Descoberta

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Alice

- Ué, de quem será este carro? – me pergunto ao ver um automóvel na frente de casa. Desço do carro e paro em frente à porta, repito mais uma vez as palavras ensaiadas minutos antes, e abro a porta de uma vez.

Olho em volta e aparentemente esta tudo da mesma forma que havia deixado quando sair. Caminho pelo corredor e ouso uns sons vindos do andar de cima. A cada degrau que subo o som vai ficando mais evidente, e meu coração congela ao ouvir uma voz familiar demais para mim. – Samantha!- indago "o que ela esta fazendo aqui? "– penso e minha mente tenta não pensar na pior hipótese do que poderia estar acontecendo. Quando cheguei ao corredor já sabia o que estava acontecendo, minha mente repedia diversas vezes "não vá!", mas minhas pernas me levavam direto para o abismo dos fatos.

Ao chegar à porta do meu quarto, já não haviam duvidas. Eram Samantha e Dylan juntos, abro a porta devagar e me deparo com uma das cenas mais dolorosas que uma traição pode causar. Os olhares deles para mim foram como um tiro no peito, cada pulsar do meu coração fazia meu estomago revirar, o sangue fervia dentro de mim e o ódio já era notável em meus olhos.

- Alice! Eee... Eu posso explicar. – diz Samantha cobrindo seu corpo nu. – amiga... – ela fala enquanto fico parada tentando assimilar o que meus olhos veem.

Não ouso nenhuma palavra que esta sendo pronunciada, só fleches de uma vida inteira de momentos com minha melhor amiga na mente. Tento achar uma saída para meus pensamentos e acordar desse pesadelo mas é real, e como um banho de agua fria a realidade me acertou em cheio. Meu irmão estava certo ao dizer que temos que passar por momentos de dores para suportar outras maiores.

- Eu imaginava todas, menos você . – digo olhando-a nos olhos, que se cala e percebe a merda que fez. - buscando felicidade à custa do que é das pessoas Samantha?. – pergunto e os olhos vermelhos dela indicam que as palavras foram certeiras.

- Não fala assim com ela Alice! – Dylan a defende.

As palavras de Dylan feriram meu ego. – enganada toda esse tempo! – digo, minha mente estava uma confusão e não sabia ao certo o sentimento que estava dentro de mim.

- Alice, por favor... Me perdoe. – Samantha fala chorando. Eu não consigo acreditar nas lagrimas que saem dela. Ela estava com meu homem, meu marido, não tínhamos nos divorciado ainda.

- Como vocês puderam me trair dessa forma, você que eu considero como irmã Samantha? Por quê? – meu desespero transborda.

- Alice aconteceu. – diz Dylan colocando suas calças.

- eu estava vulnerável Alice, por favor, amiga.

- para de falar, por favor, porra! – digo irritada. – você não pensou em mim quando estava montada nele. – ela se cala.

- Alice, vamos conversar, desce e espera agente na sala, toma uma água e tenta se acalmar. – disse Dylan. A forma fria como ele me tratava estava vindo a tona, ele sempre foi assim mais como uma tola apaixonada não percebia. Mas agora tudo está claro, e sei que não mereço viver de migalhas. Eu estava disposta a tentar, recomeçar, mas ele não.

- você está louco? Eu não tenho nada para conversar com você. Vejo que você já se decidiu – digo e olho para os dois. – vocês se merecem. – digo saindo do quarto fechando a porta atrás de mim.

No fundo ouço Samantha me chamar, mas deixo falando sozinha. A única coisa que queria naquele momento era uma boa bebida para me fazer perder a noção da minha existência.

Samantha

- Eu não acredito que permitir isso acontecer! – falo com as mãos na cabeça, Dylan me olha e se senta ao meu lado.

- A culpa não é sua Sam, cedo ou tarde ela iria saber e é bom ela ter descoberto agora. – diz Dylan.

- por quê? – pergunto.

- quanto mais cedo ela chorar, mais ira se recuperar. Agora pare de chorar, até parece que você quem foi traída. – ele sorri irônico.

As palavras de Dylan eram frias – "como ele conseguia ser tão insensível?" penso. Meu coração palpitava de tristeza, eu não queria ter feito Alice chorar, o plano não saiu como o esperado. Eu amo Dylan mais não sei como me tornei essa pessoa má. Todas as palavras que ela disse sobre mim são verdadeiras, eu não consigo ter minha própria felicidade, sempre dependi das pessoas, sempre quis o que elas tinham. Fico remoendo meus pensamentos por alguns segundos enquanto Dylan tenta insistentemente ligar para Alice.

- desiste, ela não vai te atender. – digo.

- droga! Eu não queria que as coisas fossem assim.

- eu sei Dylan, mas... – sou interrompida.

- Sam é melhor você ir embora. – Dylan fala. Seu semblante está diferente de alguns minutos atrás.

- você esta me dispensando?- pergunto.

- não gata, é que estou cansado, e de cabeça cheia e dos dois sentidos. – continua - Então melhor você ir.

Levanto da cama e termino de colocar minhas roupas. Dylan sai do quarto e até o momento não pronunciamos nenhuma palavra um com o outro. Fiquei aliviada com ele fora do quarto, senti um incomodo de estar nua em sua frente.

Desci as escadas e o vi na cozinha, o observei por um tempo " como ele pode agir como se nada estivesse acontecendo?"penso e logo saio pela porta antes que ele me veja.

Dentro do carro, lembro que Alice e eu íamos juntas num bar quando as coisas não ia bem na minha casa, era nosso ponto de encontro quando queríamos chorar e esquecer as dores da vida. – Com certeza ela estará la! - Sigo em direção ao bar e pelas janelas consigo ver a movimentação, só que nenhum sinal de Alice. - que estranho! – indago. – era para ela estar aqui. – escolho sair do carro para dar uma olhada mais de perto mais sem sucesso, nada de Alice, então decido ir para casa. No carro pego meu celular e tento ligar para ela mais a ligação só na caixa postal.

Em casa, passo pela sala e vejo que a cozinha esta acesa, meu pai esta preparando algo. Assim que entro, ele me recebe com um lindo sorriso, o suficiente para me fazer chorar novamente.

- Sam! O que ouve filha? – diz me abraçando.

- só continue me abraçando. – digo

- Claro princesa! – ele diz. – só se lembre, que quando o mundo estiver desmoronando ao seu redor , siga seu coração pois ele sempre te coloca no caminho seguro princesa. – completou.

Ficamos por bastante tempo abraçado, pude ouvir o coração do meu pai e me lembrei do pai de Alice. Eu estava muito feliz de ter meu pai num momento como este, e me senti grata.

- obrigada pai! – agradeci e o soltei. O olhar dele para mim me confortou. Eu o amo e sei que ele sempre estará comigo.

- De nada minha princesa... Mas me conte o que aconteceu?

- pai, fiz uma merda feia pai, mais não se preocupe... - digo e me sento na cadeira. Sinto um cheiro maravilhoso de comida. – o que esta preparando?

- há, você sentiu... Estou preparando bolinhos de carne, esta com fome?

- muita papai. – digo e ele sorri.

- adoro quando você me chama assim sabia? Papai...

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