem sentiu ciúmes do tal Isaac, só de saber que seu crush curtia garotos, ganhou seu dia. Seu coração quase saía pela boca. Ele podia investir no relacionamento que tanto imaginava.

—Conta os detalhes que o Shun gosta de ouvir —Brincou Seiya.

—Seiya! É você quem gosta de ouvir! Eu gosto de fazer —Rebateu Shun.

—Você ganhou essa, Andrômeda —Ele se deu por vencido e o Hyoga caiu na risada.

—Vamos concordar que todos somos safados e eu lhes conto os detalhes.

E o Hyoga prosseguiu, dessa vez narrando a parte mais quente da sua história fria.