A Biblioteca

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Dener

O jantar na casa dos Parkers era o assunto do momento. Vários fotógrafos tiravam fleches e mais fleches dos convidados que chegavam e atravessavam o tapete vermelho na porta da mansão.
O salão repleto de convidados elegantes e importantes, pessoas que nunca havia visto e outras familiares aos meus olhos.
De longe avisto meu pai e meu irmão conversando com algumas pessoas.

Matt percebe minha presença e acena com uma das mãos me chamando. Caminho em sua direção. Eles conversavam com donos de outras empresas, inclusive o Senhor Roger, até que grande parte do salão olha para a porta da mansão e uns murmúrios me chamam atenção e olho também. 

Lá está, entrando pela porta e caminhando pelo salão, a joia mais linda de toda noite.
Vestida de Rubi, Alice arrebata todos os olhares do salão, os olhos dela me hipnotizaram como na primeira vez que  os vi. Ao lado dela estava Max, peito estufado como se fosse dono daquela mulher.

- Você vai seguir meus passos maninho? - diz Matt me chamando atenção enquanto também olhava Alice.

- Claro que não!- digo.

Me viro e vou para sala de jantar. Cecilia está conversando com Miranda e ambas estão deslumbrantes. Peço para Miranda pedir a um dos empregados me levar petiscos e bebida na biblioteca.

-Você está bem querido ? - diz Cecilia.

-Sim, só minha cabeça dói pouco. Está muito barulho, vou para a biblioteca! Pode me avisar quando iniciar o jantar?

-Sim Dener, eu te aviso.

Mentira, não estava sentindo dor, só queria uma desculpa para sair daquele lugar. De alguma forma, ver Alice com Max me incomodava. Pelo pouco que á conheço, Alice é uma mulher doce e delicada, e eu sei que Max usa as mulheres como objetos sexuais apenas. Mais com minha Alice ele não vai mexer !

Entro na biblioteca e fecho a porta atrás de mim. "Espera! eu disse minha Alice?" penso. Bom pode ser que daríamos certo. " Alice Parker" sorrio com a possibilidade.

A biblioteca está vazia, apenas os livros me fazendo companhia. Ando em frente as prateleiras dedilhando os livros calmamente. Silenciosamente tranquilo e cheio de paz, me sinto bem. Até que o silêncio é quebrado pelo toque da porta que um dos empregados acaba de fazer. De onde estou, ele não consegue me ver, até tenta me procurar mas não enxerga. Deixa a bandeira sobre a mesinha de centro e sai.

Alice

Todos os olhares estão sobre mim, minha bochecha cora e Max se aproveita da situação agarrando meu braço, me levando até os convidados do Senhor Parker.
Vejo Dener sair da presença deles assim que me vê entrar, acho que está nervoso comigo pela minha intromissão mais cedo.

Me sinto incomodada com os olhares do Senhor Parker sobre mim e dos outros homens que mesmo acompanhado não se intimidam em me comer com os olhos. Matt nota minha inquietação e me leva até Cecilia e outras mulheres que conversam em outra parte do salão.

A mansão é muito linda, num estilo moderno e rústico, me encantava cada detalhe daquele lugar. Nunca imaginei que um dia estaria perto de pessoas tão ricas em um lugar como esse.

O tempo foi passando, conversas e mais conversas em todo salão. Conheci algumas pessoas que me foram apresentadas e quando finalmente todos convidados chegaram o Senhor Parker anunciou o início do jantar.
Todos nós fomos encaminhados até outra área da mansão, onde tinha mesas de jantar enfeitadas e preparadas para nos receber. Na frente tinha um palco e o Senhor Parker e Matt preparavam para iniciar o discurso.

-Alice, por favor, você pode ir chamar o Dener na biblioteca? - diz Cecilia. - Avise que o jantar será servido após o discurso dos senhores.

Assenti com a cabeça e segui pelos corredores procurando a biblioteca.
A mansão é enorme, facilmente me perderia nela se não fosse um dos mordomos para me mostrar o caminho.

Ao abrir a grande porta me deparo com um sonho repletos de livros. Meus olhos brilham com o que vejo. Caminho até uma das prateleiras e observo com cuidado para não tirar nada do lugar. Até meus olhos encontrarem um livro de Shakespeare, não me controlo e o pego em minhas mãos, folheio delicadamente, sinto em meu pescoço o sopro de respiração, o que me faz pular de susto. Olho rapidamente e o vejo parado com uma taça em uma das mãos. 

- O que faz aqui Alice? - diz Dener. 

- Desculpe... eu...só... - minha voz embarga. 

- Tudo bem! pode pegar quantos quiser. Gosta dos livros? - pergunta indo em direção a mesinha pegando mais uma taça e servindo vinho. 

- Sim! - digo pegando a taça da mão de Dener. - apesar de que faz um tempo que não leio um bom livro.

- Aqui tem ótimos livros, eu mesmo poderia te indicar muitos. - diz, da um gole na taça e volta a falar.- Eu vivia aqui quando criança, adorava ouvir as histórias que minha mãe lia para mim. Ficávamos horas aqui dentro, até houve uma vez, que não vimos a hora passar e dormimos aqui nesta poltrona.

Para um momento de falar, fita os olhos na poltrona e fica alí, viajando nas lembranças. Eu continuo em silêncio o observando, os seu olhos tristes.

Percebo seus traços, seu jeito. Aquele pequeno discurso me mostrou um homem sensível que buscava consolo. Em tempos notei o amor pela mãe, e sua repulsa pelo pai. A curiosidade bate e solto uma pergunta.

- O que aconteceu com sua mãe? - Essa pergunta o levou a me olhar, seus olhos miraram nos meus. A respiração ofegante, e os lábios trêmulos tentando buscar palavras.

Eu já esperando ser repreendida, pela minha inconveniência e minha boca grande. Mais dessa vez foi diferente.

- A história é longa Alice. - Diz calmo.

- Imagino, mas... Se não houver problema, serei toda ouvidos. - digo e um sorriso tímido brota em seu rosto.

- Você é linda !

Sinto meu rosto corar, só que dessa vez não é vergonha mas de espanto. Não esperava ouvir as palavras nesse momento.
Ele continua me olhando, se aproximando de mim toca em meu rosto. Ele fechas os olhos, e nesse momento minha cabeça está pensando em "N" coisas. " Vai me beijar", " Vai me agarrar", "o que estou fazendo aqui", "saudades de um beijo", " Alice para, ele é seu chefe"... Dessa vez vem me surpreende com um sussurro em meu ouvido, dizendo:
- Desculpe!

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