Newt Scamander.

263 33 21
                                        

No dia seguinte a garota passou o dia na cama, incapaz de se mover ou pensar e Draco permaneceu ao seu lado silencioso e pacífico a ajudando a aquietar a própria mente e conter as sombras. Hermione estava com medo daquilo que estava dentro dela, aquele poder destrutivo e mortal que a dominava.

Foi no meio da tarde que a morena criou coragem para fazer a pergunta que vinha evitando desde que decidira ficar ali meses atrás. Foi depois de recusar o almoço, mas ter engolido uma maçã, que tinha gosto de cinzas em sua boca, por insistência do bruxo.

- O que é isso dentro de mim? - Perguntou enquanto olhava o céu e não as feições profundamente tristes do outro. Quando ele hesitou ela continuou. - Esse poder que só busca destruição. - Falou enquanto levantava a mão a frente de seu rosto. - Tão cheio de dor, ódio e medo. - Sua voz era fraca e quebrada, tão diferente do tom alegre e risonho do dia anterior.

- Um obscuro. - Falou baixo quase um sussurro e se o quarto não estivesse imerso em tamanho silêncio a jovem sequer teria ouvido.

- O que ele é?

- Alguns o consideram um parasita que se alimenta da sua força vital... Surge por ter reprimido sua magia.

Então a culpa era dela. Ela tinha feito isso a si mesma e assim uma lágrima solitária escorreu de seus olhos enquanto ela dava as costas para Draco se encolhendo na cama. Ele a viu chorar silenciosamente e isso partiu seu coração.

- Diga o que posso fazer. - Pediu ela, suplicante sem conseguir olhá-lo. E o tom, a voz quebrada e perdida o angustiou mais ainda. Pois ele não sabia, não sabia como ajudá-la, como curá-la e vê-la tão triste era como enfiar uma adaga em seu próprio coração. E o silêncio dele foi resposta o suficiente. Era como se algo finalmente se partisse dentro de Hermione, estilhaçando-se em um milhão de pedaços, como vibro fino. Assim, toda tristeza e medo sumiram, substituídos pelo entorpecente nada quando falou. - Entendo.

Isso desesperou Draco, mais do que qualquer coisa, mais do que ver aquela que ele amava envolta sem sombras. Sim, ele a amava. Foi ali, naquele momento que percebeu tão claramente o quanto a amava e que não poderia perdê-la, não quando tinha acabado de encontrá-la. Independente de maldição ou não ele não podia ver aquela criatura tão boa, alegre, curiosa quanto tudo do mundo mágico e cheia de vida desaparecer diante dos seus olhos.

- Eu vou ajudá-la! Vou descobri como e vamos resolver isso juntos! - Falou pegando as mãos da outra entre as suas, obrigando-a a fitá-lo. As mãos delas estavam tão frias e seus olhos estavam opacos como se sequer conseguisse enxergá-lo. - Isso vence... - Sussurrou. - Se você desistir, essa coisa vence e vai consumi-la. Vence se você permitir se desfazer... Não faça isso com você. Por favor, não faça isso comigo...

Aquelas palavras a despertaram e ela viu a dor genuína nos olhos cinzas. Ela não queria aquele sofrimento nos olhos dele. Por que seu coração sangrava mais ao vê-lo preocupado com ela do que com sua própria dor? Ela estava confusa, não entendia o que era aquilo, mas sabia que queria que aqueles olhos tempestuosos fossem cheios apenas de alegria e riso.

- Não vou desistir... - Sussurrou. - Não vou desistir. - Falou firme enquanto determinação queimou em seus olhos castanhos. Por ele, ela não desistiria, pelo desejo de ver o mundo e conhecer sua magia ela não desistiria. E Draco se viu grato por amá-la, grato por ela não desistir, ele beijou suas mãos quase com adoção pois ele a amava e iria ajudá-la.

As próximas semanas foram dedicadas a tentar descobrir tudo sobre Obscurus, Obscuriais e uma forma de reverter essa condição. Entretanto nada encontraram, o parasita só morria quando seu hospedeiro morria e a vida de um bruxo Obscurial não era muito longa o que se mostrava claramente na condição de Hermione que ficava mais fraca a cada dia.

The CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora