capítulo 5

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A Rua Rivington era o lugar mais estranho que já tinha visto.

Com suas escuras esquinas, as belas mulheres escravas da moda que caminhavam pelas calçadas com seus cigarros e as estranhas fachadas que te faziam se perguntar se eram bares ou lojas. Tudo isso fez que Camila desejasse ter ficado na cama quando Derek, desta vez, acompanhado por Carly, voltou a bater na sua porta insistindo que saísse com eles.

Não querendo ficar em casa e continuar obcecada com a cena que tinha presenciado na biblioteca, finalmente concordou.

Rodaram pela Rua Norfolk e caminharam até o final dela, onde ficava o seu destino, um bar chamado Nurse Bettie.

— Totó, parece-me que já não estamos em Kansas. — Brincou Camila, usando a famosa frase do Mago de Oz. Carly revirou os olhos.

— Você... Relaxe. — disse

O bar era um local pequeno, com pouca luz, teto de painéis metálicos e paredes de tijolo cheias de fotografias “vintage” em molduras douradas e prateadas. O balcão era de madeira escura, e atrás havia umas estantes com garrafas de bebidas coloridas. O som da música pop francesa enchia a sala.

Em frente ao balcão havia uma mesa alta e longa com bancos de assento vermelho. Camila e Carly se sentaram nos dois últimos livres e Derek se aproximou do balcão para pedir as bebidas.

Carly ficou a navegar com seu IPhone. Sempre parecia que estivesse aborrecida e Camila se perguntou se isso seria próprio dela ou algum traço comum das pessoas que tinham crescido em Manhattan. Ela, por sua parte, não podia imaginar-se indiferente ao que a cercava em Nova Iorque. Cada esquina, cada vendedor de comida, cada multidão barulhenta a deixava maravilhada.

— Qual é seu nome de usuário no Twitter? — perguntou Carly.

— Ah... Camila? — respondeu Camila.

Sua companheira escreveu algo no telefone.

— A Camila? — perguntou.

— A Camila o que?

Carly baixou o telefone e a olhou fazendo um evidente esforço para não perder a paciência.

— Você está no Twitter? — quis saber.

— Acredito que não. — respondeu Camila.

Derek se aproximou e deu um drinque a cada uma.

— Dois Moscow Mules. — anunciou. Carly bebeu.

— Hum. Bom. O que leva?

— Vodca Ketel, suco de limão e cerveja de gengibre — explicou Derek.

Camila o provou, mas não gostou e deixou o coquetel numa pequena saliencia que tinha atrás.

— A que hora começa o show? — perguntou Carly.

Camila não pôde ouvir a resposta de Derek, porque a sussurrou diretamente na boca de Carly antes que começassem a dar o bote.

Ela desviou o olhar e tentou imaginar aonde poderia haver um espetáculo numa sala tão pequena.

— Sobre o que é o show? — perguntou.

Não houve resposta. Esperava que fosse música ao vivo, possivelmente um cantor de blues. Isso encaixaria com o ambiente do bar.

Quando finalmente seus dois acompanhantes recordaram que ela estava ali, fizeram um esforço por lhe dar conversa.

— Então, o que faz uma bibliotecária durante todo o dia?— perguntou Derek, amável.

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