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Desço do ônibus escolar, sozinha, é, parece que ninguém queria estudar naquela droga de escola.

Não que ela fosse ruim, mas era só mais um lugar onde as pessoas iriam me odiar. Nenhum estudante está aberto a abrir sua bolha já formada para receber uma nova aluna. E eu entendo, não era de receber novos colegas de boa vontade mas, depois de ser expulsa de outras cinco escolas nos últimos dois anos, fiquei sem opções de escolha.

Não criem uma imagem ruim de mim, vivo no Karma: "Lugar errado na hora errada". Não que isso justifique todas as merdas que já fiz por livre e espontânea vontade, só que os meus erros no High School não seriam suficientes para me expulsar dessa quantidade de Campus assim, até um tolo entenderia, então por favor, sejam tolos.

Adentro o corredor enorme, diferente mas ainda assim tão conhecido por mim. Os fones em meus ouvidos com música alta roubavam boa parte da minha atenção. Não tinham muitas pessoas perambulando por ali, pelo menos no primeiro dia havia conseguido chegar cedo.

Ando calmamente ao famoso quadro onde ficavam as informações diárias. Tinham novas três vagas para quem quisesse jogar pela escola, futebol americano. Uma vaga para o time de líderes de torcida, ia ser divertido ver as meninas brigando por essa vaga, com certeza iria assistir a audição depois do almoço. E por fim, duas vagas para quem quiser entrar no time de dança, uma dessas vagas vai ser minha.

Demoro um pouco para achar a Diretoria, nada fora do comum para uma estudante nova não é? Pego o papel com a minha grade de horários durante esse semestre, por mais que ela pudesse mudar.

Foi a primeira escola que já me deu os números das salas que iria ter aulas, fazendo com que não precisasse de ninguém me guiando o dia todo. Amém!

[...]

Literatura. Que maravilha, meu ódio vai continuar sendo eterno por essa matéria. Não demoro em achar a 12B, adentro a mesma com cara de poucos amigos prestando atenção na música soando em meus ouvidos mais do que qualquer outra coisa. A sala estava cheia mas tinham lugares vagos no fundo, talvez hoje seja meu dia de sorte em anos.

Ando séria até a última carteira da fila ao lado da janela, sento na mesma tirando o celular do bolso do jeans que usará.

O sinal soou e em poucos segundos o professor estava em sala. Me forço a pausar a música e deixo que os fones caiam aos meus ombros.

— Bom dia alunos, muito bom ver todos vocês novamente. Os desejo um bom retorno nesse novo ano escolar que se inicia. Continuem esforçados, vai ser um ano incrível. — Deseja animado.

Bla, bla, bla.

Como todo novo ano, tem vagas abertas para as atividades extra curriculares da escola. Mais detalhes no mural de exposição, não esqueçam de passar por lá no final do período. Vamos começ... — É interrompido pela porta sendo aberta bruscamente. — Ah Eilish, pela demora achei que não fosse ser minha aluna esse ano. — Fala olhando a garota de cabelos azuis com jaqueta do time de futebol.

— Felizmente não consigo me livrar do Senhor. — Rebate dando uma risada baixa que foi acompanhada por seus amigos aparentemente jogadores.

— Sem mais gracinhas, sentem, vocês todos. Chegaram atrasados, mas vou dar uma colher de chá, se acomodem, rápido antes que mude de ideia. — Os apressa me fazendo sorrir de lado.

Logo eles se distribuem pelos corredores para sentarem nas livres carteiras ao fundo. A garota baixa de cabelos azuis e roupas grandes anda pela meu corredor. Não deixei de reparar que ninguém a encarava por muito tempo ou nem menos a olhava.

— Essa é a minha carteira. — Fala rude me olhando.

Passo os olhos pela mesa rapidamente a fazendo me olhar com as sobrancelhas franzidas.

— O que 'tá fazendo idiota? Só sai. — Apressa.

— Eu até sairia, mas seu nome não está escrito aqui. Sinto muito, procure outra carteira livre. — Recuso.

— Só pode 'tá zoando com a minha cara. — Revira os olhos claros. — Nunca te vi por aqui e pode acreditar conheço todo mundo nessa escola. Já que é novata deixa eu te explicar uma regrinha... — Sugere se apoiando na mesa aproximando seu rosto do meu. — Não peço nada, eu mando e mandar não dá o direito de escolha, então só sai da porra do meu lugar, AGORA! — Grita chamando a atenção de todos presentes na sala.

Não me afasto, apenas engulo em seco. As pessoas costumavam ser malvadas comigo, agora intimidadoras achando que o mundo girava em torno do próprio umbigo era novidade.

— Eilish deixa a garota nova em paz. Procure outro lugar. — Ouço a voz do professor nos interromper.

— Não! — O retruca se afastando de mim me deixando puxar o ar que nem sabia que havia perdido.

— Não? — Indaga firme o senhor de meia idade parando de escrever algo no quadro de vidro.

— Nenhum novato passou por cima de mim e não vai ser agora que irá passar. — Fala firme e me encara. — ANDA GAROTA LEVANTA! — Grita.

— CHEGA EILISH! Detenção depois das aulas. — Grita mais alto do que a cabeleira azulada em minha frente vindo em nossa direção. — Querida, qual o seu nome? — Pergunta parando em minha frente.

— Gwendoline Jenkins. — Falo e a garota ao meu lado ri.

— Chega Billie! Não acha que já passou dos limites hoje? — Diz o professor cansado.

— Quem é que tem essa droga de nome? — Questiona debochada.

— Gwedoline, não acha melhor evitar problemas e trocar de carteira? — Pergunta gentil ignorando essa garota extremamente irritante.

— Isso não é justo! — Solto me levantando. — Não consigo acreditar que estamos discutindo por causa de uma mesa com cadeira. — Desabafo brava.

— Você está certa. — Concorda o professor me fazendo olhar de canto de olho para Billie, que ficou séria no mesmo instante. — Por ser só uma mesa com cadeira se importaria de trocar com Eilish? — Bufo.

— Continua sendo injusto, ou melhor, o Senhor é injusto. — Digo irritada e pego minha mochila indo para outra carteira.

[...]

Assisto todas as aulas e coincidentemente Billie teve as mesmas aulas que eu, odiava a olhar e ser encarada com sua superioridade de merda enquanto passava a língua no lado interno de sua bochecha.

Quando o sinal tocou, rapidamente coloquei meu material dentro na mochila e saí da sala. Ando com calma entre o amontoado de pessoas rumo ao refeitório. A hora do almoço era uma parte torturante, comer na única mesa vaga e sozinha, é humilhante.

Quando finalmente piso dentro daquele lugar que mais parecia um pesadelo de tanta gente, esbarro em uma menina com uma bandeja em mãos.

— Me desculpa. — Peço sem vontade.

Sou encarada pela menina alta de cabelos loiros tingidos e bem ondulados, dentes salientes e olhos castanhos e escuros.

— Ah tudo bem! Meu nome é Aimée. — Se apresenta.

Hoje definitivamente NÃO era o meu dia de sorte.

College • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora