19° Capítulo - Uma Mocinha Moderna em Apuros

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Não conseguia ver mais nada, só borrões de pessoas entrando e saindo de algum lugar que eu estava. Jim me chamava muito distante para poder respondê-lo, mas para a minha felicidade ele agarrou meu braço e me guiou para fora. Fui aos tropeços, muito atordoada para manter meu equilíbrio normalizado.

Augusto tentou me contar alguma coisa, queria esclarecer o bastante para eu poder perdoá-lo, mas seria impossível, eu estava confusa, não estava em condições de fazer tal capricho. Joguei o rosto de lado, ele parou de tentar, meus ouvidos não conseguiam ouvi-lo muito bem, o que eu agradeci no momento, havia tantas perguntas que seriam respondidas da pior maneira possível que eu não estava preparada.

- Por aqui, Victória. – disse Jim em algum momento que eu não me recordava muito bem.

Só sei que entrei dentro de um veículo e deixei me levarem para um lugar que eu não sabia onde ficava, muito menos daria o trabalho de perguntar.

Augusto era do F.B.I., acho que ficou claro, ou pelo menos estava ficando a meu ver. Então ele não era exatamente um sadista a todo o momento, ele também agia contra o crime, prendendo criminosos, fazendo o que heróis faziam. Só não entendi porque eles não me disseram que conheciam Augusto nem porque ele era um agente disfarçado. Ele não era novo demais para tal profissão? Talvez não, não importa. Poderia ter dado o rastreador para Augusto, mas fizeram da pior maneira possível, arriscando a minha vida.

Sabe quando seus olhos são vendados e você fica na penumbra sem saber o que está acontecendo? Aquele desespero que bate por algum arrependimento? Eu sentia tudo ao mesmo tempo numa proporção gigantesca, o que não favoreceu minha recuperação para voltar ao mundo real e saber o que estava acontecendo.

Eu deveria agradecer por ele ter salvado a minha vida? Certamente, não. E eu estava sendo egoísta, mas saber que minha vida foi colocada em risco não me deixava confortável para tal processo, quem sabe em outra encarnação eu o agradeça pelo heroísmo. Calma, Baby? Quem ele pensava que era? Poderia jurar que José o derrubaria e colocaria uma bala em sua cabeça, mas não aconteceu.

- Venha. – uma voz reverberou pelo lado de fora, ou de dentro, chamando-me. Olhei estonteada, eu estava dentro de um carro. Tentei ver de onde a voz vinha, era Jim. Ele estava com a mão estendida, a porta estava aberta, a chuva já caía sobre nós. Dei a mão e ele me puxou.

Sei que fui levada para dentro de algum lugar, Deus sabe onde.

- Fique aqui. – ele me pôs sentada numa espécie de recepção, só que bem íntima, apertada, e coberta por corredores. Havia plantas lindas em caqueiros, mesas com computadores e pessoas conversando ao telefone, ou digitando no teclado, e alguns parados olhando notas, papeladas, era uma delegacia.

- Ah, sim. Tenha certeza de que ficarei aqui. – amenizei.

Ele trotou para um dos corredores.

A porta foi aberta por alguém que entrou repentinamente. Senti um cheiro muito embargador, viciante, excitante também. Era Augusto. As mangas da camisa estavam suspensas até a divisão do antebraço, e muito encharcada, os cabelos negros estavam molhados e bagunçados. Gotas de água pingavam da ponta de seu nariz. Vacilei pelo corpo e vi o abdômen revelado pela visibilidade da camisa molhada. Em sua mão ele carregava uma chave, provavelmente a do carro.

Eu ainda vestia a jaqueta dele, que por sinal me protegeu da chuva iminente. Cruzei as pernas e virei o corpo para o lado, retirando a jaqueta. A estendi para ele.

- Aqui, é sua. – falei.

Ele a pegou sem hesitar.

- Muito obrigado. – disse.

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