O Telefonema

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Alice

Eram 04h55min da manhã de uma quinta- Feira, fria na cidade da Califórnia. Acordo ao som do telefone que insistentemente não parava de tocar. Alcanço o interruptor e ligo o abajur, levanto-me apressadamente sem  tempo para calçar meus chinelos  sobre o tapete no chão, pego meu roupão jogado na poltrona. Saio do quarto e sigo no corredor até avistar o telefone sobre a mesinha no final dele. O som alto me faz temer, e o pego antes que o barulho acorde Arthur.

-Alô? - digo baixinho. Do outro lado da linha, uma voz chorosa e trêmula me responde.

- Aa.. Alô filha?- diz minha mãe, que chora.

- Mãe o que aconteceu? - pergunto confusa, alguma coisa está errada. Além disso, ela não me liga esse horário, a não ser que algo grave aconteça.

- Meu amor, preciso de você. Aconteceu... - um silencio repentino surge por um momento, mas logo é quebrado. -... Algo que não sei como, mais seu pai filha...

Nesse momento minha mãe não se controla e chora ainda mais, só confirmando minha desconfiança. Dei uma resposta rápida - Dentro de duas horas estou aí. - pois a ansiedade de encontrar minha mãe e ajudá-la, me faz temer de que todo minuto perdido seja tarde demais.

Viro- me desligando o telefone e indo em direção ao quarto de Arthur que ufa, continua dormindo.

Volto para meu quarto e vejo que Dylan  nem se mexeu. "O mundo pode acabar que esse homem não acorda por nada". - digo em pensamento.

...
Dylan e eu nos conhecemos na cafeteria, derramei café quente sobre ele na saída, estava distraída conversando com minha amiga há quatro anos atrás. Recordo-me como se fosse ontem, ver aquele homem alto, forte e bonito, mas o que me chamou atenção foi uma tatuagem no peito que queria aparecer. Ele estava furioso lançando sobre mim um olhar de ódio e dor por ter café quente em sua roupa. Foi uma confusão, dei a ideia de tirar sua jaqueta e sua blusa para evitar ainda mais, uma queimadura que poderia se agravar. Minha ação inocente causou uma surpresa para mim após ver a outra parte da tatuagem que se completava em traços finos no peitoral daquele rapaz, que me fez suspirar, não só a mim mais á Samantha com certeza. Mas depois que todos nos acalmamos, o amigo dele e Samantha, minha melhor amiga riam descontroladamente daquela situação, que até então se tornou engraçada, não para Dylan  por causa da dor e para mim que estava muito envergonhada, mais para eles que assistiram toda a cena.

Depois desse episódio, nos tornamos amigos e por fim namorados. Aconteceu tudo muito rápido, ele foi completamente encantador, me apaixonei e perdi minha virgindade com ele, e o que foi aquilo? Foi horrível, nunca imaginei que iria doer tanto. Mas depois de um tempo percebi que tinha algo errado comigo, minha menstruação atrasou, meus seios incharam e doía, uma cólica forte me fez ir ao hospital, e foi aí que descobri minha gravidez de quatro semanas. Então Dylan e eu fomos morar juntos, e assim que realmente nossa história começou.
...

- Dylan, querido! - o chamo na tentativa de acordá-lo mais sem sucesso - Dylan  acorda, aconteceu algo e minha mãe precisa de mim.

Ele se vira meio tonto de sono, e abre os olhos devagar, a luz do abajur faz com que seus olhos se irritem um pouco. Ele os esfrega com uma das mãos e me olha.

- O quê aconteceu, Alice? - disse ele se curvando para pegar o celular que estava por baixo do travesseiro. Ele definitivamente odiava acordar cedo, então vocês já imaginam a cara de bravo que ele está.

Não dou importância para seu semblante, saio do seu campo de visão e caminho até  meu guarda-roupa, pego minha mala logo acima e jogo o necessário nela, organizo meus documentos e verifico se está tudo certo.

Caminhos Cruzados Desejos OcultosOnde histórias criam vida. Descubra agora