As próximas semanas foram intensas e por esse motivo se passaram rapidamente. Eram as últimas provas antes do Baile de Primavera e finalmente as férias. Ia para o último ano e nem podia acreditar. Passei muitas dessas semanas na casa de Aimée para estudar. No final valeu a pena, nos saímos consideravelmente bem nos testes.
Admitir coisas nunca foi algo muito fácil para mim, pela pessoa que eu era e pelas coisas que já passei. Mas irei admitir que estava começando a gostar da falsa loira. Conversávamos sobre tudo, nos acertávamos nos estudos, víamos filmes e falávamos bobagens. Trocávamos beijos, ela nunca tentou evoluir e isso me deixa tranquila, pois me faz ver que ela não me quer apenas em sua cama.
[...]
O sinal toca e pego minha mochila como comumente. Me dirijo com calma para fora da sala de aula mas sinto meu braço ser puxado delicadamente, olho para trás imediatamente e vejo a loira que tanto pensava nesses últimos dias.
— Quer tomar sorvete? — Convida sorridente.
— Claro. — Sorrio.
Fomos para uma soverteria próxima de lá. Nos sentamos perto da janela para poder olhar o movimento entre nossas conversas.
— Você tem um par 'pro baile? — Indaga curiosa levando uma colher do seu sorvete de baunilha lentamente aos lábios.
Era inevitável não ter vontade de beijá-la para descobrir o gosto daquele creme gelado misturado ao seu.
— Não. E você? — Pergunto mordendo meu lábio em seguida.
— Não também. Pelo jeito ninguém quer a nossa companhia no Baile. — Sorri.
— Não diz isso, eu quero a sua companhia. — Discordo curvando as sobrancelhas.
— Nós podíamos ir juntas ao Baile, né? — Pergunta.
— Não gosto de bailes, nem sei se vou ir falando a verdade. — Conto terminando o meu sorvete.
— Vamos, por favor, prometo pegar ponche e te levar 'pra dançar. Por favor Gwendoline, só dessa vez. — Implora e acabo rindo.
O sorriso desapareceu quando levantei meus olhos de Aimée tendo visão da porta e de Danielle passando pela mesma puxando uma Billie séria com os dedos entrelaçados nos seus, quase soltando na verdade.
— 'Tá bem. Vamos ao baile, satisfeita? — Digo desanimada.
O fato de ter aceitado o convite para o Baile em si não me desanimou, era algo fora da minha praia e muito mais fora da minha zona de conforto. Mas isso não foi o suficiente para me botar para baixo dessa forma, afinal, era só um baile idiota. Billie me afetava e tinha que admitir isso.
— MUITO! — Responde um pouco animada demais chamando atenção de algumas pessoas, especialmente do casal.
Acabo rindo após ser contagiada pela risada de Aimée que se deu origem quando percebeu aquele tanto de pessoas a olhando.
— Eu gosto de baunilha. — Comenta levando uma colher generosa do sorvete à boca.
— Também. — Concordo a observando.
— Quer provar o meu? — Pergunta.
— Não seja boba, acabou. — Franzo as sobrancelhas rindo.
— Na minha boca Gwen. — Sorri de lado.
— Aimée. — Pondero.
— Vamos, é só um beijo com um intuito em especial. — Tenta me convencer.
E conseguiu. Levanto rapidamente me sentando ao seu lado, levo a mão a sua nuca e a puxo para um beijo. Sem muita demora sinto o gosto da baunilha junto com o toque gelado da sua língua. A dei um selinho finalizando o contato e volto ao meu lugar mais rápido do que quando o tinha deixado.
Aimée logo puxou um outro assunto que respondia com: "Sim", "Claro" e "Com certeza". Estava ocupada demais recebendo olhares intensos de Billie que observava qualquer movimento que fazia.
