Inventor's Daughter.

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Hermione aproveitou o caminho de volta para se acalmar, não podia perder o controle, mas já não aguentava mais as investidas de Cormac. Felizmente, foi só entrar na rua de sua casa que ela se aquietou e sorriu ao ouviu a delicada música vinda da oficina de seu pai. Ela o encontrou sentado em sua mesa de trabalho com seus costumeiro óculos redondos cantarolando junto com a melodia que saia da delicada caixinha de música em forma de moinho. Seu pai, produzia brinquedos e relógios mecânicos, mas sobretudo se considerava um inventor, muitos o chamavam de louco por ser tão recluso e construir as mais inusitadas e estranhas engenhocas.

Mione o observou cantava tristemente e logo desviar seu olhar da peça que construía para o belo quadro na parede. Quadro onde uma jovem mulher de cabelos ondulados, negros como a noite, segurava um delicado bebê e um pequeno chocalho em forma de rosa. Hermione sabia pouco sobre a mãe Jane, sabia que os pais haviam se conhecido na França, que seu pai a amava profundamente e que quando ela partiu levou um pedaço do coração do homem consigo. Mesmo que não a conhecesse, Mi sentia falta dela, mas sobretudo se entristecia em ver quanta falta Jane fazia para Maurice.

Maurice Granger tinha cabelos e barba que um dia já foram castanhos, mas hoje grisalhos o homem aparentava ser mais velho do que realmente era. Silencioso e contido, era amante das artes e principalmente das coisas feitas à mãos. De vestes discretas e simples, ele preferia se dedicar ao trabalho em vez de participar das costumeiras fofocas da cidade.

- Oh! Hermione. - Exclamou ao notar a presença da filha que estava no batente da porta o observando. - Humm, você poderia me... - Mas não precisou completar a frase pois a filha já lhe entregava a pequena pinça que precisava para ajustar umas das pequenas peças da caixa de música.

- Obrigado. E também vou precisar de... Não. Não é esse... Na verdade é exatamente isso! - Disse ao se voltar para a peça e perceber que sim, Mi estava certa em lhe passar outra engrenagem. - Obrigado mais uma vez.

Hermione apenas sorriu para o pai enquanto aproveitava para recolher um pouco da bagunça sobre a mesa. Ela estava um tanto quanto silenciosa, refletindo sobre tudo que escutou no mercado e tomando coragem perguntou:

- Papai, você acha que sou estranha?

- Estranha? Minha filha, estranha? - Repetiu intrigado. - De onde você tirou essa ideia?

- Não sei... As pessoas falam. - Continuou sem olhar para o pai, enquanto continuava a tentar dar um pouco de ordem para o caos que era a mesa de trabalho de Maurice. - Acho que não me ajusto bem aqui.

- Essa é uma cidade pequena. Com pessoas pequenas de mente pequena. Mas pequena também significa, segura! - Afirma com um olhar grave. - Quando eu estava em Paris eu conheci uma garota como você. Ela era a frente de seu tempo. Diferente de todos os outros...

Mi reconheceu o olhar saudoso mas um tanto quanto atormentado de seu pai, ele estava perdido em lembranças, lembranças que ela sabia que eram sobre sua mãe. Assim, logo se sentou perto da lareira para ouvir mais sobre aquela que conseguia, em alguns momentos ainda hoje, trazer um sorriso verdadeiro a face de seu pai.

- As pessoas zombavam dela... Até o dia que todos se viram imitando-a. - Concluiu, voltando para o delicado moinho.

Era sempre assim, Maurice nunca revelava muito sobre Jane. Caso contasse qualquer coisa logo interrompia-se ou mudava de assunto.

- Por favor, só me fale mais uma coisa sobre ela. - Pediu Hermione, ao deixar seu lugar à lareira e se aproximar do pai.

- Sua mãe era... Destemida. Sim, destemida!

Mi sorriu orgulhosa ao imaginar a mãe. E continuou a ajudar o pai que viajaria ainda naquela tarde para uma feira de inventores na cidade vizinha. Quando tudo já estava devidamente empacotado e guardado na carroça de Philipe, o cavalo; Maurice se voltou para filha falando.

