Magic Classes.

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À tarde Hermione foi poupada de qualquer aula, na verdade os dois apenas passaram um bom tempo juntos, enquanto ela desbravava as enumeras estantes de livros, ele fazia pequenos comentários sobre um ou outro. A calma que surgiu entre eles levou a garota a começar a se perguntar se havia algo mais naquele cuja aparência feral escondia uma gentileza, claro que havia momentos que ele conseguia ser um completo idiota, mas aos pouco a garota começou a enxergar algo que ela não tinha notado antes.

Draco estava lhe mostrando um enorme mapa mundi e sobre ele um menor da região onde estava a floresta, o castelo e depois a pequena cidade que era a casa da garota. Era... Bile subiu na garganta da jovem e de repente aquele desespero voltou a sufocá-la. Sua família, ela tinha abandonado sua família. Ela tinha deixado seu pai.

- Calma. Respire. - Falou ele suavemente. Entretanto Hermione não queria se acalmar ela não tinha esse direito, pensava, tinha traído sua família e abandonado seu pai e por quê? Porque era egoísta, ingrata!

- Se acalme agora e erga a porcaria dos seus escudos. - Grunhiu. O que fez a jovem olhar para seu interior e descobrir que aquela parede invisível tinha desabado de novo. Mas estava tão cansada...

- Escudo. Agora! - A ordem ríspida na voz de Draco a fez agir por instinto, e sua mente exausta se obrigou a aquietar-se e quando ficou vazia a garota construiu a parede tijolo por tijolo.

Hermione conseguiu respirar normalmente e somente quando ela protegeu sua mente outra vez ele voltou a falou, os olhos se suavizando.

- Você não foi ingrata. E não é egoísta. - Não era um consolo, era uma constatação e pelos olhos do outro ela viu que Draco não permitiria que ela seguisse naquele caminho de alto condenação. - Vou dizer isso uma só uma vez, e uma vez apenas. Se continuar pensando assim, não posso ajudá-la com sua magia! - Rosnou e deu as costas para a garota.

Ela não viu Draco durante o resto da semana e mesmo assim os exercícios de Runas Antigas, Herbologia, Poções, Aritmancia, Trato de Criaturas Mágicas, Astronomia e História da Magia sempre apareciam em cima de sua escrivaninha. As pilhas de livros chegavam e desapareciam conforme a garota terminava de estudá-los, seus ensaios escritos em longos pergaminhos também desapareciam para surgirem no dia seguinte corrigidos e comentados. Theodore a ajudava com Poções e Runas, já Herbologia e História da Magia era por conta de Pansy, Aritmancia e Astronomia estudava com Millicent já Trato de Criaturas Mágicas com Blaise. Aparentemente, para sair da teoria de Feitiços e Transfiguração ela precisava esperar a boa vontade de Draco.

A jovem já estava mais acostumada com sua magia e a controlava melhor, mesmo que não tivesse executado nenhum feitiço além da Oclumência. Todo dia, era um simples conjunto de instruções vindas de Draco num bilhete que surgia em sua escrivaninha: escudo para cima, mente limpa; escudo para cima, mente limpa. Diversas e diversas vezes. Como ele sabia se ela obedecia ou não, não se importava, mas mergulhou nas lições e em desvendar as mais diversas leituras na enorme biblioteca.

Os pesadelos continuaram a deixarem-na zonza e suada; no entanto o quarto era tão aberto, a luz das estrelas era tão forte que, quando acordava sobressaltada, não corria para o banheiro e devolvia tudo o que tinha no seu estômago como antes. Nenhuma parede a sufocava, nenhuma escuridão como nanquim. Hermione acordava e sabia onde estava, mesmo que se ressentisse por estar ali e ter abandonado seu pai.

A morena só voltou a ver Draco na semana seguinte, quando o encontrou de volta a mesa do café da manhã. Entretanto ela decidiu ignorá-lo, ele havia sumido e não seria ela a começar a falar qualquer coisa, principalmente porque não tinha feito nada de errado, as palavras que estiveram em sua mente na biblioteca continuavam lá. Ela ainda achava que tinha sido egoísta, mesmo que tenha sido para se salvar daquela sombra de ódio e medo que começou a consumi-la. A garota ainda podia sentir aquelas trevas dentro de si, adormecida, aguardando-a perder o controle para dominá-la novamente e destruir tudo o que estivesse ao seu alcance.

- Você está indo bem nos estudos. Theodore me falou que suas poções são quase impecáveis. - Comentou Draco enquanto tomava seu chá, entretanto, a garota apenas continuou focada em espalhar a manteiga em uma de suas torradas. - Vai me ignorar? Achei que já tínhamos passado dessa fase, Hermione, querida.

- O que você quer que eu diga, Malfoy? - Perguntou irritada usando o sobrenome do bruxo que tinha descoberto em uma das aulas de História da Magia com Pansy.

- Malfoy? - Ele riu, grave e suavemente. - Dou a você uma semana sem a minha presença, que parece irritá-la profundamente, e você me chama de Malfoy?

- Não pedi para ganhar essa semana. - Falou sem saber por que a ausência do outro tinha feito tanta falta.

- Mas olhe só para você. Seu rosto ganhou uma cor. E aquelas marcas sob os olhos quase sumiram. Seu escudo mental está espetacular, aliás.

- Obrigada. - Falou curta, voltando a suas torradas e ao livro que lia. Ela estava terminando um capítulo especialmente bom, o antepenúltimo do livro.

- Obrigada? Nada de "Canalha" ou o meu preferido "Idiota arrogante"? - Falou depois de estalar a língua. - Que decepcionante. - Mas a garota apenas continuou a ignorá-lo enquanto continuava a leitura e estendia a mão para o prato. Draco podia se ouvir falar o dia inteiro se quisesse, mas ela só queria comer e terminar sua leitura e quando seus dedos estavam quase tocando o prato ele simplesmente deslizou para longe. Ela se esticou para alcançá-lo mas novamente ele se afastou e quando levantou o rosto viu o sorriso divertido nos lábios do bruxo.

- Pare de me irritar.

- Por quê? É o ponto alto do meu dia!

A garota apenas desistiu das torradas e voltou ao livro, estava determinada a ignorá-lo. Entretanto, de repente o livro se fechou em suas mãos e não abria mesmo que a garota forçasse o couro e o papel. Ele tinha conseguido irritá-la, aquele "Desgraçado arrogante!". Devagar Hermione ergueu o rosto para ele e atirou o livro contra sua cabeça, Draco se defendeu rapidamente e um sorriso felino cresceu em seus lábios enquanto via o livro quicar para longe deslizando no mármore.

- Pensei que uma amante da leitura trataria os livros com mais carinho. Mas vejo que seu gosto vem se expandido, não era um romance!

- Você fala como se detestasse romances. - Desistiu. Draco era realmente uma criancinha mimada e muito carente de atenção.

- Não detesto, mas, como já disse, existem leituras melhores.

- Certo. - Falou revirando os olhos e se voltando para tomar seu chá enquanto o bruxo continuava.

- Hoje pensei em treinarmos feitiços, mas para isso você precisaria de uma varinha e foi isso que fiz durante toda essa semana. Precisava organizar tudo para que Olivaras viesse aqui e...

- Quem é Olivaras?

- O melhor artesão de varinhas de toda a Inglaterra e ousaria dizer de todo o mundo Bruxo.

- Por que preciso de uma varinha?

- Bem, por muitos motivos, mas o principal para canalizar e direcionar sua magia.

- Nunca vi você usando uma.

- Quando me tornei o que sou hoje a varinha se tornou um empecilho, muito mais fácil usar magia natural. Depois que estiver boa em controlar seu poder posso ensiná-la a fazer feitiços sem varinha ou não verbais, mas por hoje começamos com uma varinha.

- Certo... - A garota não tinha entendido muito bem, mas se uma varinha fosse ajudá-la a controlar sua magia não seria ela a reclamar.


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