3 - Eu estou aqui, babe.

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Billie e eu não falamos muito sobre o que havia acontecido. Idéias opostas apenas, depois de tudo aquilo ela quis acreditar que era apenas algum funcionário querendo tirar uma conosco, já eu tinha levado aquilo a sério, que tipo de brincadeira seria essa? Acabou que concordei com ela para não iniciar uma discussão desnecessária.

O resto do caminho foi um completo silêncio, um silêncio desconfortável, e assim foi até que chegássemos no refeitório. Sentamos na mesma mesa por falta de opção, ficamos apenas observando a interação do pessoal que estavam se conhecendo.

ㅡ Ai, merda.ㅡ Billie resmunga encarando um grupo de pessoas que andava na nossa direção.

ㅡ O que foi?ㅡ Pergunto, Billie me abraça carinhosamente antes de me responder.

ㅡ Tá vendo aquelas pessoas? Eles não tem lugar pra sentar e provavelmente vão sentar aqui. Hoje não é um bom dia pra interação e eu já tenho que aguentar você. ㅡ Sussurra.

ㅡ Hum, e por que você tá me abraçando?

ㅡ Pra acharem que a gente namora. Ninguém vai querer ficar de vela.

ㅡ Meu Deus, deixa de ser chata. ㅡ Tiro seus braços do meu pescoço e me afasto um pouco.

ㅡ Oi, tem algum problema se sentarmos com vocês? ㅡ Um cara alto que estava acompanhado de uma garota nos pergunta. Completamente simpáticos.

ㅡ Problema nenhum. ㅡ Respondo tentando devolver o máximo de simpatia. Billie por sua vez acabou suspirando alto demais, chamando atenção dos dois que estavam se sentando. Ela se levantou, e sem explicações foi sentar em outra mesa.

ㅡ Mal educada. ㅡ Giulia murmurou enquanto mordia um pedaço da maçã em suas mãos.

ㅡ Eu que o diga. ㅡ Praticamente sussurro, lembrando da cena que presenciei de manhã. Os dois sorriram em resposta.

O assunto foi surgindo aos poucos, me apresentei para em seguida eles fazerem o mesmo.

A garota era Giulia Santiago, alguns podiam nomeá-la como uma pessoa padrão. Branca, loira e magra, mas o que a destacava era sua personalidade forte.

O garoto, Dylan Ross. Totalmente o contrário de Giulia, negro, alto e com um corpo completamente malhado. Ele não chegava a ser tímido, mas era muito delicado e simpático, o que me fez lembrar de nunca julgar um livro pela capa.

No final do almoço, uma mulher baixa e irritada subiu no pequeno palco que havia ali. A mesma se apresentou como monitora do acampamento e passou longos minutos nos explicando o que faríamos nessas férias. Coisas como, caminhadas, artesanato, gincanas e etc... Ao concluir, a mulher nos liberou para que pudéssemos andar livremente e conhecer mais do acampamento.

Dylan e Giulia decidiram andar por ai, fui convidada mas recusei educadamente, já tinha explorado demais pra um dia só. Caminhei lentamente até minha cabana, tomando cuidado para não me perder novamente.

ㅡ Billie?ㅡ Entrei no quarto me perguntando se ela já estava lá.

ㅡ O que? ㅡ Fala saindo do banheiro só de toalha e com o cabelo molhado.

ㅡ Como chegou aqui tão rápido? Acabaram de nos dispensar.

ㅡ Decidi sair mais cedo, oras. Perdi algo? ㅡ Pergunta enquanto vasculha suas malas em busca de alguma roupa.

ㅡ Nada demais. Acho que vou tomar um banho também.

ㅡ Uh, posso ir junto? ㅡ sorri com a língua entre os dentes. Fofa.

ㅡ Banho demais faz mal, senhorita. ㅡ Retribuo o sorriso. Pego uma toalha e alguma roupa qualquer, me trancando no banheiro logo em seguida.

Tiro minha roupa e em poucos segundos já estou debaixo da água -não tão quente- do chuveiro. Fecho os olhos e me permito descansar um pouco, mas sou interrompida pelo barulho da porta sendo aberta.

ㅡ MERDA, BILLIE, SAI DAQUI.ㅡ Começo a gritar desesperadamente, não só pelo fato de eu estar pelada mas também por ter entrado shampoo no meu olho.

ㅡ EU TÔ AQUI NO QUARTO, SUA MALUCA.ㅡ Billie grita de volta. Demoro para processar a informação, mas se Billie não havia entrado no banheiro...

Com dificuldade abro meus olhos devagar e a única coisa que vejo é um vulto passando em minha frente. Dou um passo para trás me chocando contra a parede do banheiro.

Aquilo já havia acontecido, era como eu tivesse sido teletransportada para alguns anos atrás novamente. A mesma sensação de desespero tomou conta de todo o meu corpo, me dando forças apenas para cair no chão, fechar os olhos e me encolher, torcendo para que aquilo fosse apenas fruto da minha imaginação.

Minutos se passaram até que eu tivesse forças para abrir os olhos novamente. Nada, absolutamente nada me cercava além das paredes rústicas e os móveis acabados. Eu não poderia estar ficando louca... poderia?

Ouço a porta do banheiro se abrir outra vez, mas desta vez já imagino quem seja. Billie provavelmente se assustou com os gritos que dei. Se é que eu gritei, se é que foi real.

ㅡ Ei, o que aconteceu? ㅡ Pergunta adentrando o local com certa preocupação.

Abro e fecho minha boca várias vezes, na tentativa falha de falar algo, mas nada sai. A garota então, sem intenção alguma, se ajoelha próxima a mim e me abraça. Por mais que eu não tenha conseguido retribuir, me senti acolhida e segura por alguns segundos.

Quando me acalmei, Billie me levantou e me enrolou na toalha. Aquele gesto fez com que eu me lembrasse que estava pelada esse tempo todo, mas o fato de Billie não ter olhado ou feito qualquer comentário idiota conseguiu me deixar confortável com a situação.

Saindo do banheiro, ganhei um pouco de espaço para poder me trocar, tudo isso em um completo silêncio. Ao terminar, me sentei na cama enquanto encarava o nada, tentando afastar as lembranças dos acontecidos de anos e de minutos atrás.

ㅡ Quer falar sobre o que aconteceu? ㅡ A mais velha pergunta sem sair de sua cama, onde estava deitada, porém, um pouco tensa.

ㅡ Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas prefiro não falar sobre, se tiver tudo bem pra você. ㅡ Brinco com meus próprios dedos, evitando manter contato visual.

ㅡ Tudo bem. Mas saiba que eu estou aqui, babe, pra quando você precisar. ㅡ Suas palavras fizeram com que eu a olhasse automaticamente, mesmo sem querer. Billie apenas sorri e volta a olhar o teto.

ㅡ Obrigada, Bill.ㅡ sussuro.

ᴘᴀʀᴀɴᴏʀᴍᴀʟ ᴄᴀᴍᴘ ✧ ʙɪʟʟɪᴇ ᴇɪʟɪsʜ (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora