Free.

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"Você não foi ingrata. E não é egoísta.". A lembrança veio a sua mente como um último resquício do quem era antes da escuridão consumi-la por inteiro. Hermione sabia que seu tempo estava acabando, ela não duraria muito contra as sombras. E ela chorou.

Chorou porque estava sozinha, chorou porque aqueles que a amavam deram-lhe as costas e porque ela era a culpada, ela tinha reprimido sua magia e depois se rendido a ela em ódio.

- Não quero ficar sozinha... Não com a escuridão... - Sussurrou para si mesma. Ela lembrava-se de quando tinha dito isso a Draco e mesmo que ele a odiasse, que agora a visse como uma decepção ela se confortou nas palavras dele: "Descanse, vou ficar aqui o tempo que precisar."

Sim ela queria descanso. Queria que a dor passasse e que não sentisse mais medo. Por um segundo se desfazer em sombras pareceu-lhe uma oferta libertadora e mais do que generosa e ela não merecia aquela dadiva, era culpada e merecia o sofrimento a dor.

Entretanto sentiu que algo ainda não estava certo, algo picava no fundo da sua mente. Oculto. Era como acostumar-se com uma pequena farpa que ainda doía, mas se você não prestasse atenção, facilmente se esqueceria da presença dela e da irritante dorzinha.

"O que é isso dento de mim?... Esse poder que só busca destruição... Tão cheio de dor, ódio e medo." Era uma memória enevoada, como se não fosse real, um sonho talvez.

"Um obscuro." Sim, ela lembrou. Tinha se tornado uma obscurial por ter renegado sua magia. Hermione tinha se tornado dor e ódio e agora esse mesmo poder sombrio a estava consumindo.

"Eu vou ajudá-la! Vou descobri como e vamos resolver juntos.".

- Não Draco, ninguém pode me ajudar. - Falou ela para as sombras que a envolviam. E com um sorriso triste e resignado continuou conversando com o vazio. - Eu convoquei esse destino a mim mesma... É o preço que devo pagar.

"Isso vence." A voz de Draco gritou em sua mente. Tão forte e clara como se ele estivesse ali com ela. "Se você desisti, isso vencê e vai consumi-la. Vence se você permitem se desfazer.".

"Não faça isso com você. Por favor não faça isso comigo."

E com tristeza ela percebeu que também não cumpriria aquela promessa. As sombras a sua volta se alimentavam de seus medos, desespero, dor e sofrimento. Mas e se... e se ela se livrasse desses medos? E se ela caminhasse por eles, se os aceitasse?

Sim, ela tinha prometido não usar magia, mas magia era quem ela era, não podia renegar isso. Sim, ela mentira para seus amigos, mas la no fundo sabia que eles a perdoaram, sabia que eles se importavam com ela e buscavam por ela.

Ela era uma decepção, tinha dito não a sua formação mágica, mas depois tinha decidido estudar! Se esforçara como nunca fez para aprender os feitiços, poções e encantos. Se dedicara a ler a história de seu mundo mágico e das mais diferentes criaturas. Ela tinha superado isso.

Entretanto não era uma Assassina! Sabia que não tinha ferido seu pai aquele dia, o viu correndo para socorrê-la antes de pedir para que Gina a levasse dali. Ele estava vivo e qualquer memória que lhe dissesse o contrário era uma mentira.

Como em resposta, chamas irromperam contra as sombras a sua volta. Ela tinha prometido a Draco que lutaria, tinha prometido a ele que não desistiria ou se deixaria ser consumida! E ela cumpriria aquela promessa! Cumpriria por ele e por ela. Cumpriria pelo futuro que ainda estava por vir.

E assim ela convocou o último resquício de magia que ainda lhe pertencia e o fogo se desenvolveu, preenchendo a escuridão, queimando como opala vermelha. Hermione não deu ao Obscuro um momento para reunir a escuridão de volta como havia feito no passado. Com magia bruta ela conjurou fogo e luz, brasas e calor, o brilho de mil alvoradas e poentes.

O clarão se tornou insuportável iluminando cada dobra sombria que tentava destruí-la. Ela daria um fim nisso, nem que custasse toda sua magia, mas ela não se renderia! Porque aquele não era o fim. Aquele não era o fim dela. Tinha sobrevivido à perda, à dor e ao ódio; sobreviveria á escuridão e ao desespero. Porque sua história não era de escuridão. Então ela não temeu as sombras. Tinha uma promessa a cumprir.

* * *

Foi por volta das três da manhã que uma onda de poder correu pelo castelo, a pressão balançando os candelabros que tilintaram e em menos de um segundo Draco já tinha aparatado.

O quarto estava mortalmente silencioso e o bruxo temeu pelo pior, mas quando deu um passo desesperado na direção da cama da garota, pisou em areia. Rapidamente analisou todo o quarto e viu areia queimada, enegrecida e áspera cobrir todo o piso.

Confuso olhou para a porta por onde o Sr. Sacamander entrava e com um sorriso no rosto quando disse:

- Ela conseguiu.

Draco permitiu que as lágrimas, silenciosas, de alegria escorressem por seu rosto. Ele aproximou-se da jovem calmamente e se curvou, depositou um delicado beijo na testa da garota que dormia profundamente.

* * *

Hermione acordou com o brilho do sol em seus olhos. Ela respirou a brisa fria como se finalmente despertasse de um longo sono, era como se tivesse dormido a vida toda e finalmente acordasse. A pressão em seu peito tinha sumido, junto com toda dor, ódio e medo. Ela estava livre. Finalmente livre. A garota virou o rosto e encontrou olhos antigos e gentis a observando, ela não conseguiu conter o sorriso quando viu o sorriso de Newt.

- Eu sabia que conseguiria.

Ela apenas concordou com a cabeça e se voltou para a poltrona a direita seus olhos se cruzaram com os cinzas e seu sorriso se alargou radiante. Draco rápido como uma estrela cadente a envolveu num abraço apertado e aconchegante. E aquilo pareceu tão certo para a garota, como se ela tivesse sido feita para estar nos braços dele e tê-lo nos seus. A jovem sorriu para esse pensamento. Sorriu inspirando o cheiro familiar daquele que vinha sendo seu melhor amigo.

- Eu falei que estaria aqui quando voltasse.

Sim ele sempre esteve ao lado dela. E ela se viu feliz por cumprir sua promessa.


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