Queria chorar. Chorar de raiva por me deixar ser enganada e por ser enganada por ela, chorar de saudade. Minha mente cismava em passar lembranças da noite no Parque. As nossas conversas, risadas, os abraços, os beijos, as mãos em minha cintura. Queria tanto acordar ao seu lado e poder ver o seu sorriso.
— Preciso muito ir ao banheiro, já volto. — Interrompo o assunto da loira e me levanto indo em direção ao mesmo sem esperar uma resposta sua.
Entro no mesmo deixando os soluços que me sufocavam saírem livremente. Era tão desesperador. Só a queria para mim. Nada do que fizemos juntas a deixou marcas? Quando finalmente me acalmava era traída pelas lembranças e o choro voltava ainda mais intenso.
— Gwendoline? — Ouço a voz de quem mais esperei por semanas.
Sonhava com ela todas as noites. Puxo o ar com força, ouvi-la foi como perder o ar.
— Diz que me ama. — Falo chorosa virando para ela.
— Gwen, o que? — Me encara confusa.
— Não aguento mais me sentir assim. Esse vazio, essa angústia. Penso em você o dia todo, sonho com você. Nos meus melhores devaneios estamos sorrindo. Diz que não sou a única. Diz. Por favor, não posso te amar sozinha. — Desabafo exausta.
— Você nunca vai entender o que estou fazendo pela gente, 'pra continuar te vendo nem que seja de longe. E por mais que pareça distante, estou sempre aqui 'pra cuidar de você, sempre, sempre. Eu te amo. — Fala.
Nunca vou entender esse amor, mas prefiro me embebedar nele do que morrer vazia.
— Não minta 'pra mim. Você sabe que acredito em todas as suas mentiras. — Revelo.
— Nunca mentiria 'pra você, talvez omitiria, mas mentir jamais. — Rebate baixo
Estendo a mão para ela e a mesma lentamente entrelaça os dedos nos meus. Eu queria gritar, esperei por esse mínimo contato por semanas. Sou puxada bruscamente para um abraço. As mãos em minha cintura, o perfume.
Levo minhas mãos para os cabelos coloridos em sua nuca, a olhando nos olhos, sim, os que senti tanta falta. Desço o olhar para sua boca e engulo em seco, era como se salivasse para que aquilo acontecesse.
— Beija Gwen, me beija, mata a sua vontade. — Fala baixo tirando uma de suas mãos da minha cintura a deixando em meu rosto.
Fecho os olhos por instantes antes de abri-los e selar nossos lábios devagar. Sentia que ia apagar, era um absurdo estar assim com ela. Era tudo o que queria. Dou passagem para sua língua e crio uma fricção com a mesma.
Eram beijos e mais beijos. Pareciam intermináveis, parecia que nunca sairíamos dali. Sinto mais uma mordida fraca em meu lábio inferior acompanhada de um selinho molhado.
— Precisamos ir. — Sorri triste.
— Tudo bem. Vai na frente. — Falo.
— Hoje as vinte e uma, no Parque. — Diz e sela minha bochecha antes de sair do banheiro.
Sorrio boba limpando uma lágrima solitária que escorria. Agora entendo porquê as pessoas traem umas as outras. Saio do local me aproximando da mesa, Danielle estava saindo de lá aparentemente terminado de falar algo com Aimée.
— Tudo bem? — Pergunto me sentando à frente da loira.
— Eu que te pergunto, desmaiou no banheiro? — Indaga.
— Demorei tanto assim? — Rebato.
— Exatos vinte e oito minutos. — Responde.
Arqueio a sobrancelha sugestiva recebendo uma gargalhada da loira.
— Vem, cansei daqui. Vamos comprar nossos vestidos. — Se levanta.
— O que? — Pergunto confusa sendo puxada para fora da sorveteria.
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College • Billie Eilish
FanfictionSer odiada pela capitã do time de futebol americano é minha maior qualidade. · · [Todos, absolutamente, todos os eventos presentes e pré-existentes nesta história é apenas e somente ficção.] · Terminada em 14 de Maio de 2020.