- Querida tome cuidado e...

- Eu sei papai. Não se preocupe.

- Eu sei. Eu sei, mas nunca me perdoaria se algo acontecesse! Por favor não saia muito de casa, pelo menos não enquanto eu estiver fora e não faça mag... - O homem engasgou antes de concluir a palavra e uma sombra de terror cruzou seus olhos rapidamente enquanto olhava para a filha. - Você sabe o que eu estou dizendo. Eu só... Fique segura!

- Sim papai, não vou fazer nada que não deveria. - Afirma a jovem após um suspiro resignado e forçar um sorriso apaziguador para tentar transmitir segurança ao homem que claramente já estava se desesperando. E conhecendo bem o pai que tinha, Hermione, sabia que se não passasse segurança de que ficaria bem, seria capas do pai desistir da viagem apenas para mantê-la segura.

- Então, o que devo lhe trazer do mercado? - Continuou mudando de assunto.

- Uma rosa. Como aquela da pintura. - Sorriu.

- Você me pede isso todo ano!

- E todo ano você a traz.

- Então devo-lhe trazer outra. - Concordou. - Tem minha palavra. - Disse enquanto acariciava com carinho o rosto de sua preciosa filha.

- Até logo, papai.

- Até, Mione. - Falou enquanto se a afastava

- Vejo você em uma semana.

- Certo! Semana que vem, com a rosa! - Gritou acenando, mas logo sussurrou. - Fique segura... Não posso perdê-la como perdi sua mãe... - Após um longo suspiro e de balançar a cabeça para afastar as más lembranças do passado, o inventor seguiu seu caminho, deixando para trás seu mais precioso tesouro.

Assim que a carroça de seu pai já não estava mais a vista, Mi fechou a porta e viu a pilha de roupas que ela ainda precisava lavar no dia seguinte.

No dia seguinte assim que acordou e com um suspiro resignado, Hermione começou a empilhar as roupas. Ela detestava ter que esfregar peça por peça, não porque não gostava do trabalho, mas sim porque gastava muito tempo na atividade, tempo esse, que podia ser muito melhor aproveitado com um bom livro.

Foi então que uma ideia inovadora surgiu em sua mente. E se houvesse uma maneira dela não precisar esfregar peça por peça? E se ela conseguisse construir algo que faria isso por ela? Rapidamente ela deixou a pilha de lado e se sentou na mesa de trabalho para esboçar o que sua mente inovadora acabava de criar. Assim que terminou os últimos cálculos Hermione sorriu para papel, ela realmente tinha conseguido.

Para ter certeza que o projeto funcionava, ela construiu um pequeno modelo, bem menor do que tinha imaginado apenas para teste. Sua ideia funcionou magnificamente e agora só faltava construir o de tamanho real o que foi rapidamente feito. Gastou a manha toda no projeto e quando tudo estava pronto a jovem juntou as peças de roupa, colocou a nova máquina presa as costas de um burro, pegou a sacola com sabão, trancou a porta de casa e foi em direção ao poço em que todas as mulheres da cidade lavavam suas roupas. Mione, diferente das outras preferia lavar roupas à tarde, período em que nenhuma outra mulher lavava, pois assim não tinha que ficar ouvindo as fofocas ou perguntas indelicadas.

Ao chegar no poço, felizmente vazio, a jovem colocou o grande barril preto dento d'água e dentro desse suas roupas e o sabão; entretanto, o barril começou a afundar mais do que ela tinha calculado o que realmente atrapalharia seus planos. Ela teria que improvisar, então, assim que teve certeza que ninguém prestava atenção nela, após olhar para todos os lados, a garota com um aceno de mão conseguiu que só a quantidade de água desejada ficasse no barril. Hermione sabia que não devia ter feito o que fez, tinha prometido ao seu pai, mas usar seus poderes era libertador, sentia como se uma grande peso tivesse sido retirado de seus ombros como se naquele poucos segundos pudesse respirar livremente. Olhou para os lados novamente só por precaução e depois se levantou para prender a corda do barril no burro, que prontamente começou a se mover entorno do poço, fazendo o barril rodar na água e assim lavar as roupas.


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