Esperança

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Alice

As palavras de Dylan foram recebidas como um soco no estomago, e a dor que sentia foi neutralizada como se meu corpo estivesse anestesiado. Minha mente já não raciocinava direito e eu não conseguia dizer nada, não tinha forças para saber o motivo do termino e nem para me defender, a única reação do meu corpo foi chorar, colocar para fora os sentimentos horríveis que estavam dentro de mim.

- ... e é por isso que precisamos romper nosso casamento. Arthur não pode viver sofrendo por nos... - ele continua falando, e falando...

- Já chegaaaa! - o interrompo com um grito. Já não aguentava mais ouvi-lo falando. - Você quer o divorcio? ótimo você terá, mais agora some da minha frente, eu tenho que resolver as situações por aqui, seu hipócrita.- Eu surtei.

Saio do carro, apresso os passos e volto para a casa, vejo Samantha em pé na frente da janela e vou correndo abraça-la. Ela me abraça forte e começa a chorar comigo.

- Obrigada mais uma vez por ter vindo Sam. - digo.

- Eu disse que iria estar com você. - ela diz.

...Uma semana depois...

Já se passaram sete dias desde que meu pai morreu, e a ficha ainda não caiu. Arthur e eu optamos por ficar aqui com minha mãe até ela se sentir melhor sozinha, o Dr. Augusto também se voluntariou em ficar aqui para nos ajudar com a casa, ele foi muito cuidadoso com minha mãe e a relação que ela tem com ele não me agrada muito. Meu irmão voltou para sua casa com Olivia e Zoe e Samantha voltou para Califórnia com Dylan.

Bom, por falar no Dylan, conversamos depois do enterro do meu pai, e como estava emocionalmente abalada pelos acontecimentos, ele propôs que cuidaria dos papeis do divórcio, então seria um assunto a menos para me preocupar. Confesso que mesmo tendo concordado, não consigo acreditar que durante esses três anos dedicados a ele e minha família, não tenha nenhum significado. Eu ainda tenho esperança de que tudo isso vai passar e ele vai repensar e voltar para nossa família, mas por enquanto meu plano é ficar por aqui ajudando minha mãe e deixar Dylan pensar.

Hoje pela primeira vez, me sinto bem, o dia está lindo, o sol resolveu me fazer uma visita pela manhã sobre as brechas da cortinas do meu quarto, o que me deixou feliz. Veio-me a lembrança do meu pai que sempre dizia que se o sol tocasse seu rosto de manhã, significaria que coisas novas aconteceriam então hoje uma nova pagina na minha vida estou escrevendo. Aqui do quarto, sinto o aroma delicioso do café que vem da cozinha, me apreso em minha higiene pessoal e desço para saborear um bom café fresco.

- Bom dia mãe, Dr. Augusto. - digo assim que os vejo na cozinha.

- Bom dia meu amor, como dormiu está noite? - diz ela preparando os ovos.

- Bom dia Alice, e, por favor, já disse que não precisa dessa formalidade toda comigo. - diz Augusto levando sobre a boca uma xícara de café. - Me chame de Augusto ok? - completa.

- Ok Augusto. - digo e percebo que Arthur não está envolta da ilha. - e Arthur mãe?

- ele esta no jardim com a Flora. - diz

Flora é uma das empregadas mais antigas, cuidou de Brian e de mim quando éramos crianças e sempre ajudou minha mãe com a casa. Sim, minha mãe tem empregada mais ela não abre mão de cuidar da casa, então tem Flora para ajudá-la.

- Venha comer Alice, não esta comendo como deveria. - diz mamãe.

-Pelo aroma acredito que este café está maravilhoso - falo pegando uma xícara. - Vou ficar apenas com o cafezinho, obrigada!

- Sem essa, sente-se e coma. - me obriga.

Sem discutir, pego uma cadeira embaixo da ilha e me sento, minha mãe parece muito animada hoje, e Dr. Au... O Augusto, também parece muito bem. Sinto uma leve intimidade de ambos e isso me incomoda. Lembro do que meu pai disse sobre (ela ser feliz com ele), "será que ele estava se referindo ao Augusto? Será que ela mantinha um caso com ele?" Não entendo. Meus pensamentos me levam até as palavras do meu pai... (... eu não me perdoei, devia ter contado a vocês o que realmente aconteceu e... filha diga a Arthur que o segredo é amendoim, cof, cof... E preciso que você saiba que a Saman...) "Do que ele não se perdoou? O que ele devia ter contando? Amendoim? E Samantha, o que tem ela?" -Tantas dúvidas mas fui interrompida.

- Planeta terra chamando, alôo.. - Augusto me encara esperando uma resposta.

- o que foi Alice, parece perdida? - minha mãe me encara.

- não... é que - penso e completo - bom Augusto quando vai embora? - sou direta. Os olhos deles se arregalaram com a pergunta. O olhar da minha mãe dizia que ela iria me chamar atenção assim que estivéssemos sozinhas.

- o que é isso Alice? ...

- Tudo bem Anne, não tem problema. - Augusto diz sorrindo. - Bom eu Irei hoje mesmo Alice, me ligaram e precisam de mim no hospital. Sua mãe parece bem e com vocês por aqui não precisarei me preocupar tanto com ela. - assim que fala, ele sorri para ela.

- Ótimo! - digo

- Alice! - diz ela com tom de repreensão.

A porta dos fundos é aberta de uma forma nada delicada, e o barulho faz com que o gelo do ambiente causado pela minha inconveniência se quebre.

- Mamãeeee, - Arthur entra correndo e gritando pela casa quando me vê. - mamãe a tia me mostrou as florzinhas, como é mesmo o nome? ...- ele para e pensa com uma das mãos no queixo, e é tão lindo meu pequeno e logo fala-... Otidias lá do jardim, vem vê mamãe. -mesmo pronunciando errado consigo entender, ele me puxa eufórico e me leva até o jardim, fico feliz por ele ter aparecido e me tirado daquela situação.

Passei a manhã toda com Arthur no jardim, ele me contava entusiasmado tudo que havia aprendido com Flora, e confesso que fiquei impressionada com a inteligência e mente fotográfica de Arthur. Em pouco tempo escutando as pequenas aulas de Flora, aprendeu tudo sobre as rosas no jardim da mamãe. Eu o observo e noto como meu pequeno ser humaninho esta crescendo, seus traços me lembram muito Dylan, e mesmo que eu tenta esquecer, será impossível, pois a cada dia que passa Arthur se parece ainda mais com ele, menos os olhos azuis, que foram as únicas partes que ele herdou de mim.

- Alice querida venha almoçar! - minha mãe chama nossa atenção da porta da cozinha, ficamos tão empolgados com as rosas que não vimos o tempo passar.

Durante todo o almoço, fiquei pensando em como Dylan estaria, senti uma saudade imensa.

- preciso ir para a casa, pegar alguns pertences. - digo, seria a única forma de saber como ele esta.

- você não quer ir para ver, - ela pausa, - você sabe quem né? - continua.

Mamãe me conhecia melhor do que qualquer pessoa, e seu olhar sobre mim estavam me repreendendo por isso, ela sabia qual o real motivo de voltar.

Logo que termino, organizo algumas coisas que precisaria durante a viagem, e com ajuda de Arthur levo para o carro. - deixa ir com voxê mamãe? - foram as palavras dele assim que entro no carro.

- A mamãe já volta querido. - minha mãe diz para acalmá-lo. Eu sei que ele tem saudades do pai, mais precisaria conversar com ele sozinha.

Durante o caminho, ao som de "Smoke On The Water" sinto uma paz que há tempos não sentia. Eu deveria estar triste com a separação, mas estava me sentindo bem, no fundo algo me dizia que era um erro voltar e tentar reatar meu casamento. A viagem toda procurei jeitos e palavras para chegar a Dylan, mais eu sabia que no momento em que colocasse meus olhos nele, tudo o ensaio seria perdido.

"Welcome to Califórnia" são as palavras escritas na placa no inicio da cidade. - cheguei- digo para mim mesmo. O frio na barriga começou, e consequente a isso minhas mãos suaram. O dia estava se findando e de longe avistei o por do sol, isso acalmou minha ansiedade e fiquei grata por ser acordada por ele, e me despedir dele. Passaram mais alguns minutos e logo estava na frente de casa.

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Será que Dylan vai se arrepender e querer Alice de volta ?

Aguardem os próximos Capítulos.

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