Capítulo Quatro

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Eu adoro Park Jimin ás 4 da manhã.

Esfreguei os olhos, respirando fundo e chequei o relógio no pulso. Quatro da manhã. Eu não conseguiria dormir novamente se tentasse, nunca conseguia, então apenas fiz o que deveria fazer e caminhei até a cozinha.

Reparei que Yoongi havia dormido no meu sofá, estava babando no encosto e segurando um pacote de batatinhas na mão esquerda.

Balancei a cabeça negativamente, era sempre assim. Num dia normal, você dorme e quando acorda seu melhor amigo está dormindo no seu sofá depois de comer toda sua comida.

Dei uma olhada rápida no espelho do corredor, minhas olheiras eram nítidas de uma noite completamente mal dormida. Não que isso me incomodasse de verdade, já que eu estava acostumado a me ver parecendo um morto-vivo todos os dias de manhã.

Coloquei meu cereal numa vasilha e me estiquei para pegar o leite, quando fui surpreendido pelo barulho da campainha, o que era no mínimo estranho. Ninguém toca a campainha de alguém num sábado às quatro horas.

Milhares de coisas ruins se passaram pela minha cabeça no momento.

E se fosse um fiscal do correio que soube que Yoongi havia comprado coisas clandestinas e agora estava atrás do responsável? E se fosse algum parente vindo me dar uma notícia triste? Não, não podia ser, meus parentes nem sabem que eu ainda estou vivo...

Então... quem?

— Alguém em casa? — Bateram na porta.

Eu conhecia aquela voz.

— Só um instante! — Gritei de volta e corri pela casa, procurando uma camiseta limpa e arrumando o ninho de passarinhos que havia se formado no meu cabelo. — Droga, meu hálito.

Dei uma boa golada no enxaguante bucal antes de cuspir tudo na pia e passar um pente nos cabelos.

— Já se passou um instante, Jeon Jungkook! — Gritou novamente, suspirei, ajeitei a postura e atendi a porta. Tentei parecer normal, e ali estava Park Jimin, escorado no batente, com os braços cruzados e um sorriso crescendo no canto dos lábios — E aí.

Engoli em seco.

— Por que...

— Deixe os porquês para depois. — Ele entrou, olhando ao redor e parando em frente ao sofá. — Desculpe, não sabia que estava com visita. — Riu ao cutucar o rosto de Yoongi e se certificar de que ele não acordaria de jeito nenhum.

— Ele é assim mesmo, sempre faz isso. — Dei de ombros e fechei a porta atrás de mim.

O ruivo apenas balançou a cabeça e continuou a reparar nos detalhes do apartamento consideravelmente pequeno. De repente, me senti envergonhado por não ter dado uma faxina ali antes, mas não era como se eu fosse adivinhar que o garoto surgiria do nada.

— Eu gostei. — Ele disse, depois de um tempo. — Você tem bom gosto para decoração, é simples, porém aconchegante. A decoração do espaço de alguém diz muito sobre quem a pessoa é — me olhou — diz bastante sobre você. Sabe, os quadros, as fotografias...

Assenti.

Meu apartamento era uma bagunça na maior parte do tempo, mas era minha bagunça e eu gostava dela assim, me confortava saber que o mesmo também gostava. A sala era basicamente repleta de pinturas feitas pelo meu irmão que eu trouxe da minha cidade natal, e fotografias que eu mesmo tirei em alguns momentos da minha vida, quando eu ainda tirava fotos boas.

— É, coisa de hipster. — Ele completou, em seguida, e eu ri.

Naquele momento, senti vontade de conhecer sua casa. Se nossa decoração dizia muito sobre quem éramos, então eu queria saber o que a dele diria sobre si.

366 Universos | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora