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Fecho os olhos pela última vez me deixando levar pelas sensações do ápice, os abro assim que consigo retomar o controle do que estava sentindo.

- Viu, baixinho. - Sussurra Billie aproximando o rosto de meu após tirar a mão da minha boca.

A beijo em uma tentiva de mostrar que ainda não estava satisfeita e queria aproveitar mais a noite.

Não estávamos no meu quarto, no Hotel, onde não nos policiávamos quanto ao barulho. Estava na casa dos seus pais, precisávamos tomar cuidado.

Aquela noite havia sido véspera de Natal. Tenho poucas lembranças sobre essa época do ano, pois era muito pequena quando minha família comemorava essas coisas.

Era como se fosse a primeira vez que isso acontecesse e também a primeira vez que me senti sendo integrante de alguma família.

Se passaram dois meses da morte de Danielle, depois disso Billie terminou de se recuperar e teve que ir na delegacia algumas vezes, agora temos o papel de legítima defesa autorizado pelo Estado.

Brandon estava desaparecido, tinham cartazes com a foto dele por toda a parte. Billie sabia o que havia acontecido com ele, mas não me conta, ela sequer me deixa tocar no assunto.

Na escola me sentia como a nerd que sofria bullying, óbvio que a notícia do acontecido vazou para a imprensa. Passou milheres de vezes na TV e toda a cidade sabia, mas diferente desses adolescente com muitos hormônios e pouco cérebro no geral as pessoas cagaram para gente.

Mas lá dentro da escola, todos nos excluíram. Tentei falar com Aimée e ela saiu correndo, não é como se eu fosse matar ela, o que aconteceu nem sequer tem a ver comigo, que dizer, não diretamente.

Fizeram uma homenagem para Danielle no auditório, quando chegamos fomos recebidas com olhares do tipo: "O que as assassinas estão fazendo aqui?", "Que cara de pau!" entre outros parecidos.

As vezes queria surtar e fazer um escândalo no meio do refeitório, eles não fizeram nada por ela. Não a procuraram quando ficou todas aquelas semanas vegetando, não foram ao seu enterro fingir uma despedida, porque, nem de fato eram os seus amigos, não sabiam de nada sobre ela e quando estava viva também era ignorada. Isso me irritava, me irritava saber que as pessoas só parecem se importar com você quando morrer quando não existe volta para mudar coisas e assim eles se comovem com o objetivo de sanar suas culpas para com você. Adivinhem todos vocês falharam, não interessa quantas missas, homenagens ou o caralho que for, continuam sendo culpados tanto quanto nós.

O que me consolava era que estava no último ano e logo não teria de encarar nenhum deles.

Bom, se os encontrasse na rua teria duas opções; Sair no soco depois de mandar um grande: "Vai se foder!" ou só mudar de calçada.

[...]

Desperto do meu sonho que mais parecia um flexe gigante dos acontecimentos dos últimos meses e pensamentos sobre eles com carícias na minha nuca.

- 'Tá frio, vamos dormir mais um pouquinho. - Sussurro puxando as cobertas sentindo seu perfume.

- Fiz café da manhã. - Billie diz.

- Sério? - Pergunto de olhos fechados.

- Não. Pedi 'pra minha mãe fazer, você sabe que não sei cozinhar, ela colocou até uma florzinha. Isso não é algo que eu faria. - Diz e sento na cama rindo da expressão dela.

É, tinha uma florzinha mesmo. Pego a mesma e coloco atrás da minha orelha vendo Billie rir.

- Ela fez eu escrever um post-it dizendo "eu te amo", não queria fazer isso é careta, mas ela falou que desse jeito você não se casaria comigo então fiz. O que iria ser de mim sem você Gwen? - Conta.

- Mentira? Awn, a sua mãe é muito fofa.
- Sorrio levando um pedaço de panquencas à boca. - Me casaria com você de todos os jeitos. - Admito.

- Bom saber que não "discuti" com a minha mãe atoa. Você não é uma mulher que me largaria por causa de um "eu te amo" a menos. - Faz aspas com os dedos enquanto revirava os olhos.

- Vocês brigaram por que ela pediu 'pra você escrever isso? - Dou risada.

- Eu traria post-it 'pra gente brincar de quem sou eu enquanto você toma café da manhã. - Dá de ombros.

- Pega seus post-it. Vamos brincar. - Peço.

Era manhã do dia de Natal, por que não me divertir?

- Okay, quero uma dica. 'Tá muito difícil.
- Peço pensativa.

- É algo que você gosta muito. - Diz animada.

- Pizza. - Falo imediatamente.

- Gwen, você já disse isso. Outra coisa, que espero que você goste muito mesmo. - Fala.

- Você? - Respondo meio confusa.

- 'Tá, meio caminho andando, agora o que você gosta em mim. - Dá outra dica.

- Seus olhos.

- Não. - Nega e revira os mesmos.

- Boca. - A vejo negar. - Cabelo? - Errei. - Bunda? - Okay parecia estar perto. - Peitos? - Chuto meio perdida.

- Finalmente! Puta que pariu aja paciência. - Comemora.

- Tanta coisa 'pra você botar. Podia ser o seu amor, botou peitos? - Reviro os olhos rindo e puxo o papel da minha testa.

Realmente tinha "peitos" escrito, com um coração do lado ainda. Satisfeitos?

- Ah mas isso eu sei, tenho que aproveitar o que tenho de melhor. - Pisca um dos olhos colocando as mãos sobre os próprios peitos me fazendo cair na risada.

- 'Tá vamos nos arrumar, logo seu irmão vai chegar. - Falo levantando.

Finneas falou que iria apresentar alguém hoje. Fico muito feliz e animada que tenha achado alguém. Ele é incrível e merece alguém que realmente goste dele.

[...]

Estávamos na sala quando a campanhia tocou. Sem demora Jake, ops ainda me confundo, Finneas apareceu com uma garota ao seu encalçe, espera, eu conhecia ela. Claudia.

Estava visivelmente tensa, parecia saber de toda a história, ou pelo menos, parte dela.

- Mas não consigo me livrar de você nem nas férias. - Digo brincalhona e levanto andando em direção a ela a abraçando.

Quebro todo aquele clima tenso. Não tinha porque arrumar encrenca, é incrível estar junto com quem se gosta, eles combinam. São perfeitos juntos.

- Gente tenho uma coisa 'pra contar. - Fala o ruivo animado.

- Conta logo. - Indaga Billie.

- Alguns de vocês sabem que tem algum tempo que coloco minhas músicas do soudclound. Enfim, uma gravadora ouviu e quer fechar contrato comigo. - Revela deixando todo mundo surpreso. - Parece loucura, mas tenho até o próximo mês 'pra dar a resposta. - Diz animado.

- Não sei, filho. - Maggia lamenta sentando ao lado dele o abraçando pelos ombros.

Era complicado. Mas ainda assim era a única oportunidade de Finneas acabar com tudo aquilo de merda de coisa de família, poderia cantar suas músicas ter dinheiro e viajar o mundo. Isso seria incrível.

- Acho que deveria aceitar. - Me pronuncio fazendo todos me olharem. - É uma forma de ganhar dinheiro também, justo, fazendo o que gosta. Pode cuidar dos seus pais. Você sabe, coisa de filhos, merece isso. - Falo com cuidado para que Claudia não descobrisse. - Levar Claudia 'pra conhecer outros países e outras culturas. - Sorrio.

Spoiler: Quando o próximo mês chegou Finneas deu a resposra, ele aceitou. Mais uma vez Gwendoline salva a família O'Connell.




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