18° Capítulo P. 2 - Emboscada

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Conversar com Augusto era importante. Eu amava ver primos como melhores amigos, até porque eles eram os primeiros amigos na vida.

- Ele sempre foi um pai ausente, só marcava presença em épocas como ação de graças ou natal, até pedia para a Margareth trazer-me para o Brasil para curtir as festas juninas, mas só foi uma vez. Essa uma vez, resolvi fugir para encontrar minha mãe e ficar com ela de uma vez. Por Deus, eu queria tanto! – ele bradou deixando a voz embargar e lágrimas rolarem. – Mas não demorou muito para eu ser encontrado, e ai foi adeus, Brasil. Quando eu ganhei minha maioridade, fui atrás do que eu já vinha pesquisando. O sadomasoquismo, mais precisamente eu me tornei um sadista, acho que na época que fui conhecer eu queria extravasar as emoções. Primeiro eu fui dominado por uma dominatrix. Ela foi bem educada, só que eu não respondi aos almejos dela, foi engraçado. – ele sorriu, ainda tremendo os lábios, o peso diminuindo. – Ela virou-me para cima, olhou nos meus olhos, as algemas me apertando, o que me incomodou, e falou "garoto, você é sadista, seu filho da puta". Fiquei assustado.

- E fim de história? – sugeri.

- Nem tanto. Ela falou "me espere aqui". Em segundos ela voltou com uma loirinha que, meu Deus, nem precisava de chicotes, correias e afins. Ai ela disse "experimente essa, não fará mal algum, ela gosta. Só não vá machuca-la... tanto". Ela alertou, é claro. Comecei normalmente, a beijei, ela já estava nua se quer saber. Coloquei-a na cama, algemei suas mãos contra a cabeceira. Pensei que não seria capaz, mas eu a queria tanto, e algo em mim disse que sua súplica dolorida era mais interessante. Quando comecei a chicoteá-la, fiquei animado, mas assustado, sua pele era tão clarinha, a vermelhidão brotou logo. E a moça falou "você vai parar por aqui?". E então continuei...

- Uau, mas pode poupar os detalhes sórdidos. – suspirei, o interrompendo. – É, está no seu sangue, sabe. Essa coisa que você pratica.

- Só para constar, você não leva o menor jeito para a prática, seja masoquista ou sadista, sinta-se desprivilegiada. – ele brincou. E eu fiquei muito privilegiada, queria esses apetrechos longe de mim. – Seu estado ao sair da casa foi assustador, é porque você não se viu.

- Ainda bem.

Vi uma esquina muito familiar emergir aos meus olhos, o que me pôs em alerta. Acho que não, é impossível.

- Chegamos. – anunciou.

O restaurante, aquele restaurante, saudou-me com grandeza como se eu o desprezasse, ele sentia a minha agonia súbita. Pensei que seria em um local público para a minha segurança, mas acredito que o pai de Augusto estava a um passo a nossa frente, o que era de se esperar.

Eu cheguei a contar para a polícia sobre esse lugar, mas eles disseram que José não se arriscaria tanto, sabendo quem estava o procurando, mas eles estavam muito errados.

- Onde estamos? – perguntei, a voz vacilante.

- No restaurante, ora. – senti uma certa rispidez. Também, que pergunta não é, Victória?!

- Não, não podemos ficar aqui, é muito...

"Victória, mantenha a calma. Não ponha tudo a perder." Alguém gritou em meu ouvido. Havia até me esquecido, tinha um ponto em mim, uma câmera no meu seio esquerdo, e um rastreador, ainda desativado, na pequena bolsa. "Não se preocupe, a história de seu primo será preservada. Temos um código de conduta, só usamos o necessário. Agora, quando vocês saírem do carro, espere ele abrir a porta para você. Será suficiente para abrir a bolsa, retirar o rastreador, liga-lo, e devolvê-lo. Não leve a bolsa, deixe-a dentro do carro. Acredito que seu apavoramento seja porque o restaurante é o mesmo onde Jonas foi sequestrado, infelizmente não esperávamos que José se arriscaria tanto. Só relaxe e prossiga. Os atiradores de elite chegarão primeiro".

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