Ollivander.

248 36 13
                                    

Quando eles chegaram perto da biblioteca, Draco se deteve perto de uma varanda e se voltou para a jovem.

- Eu tenho mais ocupações, então deixo você com o artesão de varinhas. Ele vai surgir na lareira da biblioteca a qualquer momento.

- Vai me deixar sozinha? Onde você vai?

- Tenho muitas coisas para fazer. - Não era uma resposta, mas estava claro que Draco tinha terminado a conversa, e quem quer que fosse Olivaras... bem, Hermione teria que lidar com ele sozinha.

O bruxo nem mesmo se despediu antes de simplesmente caminhar até a beira da varanda e se lançar aos ares. O coração da jovem subitamente deu um salto, mas antes que ela conseguisse gritar, Draco subiu, ágil como o vento travesso entre os picos. Algumas batidas das estrondosas asas o fizeram desaparecer por entre as nuvens de tempestade.

- Tchau para você também. - Resmungou enquanto ia na direção da biblioteca.

Quando entrou não havia ninguém, mas um estourou na lareira, cujas chamas se tornaram verde-esmeralda, assustou a jovem. De repente havia um velho parado diante dela, os olhos grandes e muito claros brilhando como duas luas.

- Olá. - Disse Hermione sem jeito.

- Ah, sim... – Disse o homem. - Sim, sim. Achei que nunca ia vê-la senhorita Granger. - Não era uma pergunta. - Você tem os olhos de sua mãe. Parece que foi ontem que ela esteve comprando a primeira varinha. Preferiu a de vinte e seis centímetros de comprimento, maleável, feita de salgueiro. Uma boa varinha para encantamentos.

Os olhos de Hermione brilharam com aquele pequeno fragmento de informação sobre a mãe. Jane um dia também esteve na frente daquele mesmo senhor comprando uma varinha. Será que ela se sentia tão confusa quanto a filha, ou estava ansiosa e confiante com a perspectiva de ser uma Bruxa? Emocionada a garota desejou que fosse boa em encantamentos como imaginou que a mãe fosse.

O Sr. Olivaras chegou mais perto da jovem e ela desejou que ele piscasse. Aqueles olhos prateados lhe davam um pouco de medo, mais do que os tempestuosos de Draco que estranhamente começava a apreciar...

- Bom, digo que ela preferiu, mas na realidade é a varinha que escolhe o bruxo, é claro. - O Sr. Olivaras chegara tão perto que ele e a garota estavam quase encostando os narizes.

- Bom, agora, Srta. Granger, vamos ver. – E tirou uma longa fita métrica com números prateados do bolso. – Qual é o braço da varinha?

– Hum, bom, sou destra – Respondeu ela.

– Estique o braço. Isso. – Ele mediu Hermione do ombro ao dedo, depois do pulso ao cotovelo, do ombro ao chão, do joelho à axila e ao redor da cabeça. Enquanto media, disse: – Toda varinha Olivaras tem o nucleo feito de uma poderosa substância mágica. Usamos pelos de unicórnio, penas de cauda de fênix e cordas de coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras iguais, como não há unicórnios, dragões, nem fênix iguais. E é claro, a senhorita jamais conseguirá resultados tão bons com a varinha de outro bruxo.

O Sr. Olivaras abriu rapidamente um pesado malão e entrou nele como se descesse por uma escada, ficou lá dentro por alguns minutos, onde quer que fosse o lá dentro de um malão, mas Hermione estava lidando com magia e começou a se conformar com o impossível como algo cotidiano, quando ele voltou trazia, nos braços, várias caixas compridas e finas.

– Certo, experimente esta. Faia e corda de coração de dragão. Vinte e três centímetros. Boa e flexível. Apanhe e experimente.

Hermione pegou a varinha e sentindo-se boba, mas fez alguns movimentos com ela e o Sr. Olivaras a tirou de sua mão quase imediatamente.

– Bordo e pena de fênix. Dezoito centímetros. Bem maleável. Experimente. - A garota experimentou, mas mal erguera a varinha quando, mais uma vez, o Sr. Olivaras a tirou de sua mão.

– Não, não. Tome essa, ébano e pelo de unicórnio, vinte e dois centímetros, flexível. Vamos, vamos, experimente.

A jovem experimentou. E experimentou. Experimentou enumeras, mas não fazia ideia do que é que o Sr. Olivaras estava esperando. A pilha de varinhas descartadas estava cada vez maior em cima da mesa alta e estreita, mas, quanto mais varinhas o Sr. Olivaras tirava do malão, mais feliz parecia ficar.

– Freguesa difícil, hein? Não se preocupe, vamos encontrar a varinha perfeita para a senhorita em algum lugar, estou em dúvida, agora... É, por que não? Uma combinação incomum, videira, vinte sete centimilímetros e núcleo de fibra de coração de dragão.

Hermione apanhou a varinha. Sentiu um repentino calor nos dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a cortando o ar empoeirado com um zunido, e uma torrente de faíscas douradas e vermelhas saíram da ponta como um fogo de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes.

– Bravo! Mesmo, ah, muito bom. - Falou repondo a varinha da garota na caixa e embrulhou-a em papel pardo. - A varinha escolhe o bruxo, lembre-se... Acho que podemos esperar grandes feitos da senhorita. Bom, devo ir. Minha loja não pode ficar tanto tempo assim fechada. Ah e não se preocupe com o valor seu benfeitor, quem quer que ele seja, já acertou tudo. Adeus. - Falou rapidamente desaparecendo como tinha vindo, deixando a jovem sozinha no meio da biblioteca segurando sua nova varinha.

Confusa, ela balançou a cabeça e se sentou num sofá reabrindo a caixa. A varinha era linda e delicada, na madeira clara um entalhe belíssimo de videira cobria dois terços da mesma. Hermione a tocou levemente, sentindo-a vibrar levemente a reconhecendo e sem perceber sorriu. Com um barulho estalado Draco surgiu ao seu lado.

- Hum... Bonita. Combina com você. - Sorriu sedutor.

- Como esse... - Gesticulou para ele. - Desaparecimento funciona? - Pergunto. - Vocês bruxos surgem e somem quando querem?

- Aparatar? Pense nisso como... dois pontos diferentes em um tecido. Um ponto é seu local atual no mundo. O outro, do outro lado do tecido, é para onde você quer ir. Aparatar... é como dobrar esse tecido para que os dois pontos se alinhem. A magia faz a dobra, e tudo que fazemos é dar um passo para ir de um lugar ao outro. Às vezes é um passo longo, e dá para sentir o tecido sombrio do mundo conforme atravessamos. Um passo mais curto, digamos, de uma ponta a outra da sala, mal seria registrado, mas distâncias extremamente longas só podem ser alcançadas com chaves de portais. Aparatação é difícil e perigoso se feito incorretamente, porque o bruxo ou bruxa pode deixar para trás parte de seu corpo, o que resulta em danos graves e as vezes fatais. - Explicou.

- Eu poderia aprender?

- Claro. Mas hoje vamos nos dedicar a feitiços e...

- Não tem outras coisas para resolver? - Perguntou cruzando os braços no peito, tinha ficado um pouco ofendida por ter sido deixada sozinha com o bruxo artesão de varinha, mesmo que o Sr. Olivaras fosse gentil, um pouco louco, mas simpático.

- É claro que tenho. - Respondeu ele, dando de ombros. - Tenho tantas coisas para resolver que às vezes fico tentado a liberar meu poder e limpar todos os problemas. Apenas para me dar um pouco de paz. - Mesmo aquela menção casual de poder não assustou a jovem. Draco sorriu e fez uma reverência enquanto falava. - Mas sempre terei tempo para você, Hermione.


The CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora