capítulo 43

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Camila tinha passado na frente do Front Page Books, na esquina da Rua Quarta Oeste uma infinidade de vezes e sabia que era uma das poucas livrarias independentes que ficavam em Manhattan. Nessa manhã, no seu caminho de volta a seu apartamento, depois de passar quatro noites seguidas no de Lawrence, viu na vitrine um anúncio dos candidatos para o prêmio de ficção dos Young Lions, que incluía um dos títulos que ela tinha recomendado como finalista. Sentiu que se tratava de um sinal e abriu a porta de vidro fazendo soar uma campainha. Um grande gato malhado laranja veio correndo e rodeou os pés. Camila se inclinou e acariciou a cabeça suavemente. O gato se esfregou contra suas pernas com a cauda erguida.

— Merlín, vem aqui — uma mulher o chamou atrás do balcão. Usava uma camiseta e jeans e várias joias turquesa. Parecia jovem, não mais de trinta anos, embora tinha o cabelo quase cinza. — Sinto muito— disse para Camila. — Não sei o que lhe deu ultimamente. Depois de dez anos, de repente, saúda todos os clientes e nem todos desejam acrescentar esse complemento em particular a sua experiência de compras.

Ela veio e pegou o animal no colo, que ronronava com força.

— Posso te ajudar em alguma coisa? — perguntou, quase como se acabasse ocorre-lo.

Camila não sabia por que tinha entrado na loja, mas assim que a mulher perguntou se podia ajuda-la, a resposta foi óbvia.

— Perguntava-me se teria alguma vaga disponível.

— Possivelmente — respondeu a outra.— Tem experiência?

— Sou bibliotecária — afirmou Camila e gostou de dizê-lo.

— Oh, nossas pobres e atribuladas bibliotecas! — lamentou a mulher. — O que vamos fazer com todos esses cortes no financiamento? Sem bibliotecas não há livrarias. A história verá isto como a decadência de nossa civilização. Dizem que se julga a uma cultura por sua arte, não por sua política. Ou algo assim.

— Vi o anúncio dos candidatos ao prêmio de ficção dos Young Lions na vitrine.

Não mencionou que tinha formado parte do comitê de seleção.

— Como se chama? — perguntou a mulher.

— Camila Cabello.— respondeu.

— Deixe-me o seu número de telefone, Camila.— pediu-lhe.— Ligarei depois que eu tiver falado com meu sócio. Ou melhor ainda...

Deixou o Merlín no chão e retornou ao balcão. Indicou a Camila que a seguisse. Investigou numa gaveta e deu-lhe um cartão.

— Sou Marta— disse. — Me envie por email o seu currículo.

— Genial — exclamou ela, tentando conter a excitação. —Farei isto. Obrigada!

Já na rua, voltou rapidamente para o seu apartamento. Só que tinha passado um tempo em casa durante as últimas duas semanas, mas tinha decidido que esse dia seria um dia de procurar emprego a sério e sentiu que Front Page Books era um começo prometedor. Enviaria seu currículo para Marta e se parecia um pouco ansiosa ao enviá-lo cinco minutos depois de seu encontro, que o parecesse. Sentia falta dos livros e desejava encontrar seu lugar entre eles. Como tinha tentado explicar ao Lawrence, isso não era só o que precisava, era o que desejava profundamente.

Subiu a escada esperando que Carly estivesse em casa. Não tinha falado com ela há dias.

— Oi, desaparecida — saudou a garota quando ela entrou no apartamento.

Sentiu uma pontada de culpa, porque Carly tinha mandado uma mensagem na noite anterior dizendo que a ligasse o mais rápido possível e Camila, que estava no cinema com Lawrence quando o recebeu, esqueceu de lhe responder mais tarde.

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