Capítulo Três

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A fada Yoongi e as paredes não-tão-vazias.

Por alguma razão, estou ansioso. Minhas mãos soam um pouco, meu coração parecia que ia sair pela garganta a qualquer segundo e sentia como se existissem milhares de mariposas dançando no meu estômago. Não borboletas, apenas mariposas.

Subi todos os andares pela escada como costumava fazer, já que não gosto de elevadores, e então vi que a porta do terraço estava entreaberta. O anúncio sobre não cometer suicídio ainda estava ali, e mesmo que ninguém leve aquilo realmente a sério, ele parecia funcionar, já que nunca ouvi falar de mortes no prédio. Empurrei a porta tentando ser o mais discreto possível, podendo enxergar a cabeleira ruiva se misturando com o céu azul claro.

Havia combinado de encontra-lo às 14h, mas eu estava alguns minutos adiantado, então talvez ele estivesse ali a um bom tempo.

Me sentei do seu lado e vi uma lata de cerveja vazia em sua mão, como a que estávamos bebendo na noite anterior.

— Desculpe, bebi tudo porque estava meio nervoso. Eu bebo quando estou nervoso. — Ele explicou e eu dei de ombros, mas logo virei em sua direção, afim de entender o porquê de tudo aquilo.

— Nervoso?

— Teoricamente estou aqui para te dar respostas, e eu fico muito nervoso quando tenho que dar respostas a alguém.

Ri baixo.

— Bom, você não está sendo forçado a nada, mas eu estou curioso para saber o que quer comigo.

E então, me sinto como num jogo de pôquer. Eu dou as cartas desta vez.

— Sinto que te devo explicações... Então, faça as perguntas, eu respondo, e depois será minha vez. — Ele ajeitou a manga do suéter amarelo, que lhe cobre praticamente o corpo inteiro, de tão grande que é, o deixando com um ar totalmente diferente do que eu costumava ver.

Adorável, pensei.

Geralmente, Park costumava usar jaquetas de couro, coturnos, camisetas de banda... roupas que refletiam bem sua personalidade. Dava para perceber que ele gostava daquilo, que gostava da sensação de liberdade que aquilo lhe trazia.

— De todos seus amigos, que eu acredito serem muitos, por que logo eu? Não somos amigos. — Tentei não soar tão rude, mas era inevitável, por sorte, ele não parecia o tipo que se deixava abalar por palavras ríspidas.

— Porque, de todos eles, você é o único que têm uma câmera, uma vontade enorme de conhecer o mundo a fora, e uma mente brilhante. — O mesmo sorriu.

— A mente brilhante do campus é você, Park Jimin. Sabe disso. — Sorri de canto, meio sarcástico.

— Nah, isso é besteira — Ele dá de ombros — Você é singular, Jungkook.

Meu coração bateu forte. Eu sabia o que ele queria dizer, mas não imaginava que ele pensava isso de mim, já que eu pensava o mesmo dele.

— É claro, têm os garotos. Yoongi, Taehyung, Hoseok... todos eles, são singulares também, mas não são como você. Eu não sei se eles me entenderiam tão bem quanto. — Seus olhos iam além dos prédios a frente, não conseguia ver o que ele estava vendo. Silenciosamente, fiquei me perguntando como ele tinha tanta certeza de que eu conseguiria entende-lo.

— Não entendo aonde quer chegar.

— Eu preciso de coisas novas, Jungkook, e... bom... eu fiquei meio curioso sobre você quando te vi, parecia querer dizer muita coisa, mas sempre estava calado. — Ele me fitou e, consequentemente, abaixei a cabeça, desviando o olhar para as pessoas caminhando lá embaixo.

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