Epílogo
A teoria de tudo.
Quando se tratava de multiversos e outros assuntos astronômicos, Jungkook não era nenhum especialista. Sabia o que sabia pelas suas vivências e por ter lido tantos livros na infância, mas nunca foi um expert no assunto. Não como Jimin.
Jimin era um estudante do assunto, sabia mais do que muita gente por aí e passava noites em claro buscando por coisas novas pelo seu telescópio, e essa era uma das coisas que Jeon mais gostava nele. Ele gostava do universo do mesmo tanto que o moreno tinha curiosidade sobre ele.
E para sua sorte, Jimin também gostava de deitar ao seu lado e o ensinar coisas que nunca saberia, como o fato de cosmólogos simularem a existência de, aproximadamente, mais de 500 milhões de galáxias. Jungkook amava quando ele fazia isso, amava o sorriso que ele tinha no rosto quando a luz da lua brilhava sobre seus olhos e o fazia parecer mil vezes mais bonito do que ele já era.
Nesses momentos, Jeon agradecia a si mesmo por não ter desistido. É fato que nossa mente nos engana o tempo todo e tenta nos manter na nossa zona de conforto como se aquilo fosse o melhor para nós, mas isso nem sempre é verdade. Ás vezes tendemos a fechar todas as portas que se abrem no caminho porque estamos assustados demais para prosseguir, mas não vamos estar assim o tempo todo. Nem sempre iremos sentir medo, e é por isso que devemos tomar riscos. Porque viver é isso, é arriscar e ver no que dá. Yoongi sempre o dizia que merdas são inevitáveis, e a realidade é essa: você precisa estar ciente de que certas coisas não são culpa sua e que tá tudo bem arriscar.
As ações do universo vão continuar inexplicáveis, a vida vai continuar complicada e momentos continuarão imprevisíveis, mas qual seria a graça se já soubéssemos de tudo? Foi difícil para Jungkook entender também que nem tudo precisa de explicação, algumas vezes as coisas só são como são, porque cada modo de viver tem sua própria lógica e seu próprio significado, e não existem enigmas. Não existem segredos.
Nós não podemos salvar o mundo ou consertar pessoas, podemos ficar ao lado delas enquanto elas se consertam e o mundo tenta se salvar, então seja lá o que aconteceu ou que ainda vá acontecer, não se deve se culpar pelo que não está ao seu alcance. Jungkook teve que aprender isso na marra, mas a sensação foi de tirar um peso dos ombros porque, bem, agora ele sabia que Wonwoo havia ido por um motivo, e que Jimin havia entrado em sua vida para que ele entendesse tudo isso.
A poucos metros de si, Jimin estava dormindo. Os cabelos tingidos de azuis se espalhavam como arte no travesseiro e sua expressão era tão serena que Jungkook desejava que estivesse em um quadro, mas não, ele não fotografou. Decidiu a um tempo que algumas coisas o rapaz deveria guardar para si, como a imagem que apenas ele estava tendo o prazer de ver. A imagem de alguém que ele amava tão perto, e dessa vez, tão alcançável.
Depois de tanto olhar, decidiu desligar o notebook, continuaria o desfecho da sua história amanhã ou depois, não tinha pressa. Se deitou e, sentindo seu corpo voltar à cama, Jimin abriu os olhos brevemente e sorriu, se aconchegando em seu peito.
— Pensei que fosse ficar ali para sempre. Que bom que voltou. — disse, a voz mais grave por causa do sono — Boa noite, Kook. Eu te amo.
Jungkook soltou um riso e envolveu-o com os braços, sentindo seu corpo relaxar em contato com o dele.
— Boa noite, hyung. Eu também te amo.
. . .
Faltando poucas horas para o ano novo, Jungkook lia mais uma das cartas que sua mãe havia enviado. Dessa vez ela estava em Jeju com seu padrasto, aproveitariam o réveillon na praia juntos, e Jeon finalmente diria que estava feliz. Seu pai estava longe, Wonwoo descansava em paz, sua mente estava livre da culpa e ele tinha quem precisava bem perto.
Na última linha da carta, sua mãe deu ênfase na frase: "quero conhecer meu genro logo, eu te amo", o que o fez sorrir. A ideia de ter Jimin como um membro da família era inacreditável, mas nem um pouco ruim.
Descartou o copo de café na lixeira mais próxima e guardou a carta na mochila, caminhando rumo ao campus. Ainda haviam coisas que precisava resolver antes do ano acabar.
Como esperado, a faculdade estava vazia, com exceção de Seokjin, que estava imerso em uma leitura de um dos livros que Jimin lhe deu em sua sala, com os óculos redondos na ponta do nariz. O professor só percebeu que um de seus alunos estava ali quando este fechou a porta atrás de si, capturando sua atenção.
— Jungkook, que surpresa. — sorriu, fechando o livro — O que faz aqui? É ano novo.
— Eu deveria te perguntar o mesmo. Não deveria estar com seu marido? — o mais novo provocou, lembrando-se de que eles haviam se casado a pouco tempo.
A celebração foi simples, mas na medida certa. Hoseok, Taehyung e Yoongi beberam muito champanhe e fizeram uma algazarra como de costume, atraindo risos de todos os convidados, Jimin e Jungkook dançaram e aproveitaram a presença dos amigos, memorizando cada momento, cada risada e cada sorriso, e Seokjin e Namjoon os observaram de longe, felizes por serem sete almas perdidas que um dia se encontraram ali, juntos.
— Namjoon está comprando nossas passagens. Passaremos a lua de mel em Tóquio. — Jin cruzou os braços, mantendo o sorriso no rosto — Pensei que não ia mais pisar o pé no campus outra vez.
— Eu não pretendia, ainda preciso decidir se é realmente o que eu quero. Talvez eu volte no ano que vem, quem sabe? — o moreno deu de ombros — Mas tem algo que eu queria te entregar antes do ano acabar.
— Jura? — Seokjin se ajeitou, visivelmente interessado.
Jeon abriu a mochila e tirou de lá uma pasta, colocando sobre sua mesa.
— O primeiro trabalho do ano. Aquele sobre a importância da fotografia. — sorriu, meio desconcertado — Apesar de parecer uma questão simples, eu nunca realmente consegui respondê-la. Mas agora... acho que está claro para mim.
O professor havia ficado um tanto quanto surpreso com a entrega repentina, mas isso não diminuiu seu orgulho por Jungkook. Abriu a pasta e sorriu ao ver tantas polaroids, como um álbum de fotos.
— Eu preciso ir agora — Jeon se levantou, curvando a cabeça — Feliz ano novo, hyung.
Seokjin não conseguiu responder de imediato, e quando lembrou-se de desejar feliz ano novo para o garoto, ele já não estava mais ali. Voltou os olhos ao álbum, passando cada página com delicadeza.
Em cada uma havia quatro fotos diferenciadas, algumas eram de paisagens, outras apenas de Jimin, mas havia fotos de todos os sete, separados ou juntos, todos eles apareciam no álbum de fotos de Jungkook. Por último, havia uma dele sozinho, e logo após uma carta.
Seokjin tirou o envelope do plástico e o abriu, tirando de dentro um papel. Abriu-o, curioso, e sorriu ao reconhecer a letra de Jeon.
Hyung, a alguns meses, você me pediu para que eu explicasse a importância da fotografia num dos nossos trabalhos bimestrais. Embora eu não pudesse lhe responder isso antes, aqui estou eu, mostrando para você a minha resposta. A importância da fotografia está nessas fotos. Cada momento e instante que está eternizado nessas imagens é o que me fez entender porque essa arte é essencial.
É um alívio que somos sete, é um alívio que temos uns ao outros.
Obrigado por me ensinar isso.
Recentemente assisti A Teoria de Tudo, aquele filme sobre o Stephen Hawking, e uma das frases me marcou, que foi a seguinte: "Não importa o quão ruim a vida pode parecer, existe sempre algo que você possa fazer e ter sucesso. Onde há vida, há esperança."
Espero que as pessoas entendam isso um dia também, do jeito que eu entendi.
Continuo sem saber a teoria de tudo, mas acho melhor assim. Não preciso saber a teoria de tudo quando eu sei a importância da fotografia, da amizade, da família, das pequenas coisas, do amor e principalmente, da vida como ela é.
Com amor,
Jungkook.
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366 Universos | jikook
RomanceCONCLUÍDA kookmin/jikook | sidestory!366 dias | longfic E se tudo tivesse sido diferente? Fotografar as coisas ao seu redor sempre pareceu perfeito para ele, capturar os momentos antes que eles tivessem o seu fim era essencial para que o garoto con...