Capítulo 26: O mundo pode mudar e não dar um aviso

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Como é que vocês estão depois do último capítulo? Eu estou drenada mas a vida continua.

Eu devia ter postado esse capítulo no dia 18, que foi o aniversário de UM ANO da fic, mas a vossa autora aqui é preguiçosa e procrastinadora, por isso ele só saiu hoje. Me perdoem e não desistam de mim.

Hoje teremos um capítulo leve, mas muito decisivo, e não tão grande quanto o último.

Boa leitura.

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Pessoas que tem sono pesado tem a sorte, ou azar dependendo das circunstâncias, de não serem facilmente acordadas, não importa o que façam com elas. Krist, ainda que fosse uma pessoa cujo sono não era dos mais leves, fazia parte de uma pequena exceção, porque os seus instintos pegavam qualquer coisa que estivesse errada no ambiente em que ele estava mesmo antes de o seu cérebro poder se livrar da névoa do sono e ele acordar devidamente.

Por causa da forma como ele havia sido condicionado, pelo seu treinamento na academia de polícia, pelos seus anos de experiência e pela forma que o seu trauma o deixou mais desconfiado das coisas, mesmo estando inconsciente os seus instintos diziam a ele que havia outra pessoa no quarto de hospital, para além do homem que ele podia sentir segurando a sua mão, o que o levou a fazer esforço para acordar e conseguir abrir os olhos, meta alcançada a tempo de poder ver a porta se fechando, indicando que quem esteve ali dentro acabava de sair. Deduzindo que foi uma enfermeira ou até mesmo Amerie que tinha ido verificar como ele estava, Krist bocejou antes de olhar para o lado e ver Singto dormindo, a sua cabeça apoiada em uma almofada, sentado na cadeira em uma posição que lhe pareceu meio desconfortável, segurando com força a sua mão.

As memórias do acontecimento da noite passada e daquela madrugada ainda estavam frescas na sua mente, bem como o peso da vergonha por ter sido tão fraco a ponto de ter sucumbido as suas emoções, que ele fazia de tudo para manter controladas. Uma parte dele se recriminava por ter contado tudo a Singto, toda a parte feia e desagradável do seu passado, porque punha em evidência o quão estúpido e manipulável ele tinha sido no passado, quão fácil foi fazer dele um capacho e como aquilo tinha moldado o seu comportamento para aquilo que o chefe de gangue conhecia atualmente; a outra parte dele, aquela que estava se tornando bem ruidosa ultimamente, mais precisamente desde que eles se tornaram "amigos" e a relação deles ficou mais fácil de digerir, se sentia quase aliviada, como se contar sobre o seu passado tivesse retirado um pouco da carga que ele se dispôs a carregar pelo resto da sua vida, como uma espécie de penitência pelos seus erros do passado.

Basicamente, foi como se contar aquilo para Singto tivesse aberto uma porta e mostrasse a ele um caminho que ele não sabia que existia e nem sequer sabia que poderia vir a precisar um dia. E aquele pensamento tornava tudo bem assustador, porque fazia com que o seu cérebro criasse paralelos entre a forma que o seu relacionamento com Niran tinha começado e qualquer que fosse o que ele e Singto estavam tendo no momento.

Krist não queria comparar os dois, até porque intelectualmente ele sabia que Singto e Niran não eram iguais, mas tendo somente a desgraça que foi a relação que ele teve com Niran e o resultado que saiu dela como um ponto de referência, a ideia de que Singto nutria sentimentos por ele, sentimentos esses que, querendo ou não, tinham influência na sua vida, chocava sempre com uma barreira que ele se recusava a deitar abaixo mas que não estava intacta há um bom tempo. As conversas que ele teve com Namtan e Ciize, os vários comentários de Jumpol sobre a forma que algo entre ele e Singto tinha mudado, e até mesmo as palavras enigmáticas de Maengmmum, serviram como pontos de pressão nas barreiras que ele tinha erguido no meio de tanta dor e auto piedade, o deixando sem saber o que fazer.

Lawful Disorder (KristSingto/SingtoKrist)Onde histórias criam vida. Descubra agora