Little Town.

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Hermione Jane Granger vivia em uma pequena e calma cidade em que todos os dias são iguais ao anterior. Ela morava junto a seu pai Maurice Granger, um inusitado artesão de brinquedo e inventor, em uma pequena casa não muito longe do mercado que ficava no centro da pequena cidade.

Como em todas as manhãs, Mione acordou alegre e enquanto fazia seu caminho para a pequena paróquia no centro da cidade. Vestindo seu típico vestido azul, ela cantarolava sonhando com algo mais que apenas uma vida provinciana em uma pequena cidade da Inglaterra. A jovem sempre fora considerada a mais bela, com suas feições delicadas, cabelos e olhos castanhos expressivos que realçavam a personalidade gentil e curiosa.

Hermione adorava ver como todos os dias, pontualmente a cidade despertava às oito horas da manhã, e assim seguiam os ininterruptos "Bom dia" que todos desejavam uns aos outros, desde donas de casa, que abriam suas janelas para estender as roupas, a cada um dos jovens trabalhadores que abasteciam o mercado com os mais diferentes produtos.

- Bom dia, Mi! O pão está fresquinho. Vai querer? - Perguntou Ronald Weasley, o sexto filho do padeiro e seu grande amigo, enquanto ele colocava o tabuleiro, repleto dos cheirosos e crocantes pães, sobre o suporte para assim vendê-los.

- Bom dia, Ron. E aqui, muito obrigada! - Agradeceu após entregar as moedas e pegar o pão, o colocando no pequeno saco de tecido preso a sua cintura. Voltando assim a sua caminhada.

- Ah! Bom dia, Hermione!

- Bom dia, Harry! - Cumprimentou seu melhor amigo de infância. - Perdeu alguma coisa de novo, Potter?

- Acredito que sim, mas o problema é que não consigo lembra o quê? Ou talvez... Quem? - Disse realmente aturdido, mas após ouvir a risada da amiga apenas sorriu. - Acho que preciso compra um Lembrol. - Notando a confusão nos olhos da garota apenas continuou. - Tenho certeza que lembrarei! E para aonde você está indo?

Lembrol, ela já tinha ouvido o termo em alguma conversa dos amigos sobre uma vida que ela não fazia parte, uma vida que ela não podia fazer parte. Rapidamente toda aquela alegria matinal se esvaiu e a dor em seu peito cresceu, era uma angustia constante que fazia seu sangue correr como tinta espeça em suas veias. Felizmente havia momentos que aquela dor não passava de um incomodo ameno, um eco daquilo que ela tentava sufocar e esquecer.

- Devolver este livro do Padre Longbottom. - Disse mostrando o livro enquanto tentava controlar a respiração e pensar em outra coisa que não o aperto constante em seu peito. - É sobre dois amantes em Verona!

- Parece chato. - Brincou o amigo sem perceber qualquer mudança na amiga a sua frente.

- Não pior que o do outro dia, Harry. - Riu Ron ao entrar na conversa. - Era algo sobre feijões mágicos e Gigantes! Ou seriam Ogros?

A jovem apenas revirou os olhos enquanto seus amigos riam. Respirando calmamente tinha conseguido retomar o controle e assim permitiu que um pequeno sorriso escapasse dos seus lábios tanto pelo cometário dos amigos sobre suas escolhas literárias como por ser graça a alegria simples e genuína dos dois que ela não se perdia em si mesma.

- Ronald Billius Weasley!!! Não se esqueça das Baguets ou arrancarei suas orelhas!!! - Gritou Molly, matriarca da família. Gerando uma série de gargalhada entre Harry e Hermione quando viram o amigo ficar vermelho de vergonha pela mãe usar seu nome do meio.

- Bem vou indo. - Despediu-se.

Enquanto a morena caminhava pelo mercado não era difícil ouvir as conversas e cochichos sobre ela. Alguns diziam que ela era "Estranha, sem dúvida.", outros que sonhava acordada, por isso era tão distraída vivendo com a cabeça nas nuvens. Já as mulheres mais velhas viviam fofocando como ela nunca se interessava por nenhum rapaz, mas logo justificavam que era por ela ser uma "garota engraçada", claro que não como elogio. Felizmente a caminhada também era repleta dos mais divertidos diálogos entre os moradores da pequena cidade.

- Bom dia. Como vai a família? - Perguntou um vendedor de peixe se engraçando para uma dama de vestido laranja.

- Bom dia. E como vai sua esposa!? - Respondeu à altura e se recusando a comprar naquela banca.

- Vou precisar de seis ovos. - Pediu Cho Chang em outra banca, mas logo se espantou com o valor e exclamando. - Mas isso está muito caro!

Hermione apenas continuava a desejar que existisse algo mais além daquela vida provinciana com sempre o mesmo pão, o mesmo aumento no preço dos ovos e sempre o mesmo dia a dia.

Felizmente, quando chegou à paróquia foi calorosamente recebida.

- Ah se não é a rata de biblioteca, sabe tudo! - Neville Longbottom, o padre, logo se apreçou em abraçar a única leitora assídua daquela cidade. - Então, para onde fugiu essa semana?

- Para duas cidades ao norte da Itália. Eu realmente não queria voltar! Você tem algum novo lugar que possa ir? - Perguntou debruçando-se sobre a pequena estante que continha não mais que uma dúzia de livros, enquanto procurava por novos títulos.

- Infelizmente não. Mas você pode reler um dos antigos, se quiser.

- Obrigada. Vou levar... Esse aqui! - Disse animada pegando um volume de capa azul.

- Esse? Mas já não leu três ou quatro vezes?

- É o meu predileto! Lugares distantes, duelos de espadas, feitiços e um príncipe disfarçado! - Justificou enquanto gesticulava animada e sonhadora.

- Já que gosta tanto.... É seu! - Disse o padre, rindo da animação da jovem.

- Mas...

- Eu insisto. - A cortou, contente por ver a alegria iluminar a face da morena.

- Obrigada! Sua Biblioteca faz esse pequeno pedaço do mundo parecer tão grande!

- Bom voyage. - Despediu-se.

Foi apenas sair da paróquia que as conversas retomaram.

- Olha, lá vai ela. Essa garota é tão peculiar. - Dizia um.

- Eu me pergunto se ela está se sentindo bem? - Perguntava outro.

- Ela está com aquele olhar sonhador de novo.

- Mas o nariz está enterrado num livro?

- Essa Hermione é realmente uma incógnita!

Entretanto, a jovem pouco se importava. Estava encantada com a história que relia, em especial com sua parte favorita na qual a protagonista conhecia o príncipe encantado, mas somente descobria que era ele lá no capítulo três. Independente dela estar atenta ou não as conversas sempre continuavam.

- Não me surpreendo que seu nome venha de uma deusa grega. - Comentou Madame Malkin quando viu a garota, através da janela da sua loja de roupas, caminhando pela rua. - Sua beleza não tem igual!

- Mas atrás dessa aparência bela... - Começou Parvati Patil.

- Ela é meio estranha! - E completou Padma Patil.

- Tão diferente do resto de nós. - Continuou a madame sorrindo.

- Claro que ela não é igual a nós! - Concordou Lavander Brown, extremamente irritada com os elogios que a outra recebia, pois a considerava uma garota muito estranha e de beleza, no mínimo, mediana.

- Sim Hermione é diferente, mas de um jeito especial.


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