Empurro a porta de entrada da escola. Não consegui dormir naquela noite, minha mão doía, mas não tinha dinheiro e nem analgésicos em casa.
Abro meu armário pegando meus livros e sigo para a sala de aula. Estava tão cansada que os fones, que praticamente moravam em meus ouvidos, estavam guardados em minha mochila.
Sento em uma classe isolada no fundo da sala, não queria conversar. E não que eu converse muito, as pessoas me olham estranho aqui dentro.
Quando o sinal soou a professora de Sociologia, chamada Cindy, adentrou a sala desejando bom dia sorridente.
E incrivelmente Billie já estava na sala, com um dos seus conjuntos de moletom, debruçada sobre a mesa de capuz.
Nossa atividade de hoje seria ler nossas redações que foram passadas na aula anterior.
Não tenho vergonha, nada mais faz sentindo, não ligo o que vão pensar já me torturo demais pensando nas possibilidades de pensamentos que viriam das pessoas sobre mim. Nada era novidade.
— Gwendoline, pode começar 'pra gente por favor? — Pergunta Cindy com sua voz quase mais doce do que seu nome.
— Aqui ou na frente de todo mundo? — Questiono colocando a mão machucada no bolso do casaco de moletom que usava.
— Aonde se sentir confortável. — Dá de ombros sorrindo.
Se iriam ouvir meu discurso suícida iram ouvir comigo de pé.
Levanto com meu caderno em mãos.
— "A morte me chama para jantar
Em forma de suicídio diz que vem pra me buscar
Com flores no caixão
Um terço enrolado na mão
Me despeço deste mundo de muito preço e poucos valores;
De muito ódio e poucos amores. — Leio palavra por palavra, devagar, aproveitando como todas as sílabas soavam fortes.Vizualizo Billie levantar a cabeça, se senta de forma desleixada me encarando.
— Uma memória não deixarei,
Nem mesmo nas histórias estarei;
Pois quem escolherá a morte
Talvez não seja um azarado e sim um cara de sorte." — Finalizo sentindo meus olhos serem inundados.— Querem dizer algumas palavras sobre o poema da Gwendoline? — Fala a professora escorada em sua mesa.
— Queria a minha atenção? Aqui está.
— Um garoto de cabelos compridos e jaqueta do time de futebol se levanta de sua carteira e se curva.Fazendo boa parte da sala rir, menos Billie que continuava me encarando séria, mas foi acertada por um tapa no ombro dado por seu amigo.
— QUIETOS! — O grito estridente da professora assusta todos. — Tippy, direção agora. O restante da turma detenção após as aulas durante uma hora. — Diz enfurecida.
— Professora isso não é justo, nem sequer abri a boca. — Retruca uma menina sentada em minha frente, já que estava diante de toda a turma.
— Estou sendo tão justa quanto foram com a sua colega. Gwendoline, precisarei levar seu colega para a direção, mas poderia me dar seu poema? — Pergunta gentilmente.
Me limito a concordar positivamente com a cabeça e retiro a mão do bolso do casaco para arrancar a folha do caderno e a entregar.
Por um momento havia esquecido que minha mão estava fodida. A entrego o poema e caminho apressada para o meu lugar.
Na verdade meu poema era para ser bonito. E era, relatava um fio de esperança e encorajava as pessoas a continuarem. Mas isso foi antes de tudo dar errado. As coisas mudam muito rápido, os sentimentos mudam e essa é a pior parte.
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College • Billie Eilish
Fiksi PenggemarSer odiada pela capitã do time de futebol americano é minha maior qualidade. · · [Todos, absolutamente, todos os eventos presentes e pré-existentes nesta história é apenas e somente ficção.] · Terminada em 14 de Maio de 2020.