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Queria descobrir se tinha algum mercado aberto aquela hora da manhã, então fui a caçada. Demorou um pouco mas achei, me sentia mal de ter aceitado aquele dinheiro mas precisava muito comer. Rapidamente pego minhas comidas favoritas.

Pela primeira vez em muito tempo faço o caminho para a casa sorrindo. Estava cheia de sacolas pesadas, mas quem liga?

O sol estava nascendo acompanhado do vento frio, o céu em um alaranjado tão bonito. Desejava poder viver para sempre desde que pudesse presenciar essa cena.

[...]

Entro em casa devagar. Rezando, pedindo, orando seja lá o que for para que minha mãe não esteja em casa.

E ela não estava. Meu coração voltou a bater normalmente, ando para o meu quarto e me tranco lá dentro.

Escondo tudo o que tinha comprado, não quero que a mesma ache e venda para conseguir mais drogas. E falando nelas, retiro do meu bolso e divido em porções ainda menores. Não tenho mais dólares para comprar mais.

Ia ter remuneração de cocaína, sim!

Escondo as mesmas em um buraco que tinha feito na parede de gesso do quarto, ficava atrás da minha cômoda.

Respiro fundo após deixar tudo em seus lugares, o que quero dizer com isso? Que caso a polícia invadisse a casa enquanto estivesse fora, o meu quarto pelo menos estaria organizado e parecendo com o de uma adolescente normal.

Entro no banheiro disponível em meu quarto, e tomo um banho em seguida me arrumando para a escola.

Nunca imaginei que seria tão grata por um banheiro mas sou, nas míseras cinco horas que passo em casa posso ficar trancada nesse quarto.

Pego minha mochila e saio do cômodo trancando o mesmo. Vivia em uma prisão e nem tinha me dado conta disso.

[...]

Adentro a escola correndo, tinha chego atrasada, abro meu armário rapidamente e pego os livros que precisaria.

Dou passos largos até a sala. Filosofia. Bato na porta logo a abrindo.

— Com licença, me desculpa pelo atraso. Posso entrar? — Questiono ao professor que escrevia no quadro de vidro com suas canetas coloridas.

— Senhorita Gwendoline? — Franze as sobrancelhas me olhando por instantes. — Pode entrar. — Autoriza.

— Obrigada. — Agradeço baixo e entro fechando a porta.

Como trocávamos de salas a todo instante não tínhamos lugares determinados. O único que sobrou para mim hoje foi ao lado de Eilish.

Ela estava lá, me olhando do mesmo jeito. Estava arrependida da noite, mas eu não. Me sentia quente só de lembrar a sensação de ter ela sobre meus dedos.

Sento na cadeira da fileira ao seu lado e pego meu caderno começando a anotar. O seu perfume estava forte pois conseguia senti-lo.

O professor explicava algo sobre algum filósofo específico mas não conseguia me concentrar.

Meus pensamentos me levavam para a noite, em cima do carro, seus beijos, os dedos em meus cabelos e os gemidos roucos que ocoavam na minha cabeça o tempo inteiro.

Levo a caneta para minha boca e mordo a ponta da mesma imaginando que meus dentes pudessem estar sobre a pele de seu pescoço outra vez.

Vejo os olhos friccionando minhas coxas que tinham um melhor contato por estar de saia colegial naquele dia.

Uma das minhas mãos estava sobre meu joelho e o maltratava com as unhas curtas enquanto fazia movimentos discretos por debaixo da classe.

Lembrava da sua boca atraente em meu pescoço.

College • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora