Capítulo Dez

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E se tudo isso for apenas um jogo?

Meu coração estava acelerado. A sensação de estar ali com Jimin era reconfortante, aquele sentimento de euforia que ele me trazia estava de volta. Aquilo era realmente um encontro e eu sabia o que poderia vir a acontecer no final, só não tinha certeza se estava mesmo preparado, porque de repente, todos os itens do meu estúpido guia de sobrevivência haviam sido apagados da minha mente. E com "eu sabia o que poderia vir a acontecer no final", eu quero dizer que, pelas minhas experiências com filmes dramaticamente românticos, todo encontro termina em alguma coisa.

Quando andávamos um ao lado do outro pelo parque, nossas mãos se esbarravam ás vezes, e eu lutava silenciosamente contra o desejo de entrelaçar meus dedos aos seus, por mais brega que isso pudesse soar. Algo em mim gritava que era errado, não por sermos dois garotos, mas por sermos diferentes. Porque ele era Park Jimin e eu era Jeon Jungkook. Ainda que ele dissesse que éramos nós dois contra o mundo, eu sabia que no final seria apenas ele. Quando concordei com tudo isso no começo, com essa sua ideia maluca de me arrastar consigo em todas suas aventuras, eu não imaginava que acabaria gostando mais disso do que o necessário.

Eu não imaginava que acabaria sentindo tanta falta depois.

— Você está calado, Kook.

Céus, por que ele simplesmente não me chamava pelo nome e evitava danos ao meu coração frágil?

— Fiz algo de errado? — Jimin perguntou quando eu não o respondi anteriormente.

— Não, não fez. Eu só... — Ergui a cabeça, procurando algo que pudesse o distrair, e graças a sei lá o que eu acreditava, eu achei. — Chegamos. A roda gigante está ali.

— Ah, finalmente, pensei que nunca íamos achar essa porcaria. Vamos, quero que tire muitas fotos lá em cima.

Era o último brinquedo que íamos antes de partir para mais um dos pontos que o ruivo havia marcado no mapa, cujo ele estava segurando o tempo todo enquanto passávamos pelas barraquinhas, jogávamos dardos em alvos a fim de ganhar pelúcias como recompensas, e comíamos espetinhos de carneiro.

Não quis adivinhar como ele sabia que eu amava espetinhos de carneiro, mas era bem provável que Yoongi tivesse contado.

O sorriso estava sempre presente no rosto do baixinho, e eu não podia evitar tirar uma foto ou outra dele algumas vezes com a desculpa de que estava apenas vendo quantos filmes tinham me restado.

Na nossa vez de entrar numa das cabines, Jimin segurou minha mão, mas soltou-a logo em seguida quando percebeu o que estava fazendo. Reprimi um riso envergonhado e sentei em sua frente, mais longe do que eu gostaria, porém seguro o suficiente. E assim que o brinquedo começou a girar e nós estávamos no alto, tive coragem de chamá-lo.

— Jimin. — A menção de seu nome fez com que ele mudasse a atenção da paisagem para mim — Quem realmente é você?

Sua expressão naquele momento tornou-se diferente, confusa.

— Como assim?

— Muitas pessoas sabem quem você é, mas sempre me pergunto quantas conhecem você de verdade. Você me disse uma vez que odiava se sentir sozinho, mas você sempre está com alguém, e todas as vezes que nos encontramos... — Engoli em seco — Eu sinto que sou o único aqui que aprecia de verdade os nossos passeios, ou seja lá como você queira chamar isso.

— Solidão é um estado de espírito, Jungkook. — Ele respondeu, voltando a olhar para a vista, mas ele não estava a apreciando. Eu podia visualizar o cigarro pendendo no canto da sua boca, mesmo que ele não estivesse ali. — Eu sou o garoto sorridente do campus, eu sou o garoto que te leva para sair no meio da madrugada, eu sou o garoto que te levou flores e te convidou para um encontro. E você pode gostar desse garoto como todos gostam, mas eu tenho certeza que você não gosta de mim pra valer, porque o "eu" de verdade ainda está naquele parapeito prestes a pular.

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