2.5

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Assim que o sinal soa guardo meu material na velha e conhecida mochila em seguida jogando a mesma sobre o meu ombro.

— Tudo bem? Demorou no banheiro. — Pergunto a Billie assim que me aproximo de sua carteira observando os alunos saírem da sala de aula.

— Tudo bem, perfeito. — Sorri mostrando os dentes brancos e alinhados me fazendo franzir o cenho por um mísero instante. — Vamos? — Indaga.

— Vamos. — Afirmo a seguindo para fora de sala.

Chegamos rapidamente de volta ao Hotel. Comemos no silêncio que foi quebrado poucas vezes para palavras diretas.

Billie estava séria demais ao mesmo tempo que quieta mas inquieta. Preocupada e as vezes parecia surtar internamente ficando nervosa.

Tinha certeza que algo estava errado e que dentro dela estava um caos. Não sabia o que e muito menos o por quê. Podia ser a volta das aulas, algum problema familiar ou ter percebido que depois de tudo não somos certas uma para a outra. Poderiam ser tantas coisas que me deixam amedontrada a perguntar ou questionar seu comportamento.

Queria a resposta mas ainda assim não queria. Imaginar é diferente de saber. Não queria mais imaginar, entretanto, saber também não era algo que me faria feliz, isso é claro, tendo em reflexo a minha imaginação que cria coisas diante da esfera e problemas que vivo com Billie.

[...]

A ajudei a retocar os cabelos novamente azulados. Vinde minutos de espera, em um eterno e desconfortavel silêncio.

Fiquei deitada na cama deixando minha mente vagar enquanto escutava a água do chuveiro se chocar contra o chão no banheiro.

Penteei seus cabelos e os sequei. Gostava de cuidar dela, nunca errei em pensar que por trás de todas aquelas roupas grandes, correntes, anéis e expressão fechada se escondia a menina mais doce, engraçada e carinhosa que já conheci, okay, era meio maluquinha as vezes, talvez isso me fez a desejar. Desejo, nem sempre uma palavra suja, aqui só queria a desejar para que fique ao meu lado para sempre ou seja, o tempo que durar. Esse tempo pode ser seis meses, dois anos, três ou sete. Podendo ser muitos e talvez todos, mas... Não sabemos.

[...]

Estavámos deitadas após o jantar vendo um seriado qualquer.

— Gwen... — Meu nome é chamado em um tom de voz trêmulo a olho imediatamente. — Precisamos conversar. — Diz.

Meu coração batia oito vezes por segundo.

— Você não sabe toda a história. — Revela me fazendo franzir as sobrancelhas confusa. — Antes, antes de chegar e tudo mudar. Brandon e eu realmente éramos amigos, bom eu pensava que sim, em um dos meus momentos vulneráveis contei 'pra ele, sobre tudo. Minha família, os negócios, a farça. — Suspira nervosa. — Depois disso, em uma das nossas discussões ele usou isso contra mim, me chantageando a fazer tudo o que queria 'pra não contar 'pra polícia. E eu fiz, afinal, não tinha nada a perder e ainda ganharia uma foda. — Sabia que segurava o choro pois seu lábio inferior tremia incessantemente, porém, se limitou a deixar uma única lágrima escorrer. — E então, você chegou e mudou tudo. Me mudou, inteira. — Sorri ficando calada. 

— Billie... — Indago.

— Não terminei. — Continua respirando fundo antes de falar. — Me salvou e fez o que a muito tempo, lá no fundo, eu queria fazer. O encheu de socos e chutes, você foi corajosa e fez o que eu tinha medo. Porém, mudou todo o rumo da minha história. — Diz me deixando ainda mais tensa. — Danielle não é flor que se cheire, é metida com uma das piores ganges do estado, me prometeu manter Brandon longe se a namorasse, e foi isso que fiz. Não por mim, nem pela gente mas pela minha família. Foi aí que descobri que te amava e que também faria o possível 'pra te proteger e 'pra que isso aconteça tenho que estar aqui, por perto. — Fecha os olhos com força logo os abrindo. — Descobri que ela me ama, do mesmo que jeito que você me ama, não é correpondinda. O que importa é que isso a torna vulnerável, hoje no banheiro ela me ameaçou, disse que faria Brandon dar uma denúncia anônima e entregar tudo se não ficasse com ela. Mas fiz um trato, ela vai dar um jeito nele e assim que o fizer irei passar uma noite com ela. — Revela.

— O que? — Questiono confusa.

— Irei transar com ela assim que ela resolver o meu problema. — Confirma minha dedução.

— Billie o que? Isso é loucura. Vai transar com ela? Por que? Você não pode, não pode fazer isso comigo. — Digo brava levantando.

— É isso que ela sentiu quando a abandonei 'pra vir ficar com você. Mandei 'pro inferno o nosso antigo combinado 'pra estar aqui com você e farei o possível 'pra sempre estar. Mas você tem que me ajudar Gwen. É uma única noite em troca de algo permanente. — Assegura.

— Duas horas, uma noite, um dia nada muda. Vai estar entregando o seu corpo 'pra ela, vai se vender. E além do mais quem garante que a PORRA desse plano vai dar certo?! — Salto.

— Os caras que ela trabalha são realmente assutadores, eles mandam no meu irmão. Sei que com quem estou lidando. — Diz. — Se não me quiser ou se quiser sentir um ódio eterno por mim você pode e tem o direito de sentir. Mas não posso voltar atrás é a minha família correndo risco, agora, correndo risco nesse exato momento e não posso fazer mais nada do que sentar e esperar o dia chegar 'pra me deitar com ela. Não iria mentir 'pra você, não seria justo, mas não vou quebrar isso, estou te contando que irei transar com ela. — Fala por fim.

Não digo nada e antes de me trancar no banheiro fecho os olhos rapidamente deixando as lágrimas que embaçavam a minha visão livre para escorrerem pelo meu rosto.

Já lá dentro me sento no chão encostada na porta, fechada, deixo mais e mais lágrimas depois daquelas ganharem liberdade enquanto soluçava e fungava.

No fundo entendia todos os seus motivos. E me colocando em seu lugar faria o mesmo, nunca tive uma família e daria tudo para ter, os protegendo acima de tudo e todos acabando por a dar razão. Quando você amadurece, aprende a ouvir e a magia da empatia.

Só não entedia o porquê de ser assim, dela ter que se deitar com outra. Me machucava, ela era minha, não no sentido possessivo da palavra, era a minha garota com outra.

Apesar de saber das circunstâncias estaria sentada sabendo que Billie estaria sem roupas se embedando em um corpo diferente do meu.

Talvez voltasse para mim ou talvez iria ficar embriagada e se render ao vício.

Seria o meu último e mais importante voto de confiança. Amor concede confiança e hoje iria a usufruir.

Após quase uma hora levanto do chão fungando, lavo meu rosto me recuperando do choro, destranco a porta abrindo a mesma devagar.

Billie ainda estava lá, sentada na cama com o rosto vermelho mas não chorava mais, apenas olhava para o nada.

Andei em passos rápidos em sua direção a abraçando.

— Eu te amo. Por favor, nunca me deixe. — Peço enfiando meu rosto em seu pescoço sentindo o seu perfume.

— Você é tudo entendeu? Isso nunca vai acontecer. — Puxa meu rosto para olhá-la e logo volta a me abraçar.

{···}

Hey,

Capítulo cheio de incertezas.

Cuidem-se.

College • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora