Capítulo Treze

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Capítulo Treze

Estrelas cadentes e o contador de histórias.

"Aqui vai uma coisa que talvez você não tenha tido tempo de aprender: quando alguém precisa de você, você não vai embora. Tá, tudo bem, sei que não foi sua intenção me deixar sozinho na pior época da minha vida, mas você meio que deixou feridas bem abertas, sabe?

Foi mal, não escrevi para te culpar nem nada do tipo, na verdade vim aqui por outro motivo. Estava pensando sobre isso, porque quando precisaram de mim, eu fiquei. Eu não fui embora.

Descobri sobre o que Jimin faz sempre que está "fora de serviço": ou ele está viajando e criando aventuras sozinhos em seu próprio mundo, ou então ele está dividindo suas frustrações com o grupo de apoio. Depois daquele momento terrível, ele precisou de espaço, e foi o que eu dei a ele. Agora estou tentando ser como um satélite, sempre ao redor, mas nunca perto demais a ponto de colidir. Ele precisa de mim, acredito eu, e acho que isso é bom. Jimin confia em mim, e eu nele.

Recentemente, descobri também sobre universos paralelos e algumas teorias malucas que fazem sentido quando Seokjin as conta para mim, e penso na possibilidade de estar conectado a Jimin em outros universos também, isso explicaria a sensação de familiaridade que tenho sempre quando passamos alguns momentos juntos. Parece loucura demais para você?

Bom, de qualquer forma, estou bem. Há uma frase rabiscada na minha parede que diz "antes que você possa ver a luz, você deve enfrentar a escuridão", pouco a pouco sinto que estou enfrentando a minha escuridão e curando feridas antigas que você e o papai deixaram, e acho que Jimin se sente assim também quando estamos juntos.

Eu espero que sim."

Encarei a folha de papel, pensei em amassar aquela carta diversas vezes, mas apenas a enfiei dentro do bullet journal junto com todas as outras e fingi que elas não existiam.

Taehyung limpava o balcão da livraria, quando soube que ele havia arrumado um emprego ali, fiquei feliz por ele, mas quando enxerguei de longe a garrafa de uísque vazia jogada perto da sua mochila, deixei um longo suspiro escapar pelos meus lábios.

Ele não estava bem, e eu podia ver isso. Nenhum deles parecia estar, na verdade, e isso me preocupava.

— O que está fazendo? — ele ergueu o queixo em direção a carta que eu guardava e dei de ombros.

— Ah, não é nada, só umas anotações da aula de hoje — menti, ouvi-o murmurar um "hmm" em resposta, e ele continuou a tirar a poeira do balcão.

Pude ver as olheiras que denunciavam as noites mal dormidas e tive vontade de perguntar se estava tudo bem, mas ao invés disso perguntei:

— Eles não reclamam? — apontei para as garrafas vazias e ele as olhou pelo ombro, entendendo que eu falava sobre seus superiores.

— Nah, não podem me demitir, também. Sou o único que sabe como configurar o roteador. — riu de canto — Obrigado por ter vindo, sabe, ultimamente não tenho tido muitas visitas.

— É sempre bom fazer companhia a um amigo. — Olhei para ele — Escuta, Tae...

O Kim pigarreou, sabendo o que eu diria a seguir. "Você pode falar comigo, se quiser", era o que eu ia dizer, mas ele não queria ouvir aquilo. Suspirei e tirei do bolso uma foto de todos nós juntos, uma que havíamos tirado antes de tudo entre os sete começar a desmoronar. Era complicado, apesar da situação entre mim e Jimin estar melhor, eu sentia falta dos momentos em que todos nós nos reuníamos, mesmo que tenha sido por pouco tempo. Tudo parecia ter ficado mais distante e era doloroso perceber isso quando eu finalmente achava que havia me encaixado em algum lugar.

366 Universos | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora